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Superbactéria circula em mais de um hospital de Porto Alegre

Vigilância Sanitária orienta que as pessoas adotem cuidados extras para evitar a contaminação

10 mai 2013 - 11h32
(atualizado às 11h46)
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A Vigilância Sanitária de Porto Alegre informou que uma das bactérias multirresistentes que provocaram a interdição de 15 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Conceição está presente em outros estabelecimentos da rede pública e também particular da cidade. Segundo o órgão, no último semestre, a Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) teria infectado mais de 200 pessoas em UTIs e emergências da capital gaúcha. Os nomes ainda não foram divulgados.

Porém, a nova bactéria New Delhi metallo-beta-lactamase (NDM-1), identificada no Hospital Conceição, não foi encontrada em outros hospitais. A Vigilância orienta que as pessoas adotem cuidados extras para evitar a contaminação, principalmente higienizar as mãos e seguir as recomendações de cada hospital.

A superbactéria NDM-1 teve seu primeiro registro no Brasil neste ano em Porto Alegre, mas os primeiro registros no planeta datam de 2009, na Índia. A disseminação mundial é atribuída ao turismo médico no sul asiático, onde europeus e americanos buscam tratamento médico ou cirurgias cosméticas mais baratas e voltam com a bactéria para seus países.

O NDM-1, na verdade, não é exatamente uma bactéria, mas um mecanismo de resistência que se apresenta em diferentes bactérias neutralizando a ação dos antibióticos. "São bactérias que sofreram modificações genéticas e adquiriram resistência à maioria dos antibióticos que são utilizados nos tratamento de infecções. Ela possui uma enzima que degrada o antibiótico, que deixa de ter efeito sobre ela, daí a gravidade, e com isso os médicos têm que usar antibióticos muito mais nocivos”, explicou a presidente da Associação Brasileira de Biosegurança, Leila Macedo.

A transmissão ocorre por meio de instrumentos médicos ou falta de higiene adequada. Leila não ainda descarta que haja casos não notificados por conta da falta de controle. “Pelo fato de a gente não ter uma vigilância, pode ser que tenham tido outros casos que não tenham sido notificados", salientou. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) notificou casos de NDM-1 na Guatemala, em 2011, e no Paraguai, Uruguai e Colômbia, em 2012.  Um estudo da publicação médica Lancet, divulgado há dois anos, alertava para a disseminação do NDM-1, principalmente na Índia.

Naquele país, as condições de higiene dos hospitais e a falta de adequação no descarte do lixo hospitalar têm contaminado o solo e a água em áreas de grande densidade populacional, sendo que a bactéria foi encontrada até nas fezes de aves próximas de hospitais. 

Como se não existissem antibióticos

Segundo estudos, é preocupante a resistência que essas bactérias têm a antibióticos carbapenêmicos (os mais poderosos existentes, utilizados para combate infecções hospitalares). Boletins da Organização Mundial da Saúde (OMS) seguem a mesma linha, dizendo que o mecanismo de defesa dessas bactérias pode fazer com que não exista tratamento eficiente, como se voltássemos ao cenário anterior ao descobrimento da penicilina, quando não havia antibiótico algum. 

No Brasil, soma-se a isso as deficiências do nosso sistema de atendimento e vigilância, sem contar com a proximidade de eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, quando milhares de turistas devem entrar no País. Leila compara a realidade brasileira com o trabalho que é feito na China, por exemplo, com a contenção da nova gripe aviária. “Os chineses têm feito todo um bloqueio, um procedimento para que não piore a situação. Aqui a gente tem muita dificuldade de fazer esse tipo de vigilância, investigação e bloqueio”, compara. 

Os dois primeiros casos de NDM-1 foram identificados em março, em Porto Alegre, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só foi emitir um comunicado para as comissões de controle de infecção hospital e para as coordenações estaduais de controle de infeção um mês depois. O governo federal, responsável pela administração do hospital onde foram identificados os casos de NDM-1, determinou que fossem adotadas ações de prevenção e controle no local, e pediu que fosse feito um levantamento da situação. O bloqueio dos leitos da UTI só foi ocorrer em maio, e agora devem passar por um processo de higienização.

“Existem procedimentos de biossegurança que devem ser adotados, mas existe uma um conjectura para isso também. Não vai ser atendendo 300 pacientes que ele (o profissional de saúde) vai melhorar essa situação”, afirma Leila. 

Fonte: Terra
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