PUBLICIDADE

Pelo menos nove capitais, entre elas São Paulo, adotam iluminação de LED

Na capital paulista, LED alcança 541 mil lâmpadas, 88,5% do parque de iluminação pública. Dados da Prefeitura mostram o principal benefício da alteração: reduzir ao menos 52% no consumo de energia

27 set 2021 - 17h00
Compartilhar
Exibir comentários

Cresce no País a procura pela instalação de redes de iluminação pública por LED, uma tecnologia de luz que permite a troca das lâmpadas de sódio (amarelas) pela claridade branca dos diodos emissores de luz. De acordo com especialistas, gestores públicos e moradores que já convivem com essa iluminação, ela reduz gastos públicos com energia elétrica e amplia a sensação de segurança.

O Brasil tem hoje pelo menos nove capitais usando luz de LED nas ruas, entre elas São Paulo, Curitiba e Salvador, além de centenas de municípios interessados ou com a troca em andamento. Na capital paulista, o LED alcança 541 mil lâmpadas, 88,5% do parque de iluminação pública. Dados da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), obtidos por meio da Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública (Ilume), mostram redução de pelo menos 52% no consumo de energia no município.

O sistema começou a ser adotado em larga escala na capital nas ruas do bairro Heliópolis, zona sul, em projeto de 2015 considerado um sucesso pelos moradores. Segundo o engenheiro eletricista César Teixeira, que participou de estudos para a Parceria Público Privada (PPP) para uso do LED em São Paulo, os dados apontam que dependendo da característica do sistema, pode haver até 60% de economia de energia em relação ao modelo convencional.

Teixeira argumenta que cada cidade tem uma característica própria de iluminação pública e que é preciso analisar o ambiente urbano para se descobrir o potencial de economia. Diretor da empresa Opus 1 Engenharia, de Salvador, o engenheiro explicou que não opera contratos em andamento na capital paulista, mas comemora o sucesso da iniciativa paulistana. Ele ressaltou que já há diversas cidades explorando essa mudança e que muitas delas seguem o modelo de PPP de São Paulo. "Hoje já são mais de 50 contratos em vigor no País e o interesse pela troca é crescente", disse.

Segundo o especialista, cerca de 400 municípios têm interesse na implantação do sistema de LED e muitos já estão com processos de troca em andamento. O engenheiro explicou que, em princípio, não há necessidade de substituição de redes de abastecimento de energia para a instalação das lâmpadas de LED. "A troca determina redução da carga instalada e quando isso acontece, normalmente, não há necessidade de qualquer alteração na rede de alimentação de energia elétrica, pelo contrário, há mais capacidade na rede elétrica do que o LED vai demandar", esclareceu.

Curitiba

Com um sistema de 152 mil pontos de luz na iluminação pública em Curitiba, Rodrigo Araújo Rodrigues, o secretário municipal de Obras da capital do Paraná, conta que pelo menos 65 mil desses pontos já foram modernizados. O plano de substituição das lâmpadas foi iniciado em 2019 e, segundo Rodrigues, a ideia é completar a troca em dois ou três anos. "Nossos dados mostram uma economia de 50% pelo sistema de LED", afirmou. O secretário prevê para este ano a substituição de mais de 17 mil pontos na capital paranaense.

Rodrigues argumentou ainda que embora a lâmpada de LED seja mais cara, por unidade, o ganho em relação às lâmpadas antigas depende dos reatores a serem trocados e do local de instalação - se é uma avenida ampla ou uma rua mais estreita. A economia, argumenta, ocorre no consumo de energia menor e por conta da maior durabilidade da lâmpada.

De acordo com dados da prefeitura de Curitiba, o preço unitário de uma luminária de vapor de sódio/metálico completa é de R$ 132, enquanto a de LED vai a R$ 735. Mas essa diferença de preço é compensada no final pela redução do número de substituições de equipamentos queimados ou com defeitos.

A fama da luz branca também se espalha por Salvador. A prefeitura local tem um programa que previa, no início do ano, adicionar os novos pontos dessa luz em mais de 640 ruas, com investimento de R$ 4,5 milhões no programa Iluminando Nosso Bairro (INB). Em janeiro, segundo o município, o programa já atingia 70% da capital.

Heliópolis

De acordo com moradores de São Paulo que já se habituaram a contar com a luz de LED nas ruas à noite, os ganhos vão além da economia. "Fico feliz de ver que uma experiência que já vivemos aqui em Heliópolis esteja sendo expandida para outros locais e cidades", disse Antônia Cleide Alves, presidente da União dos Moradores de Heliópolis (Unas-Heliópolis), uma das primeiras comunidades da periferia a receber a troca da luz amarela.

A área de um milhão de metros quadrados, que abriga cerca de 200 mil moradores, ganhou o sistema de LED em 2015. A mudança já vinha ocorrendo na cidade desde 2013, com a troca gradual de cerca de 20 mil pontos, mas com a mudança em Heliópolis o programa foi intensificado por meio da PPP. A licitação foi paralisada na Justiça em 2018, com questionamentos sobre a legalidade do processo, mas as ações foram arquivadas sem comprovação de irregularidades e a ideia foi retomada em 2019.

As áreas prioritárias, segundo a Prefeitura, eram bairros com maiores índices de criminalidade - roubos de celulares, assaltos, estupros e lesão corporal -, principalmente em áreas escuras de bairros como Campo Limpo, São Mateus, Capela do Socorro, Butantã, além da área da Sé, no centro. Em Heliópolis, até hoje os moradores comemoram. "Essa luz melhorou o nosso bairro, trouxe mais tranquilidade para as famílias", disse a presidente da Unas.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade