Ponte estaiada dita "tendência" e inspira clones na Grande SP
- Hermano Freitas
- Direto de São Paulo
Se é bonita e funcional a ponte Octavio Frias de Oliveira, que faz a ligação da avenida Roberto Marinho aos dois sentidos da Marginal Pinheiros, em São Paulo, é assunto para debate. Mas é fato que, dois anos após a inauguração, ocorrida em maio de 2008, ela dita uma tendência e já inspirou ao menos dois clones na região metropolitana: um em Guarulhos e outro na zona leste.
As duas estruturas - ainda em fase de construção, mas já visíveis ao motorista - utilizam a técnica dos estais (cabos de aço resvestido como sustentação) que deu nome à ponte da zona sul da capital paulista - também chamada "ponte estaiada".
Em comum com a original, a técnica dos estais facilita erguer um vão largo entre as duas extremidades e também viabiliza a obra em locais onde o trânsito nunca pode ser interrompido. Os estais mantêm a ponte suspensa enquanto ainda é construída e por baixo os carros podem transitar normalmente. No caso das novas pontes, respectivamente, na rodovia presidente Dutra e na radial Leste.
O engenheiro da Secretaria de Obras de Guarulhos, Mário Luís Dores, nega inspiração estética na ponte Frias. Segundo ele, a técnica dos estais foi utilizada no caso do viaduto da avenida Paulo Faccini - que ainda não recebeu nome oficial - pelo fato de não haver horário em que a Via Dutra possa ser bloqueada para a obra. "Com 5 mil veículos por hora na mais importante rodovia do País, seria inviável interromper este fluxo", explica.
Em construção desde janeiro de 2007 e com previsão de entrega ainda no primeiro semestre deste ano, a obra da prefeitura de Guarulhos em parceria com o governo federal tem 28 estais, contra 144 da primeira ponte estaiada. A ligação é de 110 m em uma extremidade contra 70 m na outra, num total de 180 m. A diferença é grande também no preço: custou R$ 58 milhões, contra R$ 280 milhões da ponte Frias.
Kassab admite opção "estética"
Ao contrário da administração de Guarulhos, a gestão de Gilberto Kassab (DEM) admite a intenção de fazer bonito na utilização da técnica no viaduto Estaiado Padre Adelino, na zona leste. Em nota oficial, a prefeitura disse que a opção por estais, além de ser a mais adequada devido ao grande vão de 122 m, deu à obra "beleza estética".
O chamado complexo viário Padre Adelino prevê ainda o viaduto Catiguá/Belém e o alargamento do viaduto Pires do Rio, com o acréscimo de duas faixas de rolamento. As estruturas estão sendo readequadas para suportar tráfego mais intenso e pesado, o que possibilitará a retirada de semáforos da avenida Salim Farah Maluf. O custo total da obra é de R$ 114 milhões.
Os estais são formados por 48 cordoalhas de cabos de aço com durabilidade aproximada de 100 anos. Em caso de acidentes, os estais podem ser trocados sem a necessidade de interdição da via para reparos.
Em construção desde 2007, a prefeitura prevê que a nova ponte estaiada de São Paulo seja entregue até o segundo semestre deste ano. Até lá, sempre que o motorista passar por uma das novas pontes terá a impressão de já ter visto coisa parecida antes.