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Tragédia em Santa Maria

RS: familiares de vítimas se emocionam com divulgação de vídeos

Alguns parentes e amigos usavam camisetas com fotos dos que se foram.

22 mar 2013 - 23h34
(atualizado às 23h34)
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Policiais civis concederam entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira em Santa Maria (RS) sobre o indiciamento criminal de 16 pessoas pela tragédia na boate Kiss
Policiais civis concederam entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira em Santa Maria (RS) sobre o indiciamento criminal de 16 pessoas pela tragédia na boate Kiss
Foto: Rafael Happke / Futura Press

Familiares de algumas das 241 vítimas da tragédia da Boate Kiss acompanharam nesta sexta-feira a divulgação dos resultados das investigações no auditório Flávio Miguel Schneider, no Centro de Ciências Rurais, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Alguns usavam camisetas com fotos dos que se foram. Quando o delegado regional de Polícia Civil, Marcelo Arigony, exibiu dois vídeos, que estavam em aparelhos de celulares de vítimas, os familiares ficaram comovidos.

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Adherbal Ferreira, presidente da Associação de Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria, contou que os vídeos foram um choque. "Foi triste demais assistir aos momentos que nossos filhos passaram", conta. Ele ainda elogiou o trabalho da Polícia Civil. "A polícia trabalhou demais para fazer um bom trabalho. Depois de analisar com calma, vamos nos manisfestar, ainda estamos emocionados. Que o caminho da justiça não seja longo, que as coisas se resolvam o mais rápido possível para amenizar a nossa dor", concluiu Ferreira, emocionado.

Nei Lopes, que perdeu a filha Pâmella, contou que até hoje ainda não teve coragem de passar em frente à Kiss. "Esperamos por justiça, mas só o tempo vai nos ajudar agora", conta Lopes.

O vice-presidente da associação, Leo Becker, disse que o resultado do inquérito foi como ele imaginou. "A Polícia fez um trabalho sério e competente, agiu com imparcialidade, é isso que esperávamos. Vamos acompanhar as denúncias e o andamento de todo o processo". Sobre a exibição do vídeo, Leo destacou que "foi o pior momento do meu dia, me senti impotente, sabendo que minha filha passou por aquilo. Já tinha ouvido relatos de sobreviventes, mas assistir ao vídeo foi ainda pior", contou Becker.

Dirceu Marostega, pai de uma vítima, Vagner Rolim Marostega, que cursava o primeiro semestre de Agronomia, também falou do trabalho da polícia. "Nessa hora a gente sua frio, mas confiamos no trabalho da polícia. Agora, resta esperar que a justiça seja feita e que os responsáveis peguem pelos erros que cometeram, até porque essa tragédia abalou o mundo inteiro, não vai ficar barato", afirmou Dirceu.

Alguns amigos de vítimas seguravam cartazes em frente ao auditório onde ocorreu a coletiva, mas a Polícia Civil pediu que, na hora de entrar, eles guardassem os materiais. Alencar Zanon, doutorando em Agronomia, conta que perdeu amigos e colegas na tragédia. "Eu acredito que os donos da Kiss e os músicos não sejam os únicos responsáveis. Quem deu as licenças para funcionar, no poder público, também é", manifestou-se Alencar. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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