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RJ: após incêndio, Afroreggae reabre no Complexo do Alemão

31 jul 2013 - 11h03
(atualizado às 12h28)
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Sérgio Cabral e José Júnior se encontram durante a reabertura do projeto
Sérgio Cabral e José Júnior se encontram durante a reabertura do projeto
Foto: Celso Barbosa / Futura Press

Ainda com medo do que possa acontecer nas próximas horas, o núcleo do grupo Afroreggae reabriu esta manhã na comunidade da Grota, no Complexo do Alemão. Com policiamento reforçado e a presença do governador Sérgio Cabral, o coordenador do grupo,  José Júnior, afirma que teme mais por inocentes do que por ele.  "Se não voltássemos seria um retrocesso", admitiu, confirmando que vai passar a receber escolta do Estado contra as ameaças que bem recebendo por parte do tráfico de drogas.

"Eles deram ordem de fecharmos aqui e na Vila Cruzeiro,  mas não fechamos," disse Júnior, confirmando que a sede da pousada que foi incendiada no dia 16 de julho também foi alvo de oito tiros de fuzil nesta madrugada. 

Junior considerou o dia de hoje como especial, mas reafirmou os riscos. "Se eu disser que não tem riscos, vou estar mentindo." Ele afirma que foi contrário a suspender as atividades, mas que entendia o medo dos integrantes do grupo em trabalhar sob ameaça. "Acho natural que eles tenham medo. Mas o processo de pacificação não pode voltar atrás", afirmou.

O coordenador admite que não vai ser nada fácil o trabalho, mas que o apoio da sociedade e dos governantes vai ser o ponto de apoio. "Não iremos sair daqui. Quando dão tiros na fachada do Afroreggae, não é uma demonstração de força, e sim de fraqueza, porque lá não tem ninguém armado ", disse José Junior.

O governador Sérgio Cabral disse que o Estado vai dar todo apoio ao projeto do Afroreggae e defendeu o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora. "Isso não é um projeto do meu governo, mas um projeto da sociedade", afirmou.  "Tem que melhorar? Tem. Há policiais que erram? Sim, mas a grande maioria acerta", disse o governador, que acredita que o seu governo tem acertado em grande parte dos projetos de segurança e investimento. "Rio de 2016 vai ser muito diferente do Rio de 2010 e de 2013. Há um processo em evolução." 

Para Cabral, o processo no Alemão foi difícil. "Era o bonde do Alemão, o bonde da Penha. O pastor, para rezar, tinha que pedir licença ao tráfico, o padre a mesma coisa. O Michael Jackson, para gravar, tinha que pedir licença ao tráfico. Isso acabou" afirmou. 

O secretário de segurança José Mariano Beltrame disse que a polícia já está investigando os tiros de ontem, mas que o Alemão é um lugar emblemático para o processo de paz. "Não podemos esquecer o que era isso aqui há alguns anos e o que é agora" , falou, analisando que trafico ainda é uma realidade, mas que é preciso seguir trabalhando em conjunto para que a realidade anterior não volta. "Não posso garantir que nada vá acontecer, considerando o abandono que este lugar teve por mais de 30 anos, mas temos que ter objetivos. A polícia daqui não sai e, se for preciso, vai até aumentar", disse Beltrame.

Na chegada ao local, José Junior disse que não esperava encontrar mais do que ele e uma coordenadora. "Mas encontrei as pessoas dispostas a trabalhar, e até dois alunos já vieram", disse, pedindo à imprensa que não fizesse imagem dos garotos para segurança deles. "Temos certeza que essas ameaças são pessoais ao José Junior por tudo o que ele representa de luta contra o tráfico, na medida que oferecia uma alternativa a quem pretendia deixar o crime”, afirmou Beltrame. “Não temos ilusão de que vamos acabar com o tráfico de drogas, a não ser que todo mundo pare de cheirar cocaína, fumar maconha e usar crack. Aí acaba”, disse Cabral.

Sobre a pousada, que foi incendiada há dez dias e que voltou a ser alvo do tráfico na noite de ontem, José Júnior ainda não sabe quando poderá ser reaberta. “Estava prevista para o dia 5 de agosto, mas agora não sabemos,” disse. “Eu me preparei muito para tudo isso que está acontecendo. Já me meti em muita guerra. Sei que querem me matar, mas minha preocupação é com os inocentes, que podem ficar mal em toda essa história” admitiu.

Ddsaparecimento do pedreiro Amarildo

Cabral e Beltrame comentaram ainda sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo. “Estou tratando disse pessoalmente, e agora a investigação está sendo feita pela Delegacia de Homicídios. Desde o início da UPP da Rocinha, todos os homicídios que aconteceram lá foram investigado pela DH e resolvidos”, disse Beltrame, já admitindo tratar o caso como homicídio e não apenas desaparecimento. “Está sendo tratado desta forma” disse. “Temos que descobrir onde está o Amarildo” disse Cabral. 

Fonte: Terra
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