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Tragédia em Santa Maria

RS: chefe dos Bombeiros cita 'mentiras' de delegado e se compara a Cristo

26 mar 2013 - 06h46
(atualizado às 06h46)
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A Comissão Especial da Câmara de Vereadores de Santa Maria (RS) para aperfeiçoamento da legislação no que se refere à tragédia da boate Kiss teve uma presença especial nessa segunda-feira. Entre especialistas convidados para uma audiência, estava o comandante regional dos Bombeiros, tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs, apontado pela Polícia Civil com indícios de que tenha praticado homicídio culposo (sem intenção) e improbidade administrativa no inquérito que investigava o incêndio na casa noturna. A Justiça Militar vai decidir o destino dele.

Na audiência, Fuchs pediu ao presidente da comissão, vereador Sergio Cechin (PP), que lesse um texto escrito por ele, com o título “As mentiras do delegado Arigoni”, fazendo críticas ao titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Santa Maria, Marcelo Mendes Arigony.  Em determinado trecho, o texto diz: “em seu relatório final, o nosso herói cita que o comandante priorizou mordomias em detrimento do atendimento, culminando com a morte de cinco jovens, pois tivesse este comandante ‘alegado’ que possui 21 aparelhos autônomos de respiração, poderia ter salvo os cinco jovens a quem ele quer imputar culpa aos bombeiros. Ou o delegado não sabe contar ou não sabe ler, pois o mesmo assina um relatório onde indica 21 aparelhos autônomos de respiração, sendo que militar não alega, ele declara à luz do que sabe, e tivesse esse justiceiro solicitado a carga de equipamentos de bombeiros, teria comprovado, por documentos, se eles existem ou não”.

O comandante dos bombeiros ainda faz desafios ao delegado Arigony na carta: “desafio este herói nacional a vestir o equipamento de bombeiros e depois disso tentar incentivar, demover ou motivar qualquer pessoa a um metro de distância, a tomar qualquer atitude, principalmente de evitar qualquer pessoa de tentar achar de fazer o que é certo, isto em qualquer lugar que ele indicar, e não nas condições que se apresentavam no momento”, fazendo referência aos civis que entraram na Kiss para salvar pessoas e acabaram morrendo.

Imagens mostram início do incêndio na Boate Kiss:

Fuchs aguarda a publicação no Diário Oficial do Estado de seu afastamento do cargo atual, anunciado pelo governador Tarso Genro em uma entrevista na última sexta-feira. “Vou para onde o governador, que é meu chefe, determinar”, disse o comandante dos bombeiros, logo depois do término da audiência desta terça-feira.

O bombeiro declara ainda no texto que as “comprovações” de que a investigação policial foi equivocada serão apresentadas nesta terça-feira, na Câmara de Vereadores de Santa Maria. Às 15h, ele usará o espaço da Tribuna Livre  – concedido a entidades e instituições da cidade por até 15 minutos –, que ocorre antes da sessão plenária. Na carta, ele diz que “é apenas o começo de uma retratação de uma injustiça somente comparada à crucificação de Cristo há mais de dois mil anos.”

O delegado Marcelo Arigony preferiu não comentar o texto de Fuchs.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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