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Roubo em Criciúma teve ao menos 30 criminosos e é o maior já registrado em Santa Catarina

Polícia Civil suspeita que a quadrilha responsável por mega-assalto ao Banco do Brasil seja composta por integrantes de fora do Estado, principalmente de São Paulo

1 dez 2020 - 13h38
(atualizado às 16h59)
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SÃO PAULO - A Polícia Civil de Santa Catarina suspeita que a quadrilha fortemente armada responsável por praticar um mega-assalto contra o Banco do Brasil em Criciúma seja composta por integrantes de fora do Estado, principalmente de São Paulo. Segundo investigadores, o roubo envolveu ao menos 30 criminosos e dez veículos. Por enquanto, os agentes não veem indícios de participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou de outra facção criminosa brasileira.

O assalto da madrugada desta terça-feira, 1º, é o maior já registrado na história de Santa Catarina, segundo afirma a Polícia Civil. Até então, o posto era ocupado pelo roubo de cerca de R$ 9,8 milhões no Aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, ocorrido em março de 2019, que deixou uma mulher morta e dois vigilantes feridos.

Bandidos fizeram reféns e montaram um 'escudo humano' para se protegerem da polícia
Bandidos fizeram reféns e montaram um 'escudo humano' para se protegerem da polícia
Foto: Reprodução/Redes Sociais / Estadão

O primeiro ato dos bandidos foi atacar a sede do 9º Batalhão da Polícia Militar para retardar a reação da polícia. Por volta das 23h40, a quadrilha atirou em janelas e na fachada, incendiou um caminhão na entrada do prédio e instalou explosivos, com acionamento remoto por celular, no entorno. Houve troca de tiros e o soldado Jeferson Luiz Esmeraldino, de 32 anos, acabou baleado. Ele já passou por três cirurgias e está em estado grave.

O assalto durou cerca de 2 horas e os bandidos usaram armamento pesado, incluindo fuzis .556, .762 e .50, capaz de varar blindados e derrubar aeronaves. Para fechar entradas da cidade, os criminosos queimaram um veículo no túnel que liga Criciúma a Tubarão, bloqueando o contato terrestre com a capital Florianópolis, e obrigaram reféns a sentar no meio da rua, formando uma espécie de "escudo humano" contra a ação policial, nas proximidades da agência.

"Já temos absoluta certeza de que se trata de ação planejada com vários meses de antecedência. Foi feita com muito planejamento e investimento dos criminosos", afirmou o delegado Anselmo Cruz, titular da divisão antissequestro da Diretoria de Investigações Criminais (Deic). "Isso já de pronto nos remete a grupos de fora do Estado, porque não temos esse perfil em Santa Catarina."

Segundo Cruz, a principal hipótese é que o crime envolva bandidos "autônomos" com experiência em outros grandes roubos no País. "Pode até haver algum integrante, alguém que seja efetivamente do Estado, mas sabemos que esse tipo de ação é proveniente de fora, especialmente de São Paulo", disse. "Não se tem apontamento algum de que sejam integrantes de facção criminosa, mas de assaltantes já conhecidos no mercado e possivelmente responsáveis por ações mais violentas nos últimos anos."

Representantes de órgãos de segurança de Santa Catarina afirmam que a polícia optou por não trocar tiros com a quadrilha após a invasão do banco. "Nossa orientação foi fazer a contenção para evitar confrontamento na área central, tendo em vista que é bastante residencial, para preservar vidas", afirmou o coronel Marcelo Pontes, subcomandante-geral da Polícia Militar. "Controlamos o perímetro e imediatamente foi acionado todo o suporte."

Os investigadores suspeitam que a quadrilha tenha fugido depois em direção a Nova Veneza, município vizinho a Criciúma. Foi no caminho que os policiais encontraram veículos abandonados pelos criminosos. Em dois deles havia marcas de sangue, de acordo com os policiais. A suspeita é que um bandido tenha se ferido na troca de tiros em frente ao batalhão da PM e o outro, ao acionar um dos explosivos.

A polícia trabalha agora para tentar pegar os assaltantes em fuga, por isso, montou bloqueios em áreas de divisas. Duas aeronaves da PM também fazem buscas na região. Um esquadrão antibombas realizou ainda uma explosão controlada, em bairro na zona norte da cidade, para desarmar dispositivos que teriam sido deixados pela quadrilha.

"Criciúma viveu algo surreal, um momento de terror aqui na nossa cidade. Nem nos piores momentos da nossa imaginação passamos por algo tão dramático", disse o prefeito Clésio Salvaro (PSDB). "Se o propósito dos bandidos era vir aqui e roubar dinheiro, eles conseguiram. Se era causar terror, eles conseguiram. Mas a vida sempre está no primeiro plano e elas foram preservadas."

O governador Carlos Moisés (PSL) afirmou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pôs equipes federais à disposição de Santa Catarina. "Nem na esfera estadual ou federal tínhamos qualquer indício dessa ação", disse. "Nossos números não combinam com o episódio desta madrugada. Em relação a 2019, diminuímos em 54% a ação violenta contra instituições financeiras, com muito trabalho de investigação."

Segundo Moisés, após quase dois anos do roubo ao Aeroporto Quero-Quero, a polícia também teria prendido "cerca de 50%" dos assaltantes envolvidos. "Temos histórico de investigação com sucesso."

Estadão
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