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Tragédia em Santa Maria

Pais de vítimas da Boate Kiss aprovam resultado de inquérito

24 mar 2013 - 19h28
(atualizado às 19h33)
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Os pais dos jovens mortos na tragédia de Santa Maria (RS) se reuniram neste domingo pela primeira vez desde que o incêndio na Boate Kiss ocorreu, na madrugada de 27 de janeiro. Um almoço da Associação dos Pais de Santa Maria - entidade criada por eles após a tragédia - reuniu 435 pessoas.

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Com a presença da maioria dos pais e em clima de muita emoção, os associados discutiram, entre outras coisas, o inquérito apresentado pela polícia na última semana. O relatório final do inquérito indiciou criminalmente 16 pessoas e apontou 28 no total como responsáveis pelas mortes dos 241 jovens que estavam na boate naquele dia.

"Eu diria que pelo menos 95% dos pais estão satisfeitos com o inquérito. Nós temos pessoas descontentes dentro do grupo, mas nós não sabemos ainda até que ponto vai esse descontentamento. São poucas pessoas. Mas como hoje o clima aqui foi de muita emoção, nós decidimos não aprofundar muito neste assunto porque os pais estavam muito abalados", disse o presidente da associação, Adherbal Alves Ferreira.

Segundo ele, a diretoria da associação se reunirá novamente com os delegados envolvidos na apuração amanhã pela manhã. Eles querem discutir novamente alguns pontos do relatório antes de conceder entrevista coletiva à imprensa em Santa Maria para anunciar o posicionamento oficial da entidade sobre o inquérito.

Também no início desta semana, a associação deverá se reunir com os promotores que cuidarão do caso na Justiça, para saber que providências devem ser tomadas a partir de agora.

Entre os indiciados estão os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, apontada como responsável pelo início do incêndio, os donos da boate e autoridades que seriam responsáveis pela fiscalização da casa noturna.

O prefeito Cezar Schirmer e o comandante do 4º Comando Regional de Bombeiros, sediado em Santa Maria, tenente-coronel Moisés Fuchs, foram incluídos por terem sido omissos nos seus papéis de fiscalizar a boate e impedir que ela funcionasse em situação de risco aos frequentadores. Os dois foram indiciados por homicídio culposo, mas a Justiça ainda precisa determinar se aceitará a denúncia que será feita pelo Ministério Público e iniciará o processo contra os apontados como responsáveis pela polícia, na conclusão do inquérito.

De acordo com o inquérito policial, o incêndio na Boate Kiss começou após uma fagulha de artefato pirotécnico tocar a espuma de isolamento acústico da casa noturna. Além disso, o artefato, que foi aceso por um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, era inadequado para ambientes internos e a espuma também não era de material apropriado para o isolamento da boate.

As pessoas demoraram a perceber o fogo e quando tentaram fugir encontraram diversos obstáculos no caminho até a única porta de saída da boate. A maioria morreu asfixiada e envenenada com a fumaça tóxica produzida pela espuma.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Veja o efeito que um sinalizador causa em uma espuma inflamável:

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Agência Brasil Agência Brasil
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