Prefeitura registra boletim de ocorrência contra empresas que aderiram à greve em SP: 'Descaso'
Categoria reclama de 13º salário e vale-refeição das férias; sindicato patronal ainda não respondeu
A Prefeitura de São Paulo afirmou nesta terça-feira, 9, que, a pedido do prefeito Ricardo Nunes (MDB), a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte e a SPTrans registraram um boletim de ocorrência contra as empresas que aderiram à paralisação no transporte público sem aviso prévio.
"A gestão se solidariza com todos os passageiros que dependem do transporte público e que hoje sofrem com o descaso, irresponsabilidade e falta de compromisso dessas companhias com a população", afirma.
Como mostrou o Estadão, motoristas e cobradores de ônibus iniciaram uma paralisação nesta terça. Veículos começaram a ser retirados de circulação a partir das 16h e a paralisação tem reflexos em todas as regiões da cidade. Há registros de falta de transporte público no Parque Dom Pedro II, no centro, em Tremembé e no Tucuruvi, zona norte, no Grajaú e em Campo Limpo, zona sul, na Lapa, na zona oeste, e no Tatuapé, na zona leste.
A Prefeitura de São Paulo determinou a suspensão do rodízio de veículos na tarde desta terça-feira em razão da paralisação de ônibus na cidade.
Quem optou pelo sistema sobre trilhos também tem enfrentado dificuldades. As linhas 13-Jade e 10-Coral da CPTM apresentam falhas nesta terça-feira. Os trens da linha 10 circulam com velocidade reduzida e maior tempo de parada entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz, devido a problemas técnicos. Já na linha 13, os trens não estão circulando entre as estações Luz e Palmeiras-Barra Funda.
Conforme representantes do sindicato dos motoristas e trabalhadores, o SindMotoristas, a greve se deve ao não pagamento do 13.º salário e do vale-refeição referente às férias, que estaria previsto para esta semana.
Em vídeo direcionado a motoristas e cobradores, o prefeito Ricardo Nunes afirmou que a justificativa é infundada e classificou os empresários à frente das concessionárias como "irresponsáveis". "O pagamento do 13.º é um direito do trabalhador", afirma.
O estopim para o anúncio da paralisação foi uma carta enviada pelas empresas de ônibus nesta terça solicitando adiamento dos pagamentos, o que teria conflitado com o que foi acordado anteriormente.
Na carta, obtida pelo Estadão, representantes dos consórcios afirmam que o pedido de dilação do prazo decorre de uma reunião feita nesta terça junto à Secretaria da Mobilidade e Transporte de São Paulo (SMT).
"Foi-nos comunicado que seria dado conhecimento prévio acerca dos estudos e consequentemente dos valores a serem liberados antes do julgamento do TCM (Tribunal de Contas do Município)", diz o documento.
Procurado pela reportagem, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) ainda não retornou.
A perspectiva é que o impacto seja maior a partir do final da tarde, uma que parte dos motoristas devem paralisar somente após finalizar as viagens vigentes e o fluxo de passageiros deve aumentar, por conta do horário de pico.
Nas redes sociais, passageiros já relatam receios diante do anúncio da paralisação em dia chuvoso na capital. "Pensando como irei voltar pra casa", escreveu um usuário no X (antigo Twitter).
A Prefeitura da capital afirma que "os repasses às empresas de ônibus estão em dia e o pagamento do 13º salário dos trabalhadores é de responsabilidade exclusiva das concessionárias".
Paulistas reclamam de greve em horário de pico e de chuva e sem aviso prévio
Nas redes sociais, diversos passageiros reclamaram de a greve ocorrer durante chuva, horário de pico e sem ter aviso prévio. A usuária Luciane relatou ausência de ônibus no Terminal Tucuruvi, na zona norte. "Terminal cheio, sem ônibus da Sambaíba desde 16h30. Ônibus foram recolhidos para a garagem. Trabalhador sofrendo no retorno pra casa", escreveu no X.
Greve na zona norte de SP. Terminal Tucuruvi cheio, sem ônibus da @SambaibaOficial desde 16:30 pm. Ônibus foram recolhidos para a garagem. Trabalhador sofrendo no retorno pra casa. E aí @sptrans @prefsp?
— Luciane (@lulucyany) December 9, 2025
Na zona sul, um passageiro critica os preços de transportes por aplicativo para um trajeto de 3 km: os valores variam de R$ 35 a R$ 63, segundo ele. O usuário ainda publicou uma foto mostrando o alerta sobre a paralisação.
não pagaram os motoristas e agora o terminal entrou em greve num dia de tempestade pic.twitter.com/YoNOVGI6v9
— ??????sexua?? (@n0tn317h) December 9, 2025