Por que viagens feitas por mulheres na condução de motos cresceram 72% na Grande SP
Além disso, elas tiveram uma diminuição na condição de passageiras nas garupas, aponta pesquisa
O número de viagens diárias realizadas por motocicletas na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) apresentou um crescimento de 15,9% entre os anos de 2017 (1,064 milhão) e 2023 (1,234 milhão), com destaque para um aumento do uso deste modal por parte das mulheres. Os dados são da pesquisa Origem Destino, realizada pelo Metrô paulista desde 1967 e considerada uma das mais completas sobre a mobilidade urbana do País.
Conforme o levantamento, divulgado nesta terça-feira, 11, o número de viagens realizadas por mulheres diariamente sobre as motos era de 67.542, em 2017, e aumentou para 116.591, em 2023 - uma elevação de 72,6%. Além disso, elas também tiveram uma diminuição na condição de passageiras nas garupas.
Para fins estatísticos da pesquisa, as viagens de motos respondem pela somatória dos deslocamentos feitos quando a pessoa dirige a motocicleta e quando também está na condição de passageira. Diferente de automóveis, ônibus, trens e metrô, a moto foi um dos poucos modais que teve aumento de viagens no período, segundo a pesquisa, que revelou algo inédito: o número de viagens na capital e região metropolitana de São Paulo caiu pela primeira vez em quase 60 anos.
O modal continua sendo operado, na maioria, por homens. Mas, proporcionalmente, a pesquisa identificou uma pequena queda nas locomoções feitas por motociclistas do sexo masculino. Em 2017, eles cobriam 93% de todas as viagens feitas por dia por este tipo de transporte (900.350). Agora, são 89,7% (1.011.350).
O estudo apontou a situação inversa quando homens e mulheres estão na posição de passageiros em motocicletas. De acordo com a pesquisa, elas formam a maioria das garupas (65,2% das viagens) atualmente, mas os números indicam queda desta condição nos últimos anos.
- Em 2017, 73.615 dos deslocamentos de motos tinham as mulheres como passageiras. Em 2023, esse número caiu para 69.083 - uma diminuição de 6,2%.
Já os homens, que representavam 23,5% dos deslocamentos diários em 2017 como garupas em motos (22.694 viagens), passaram a preencher 34,8% do total deste tipo de locomoção (36.851), em 2023. Em número totais de viagens por dia, houve aumento de 63% da quantidade de deslocamentos em motocicletas com passageiros masculinos.
Queda no total de viagens
O número total de viagens diárias na região metropolitana de São Paulo, incluindo todos os tipos de modais (motorizados e não motorizados), sofreu uma queda nos últimos anos. O total de 42 milhões de deslocamentos por dia relatados na pesquisa de 2017 caiu para 35,6 milhões, em 2023, o que representa uma diminuição de 15,2% deste total de locomoções.
Os motivos para a mudança ainda são investigados pelos pesquisadores, mas uma das principais explicações é a mudança de comportamento após a pandemia, com a adoção do trabalho remoto, híbrido e do ensino a distância.
Os transportes públicos (ônibus, metrô e trem) também tiveram um declínio na quantidade de viagens diárias feitas na Região Metropolitana de São Paulo, além também dos deslocamentos realizados a pé, que passaram de 13 milhões de viagens para 10,05 milhões.
As bicicletas, as motos e a categoria táxi/veículos de aplicativos foram os poucos modais que tiveram um crescimento no período. As bikes tiveram um aumento de 25% entre 2017 e 2023. Em relação às motos, como citado, o número de 1,06 milhão de viagens deste modal por dia teve um aumento de 15,9%, o que corresponde a, aproximadamente, 1,23 milhão de deslocamentos diários.
Enquanto isso, o uso frequente dos táxis e, sobretudo, dos veículos por aplicativo, chama a atenção. Em 2017, a quantidade de viagens diárias desta categoria era de pouco mais de 468 mil. Seis anos depois, a pesquisa OD aponta que este número subiu para 1,11 milhão por dia. Um crescimento na ordem de 137,6% no período analisado./COLABOROU GONÇALO JUNIOR
