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Tragédia em Santa Maria

Protesto pede a saída do prefeito de Santa Maria após inquérito da Kiss

Cezar Schirmer foi responsabilizado em inquérito que investigou as causas do incêndio que matou 241 pessoas em janeiro

25 mar 2013 - 19h50
(atualizado às 20h20)
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<p>Manifesta&ccedil;&atilde;o foi motivada pela inclus&atilde;o de Schirmer entre as autoridades responsabilizadas pela trag&eacute;dia que matou 241 pessoas</p>
Manifestação foi motivada pela inclusão de Schirmer entre as autoridades responsabilizadas pela tragédia que matou 241 pessoas
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Após o inquérito do incêndio na Boate Kiss apontar a responsabilidade do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) na tragédia que matou 241 pessoas em janeiro, cerca de 200 manifestantes fizeram um protesto pedindo a saída do peemedebista na tarde desta segunda-feira, na praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. Antes das 17h, quando o público ainda estava em menor número, um homem cortou o cabo de energia que alimentava as caixas de som da manifestação. Ele fugiu sem ser identificado.

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Depois de um remendo feito no cabo, o protesto seguiu, com discursos inflamados que pediam o impeachment de Schirmer. Como o microfone era aberto para quem quisesse se manifestar, houve pessoas que fugiram um pouco do tema central do protesto, como um homem que lembrou que o prefeito "não deu aumento para os professores".

O protesto era apartidário, mas a manifestação não fazia restrições. Por isso, Tiago Vasconcelos Aires, que foi candidato a prefeito pelo Psol na última eleição, também se manifestou, fazendo um alerta à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que foi formada na Câmara de Vereadores só com membros da base aliada da administração Schirmer. "Essa CPI caminha para uma pizza. Cabe a nós garantir que isso não ocorra", disse Aires, conclamando as pessoas para fazer uma pressão popular.

Na mesma linha, Carine Corrêa, mãe de Tanise, 23 anos, que morreu na tragédia da Boate Kiss, também pediu que as pessoas façam pressão para que a CPI faça algo concreto. No microfone, ela convocou todos a estarem presentes na próxima reunião da comissão, na próxima quinta-feira.

Imagens mostram início do incêndio na Boate Kiss:

Os manifestantes carregavam faixas, cartazes e apitos. Muitos também estavam com os rostos pintados, como Priscila Peixoto, diretora de projetos da organização não governamental (ONG) Para Sempre Cinderela, criada por familiares de vítimas para dar sequência a um trabalho que as jovens que morreram na tragédia faziam: ajudar a escola e creche Criança Feliz. "Queremos demonstrar que a prefeitura e o prefeito são responsáveis pelo que aconteceu, por omissão", comentou Priscila.

A manifestação, que durou cerca de duas horas, terminou com um protesto, aos gritos de "Fora Schirmer", em frente ao prédio da Sociedade União dos Caixeiros Viajantes (SUCV), sede do gabinete do prefeito. Dois caminhões da prefeitura foram estrategicamente colocados em frente à SUCV, atrapalhando a manifestação. Outro grupo fez uma caminhada até a frente da Boate Kiss, na rua dos Andradas, onde os manifestantes gritaram por justiça.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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