ONG: 2.608 foram detidos nos protestos de 2013; 8 morreram
Um estudo da ONG Artigo 19, publicado nesta segunda-feira, aponta que 2.608 pessoas foram presas e oito morreram nas 696 manifestações realizadas em 2013. A entidade destaca ainda que 117 jornalistas foram feridos ou agredidos e 10 foram detidos enquanto trabalhavam.
O estudo, batizado de “Protestos no Brasil 2013”, relata as principais violações à liberdade e abusos cometidos por agentes do estado. Segundo o relatório, a falta de identificação dos policiais e detenções arbitrárias marcaram os protestos do ano passado. Também foi condenado o uso de armas letais e abuso das armas menos letais e a presença de “policiais infiltrados nas manifestações que, por vezes, causavam e incentivavam tumulto e violência”.
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Segundo o Artigo 19, 2.608 pessoas foram detidas em 32 protestos. Os meses de maior concentração de detenções foram junho e outubro. “Em São Paulo, capital, durante os atos contra o aumento da tarifa de ônibus, a polícia prendeu centenas de manifestantes por estarem portando vinagre. O vinagre é utilizado pelos manifestantes para atenuar os efeitos causados pelo gás lacrimogêneo, que é atirado contra os manifestantes pela polícia e, além disso, não há nenhuma ilegalidade em portá-lo”, diz o estudo.
A ONG ainda denunciou sequestros e ameaças contra os manifestantes. Segundo o levantamento, houve 11 casos e sequestros e ameaças no ano passado. “O sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), Paulo Baia, foi sequestrado no Rio de Janeiro por homens encapuzados que o ameaçaram dizendo para não dar mais entrevistas e nem falar mal da polícia. Paulo Baia acredita que o ato pode ter relação com as críticas à ação da polícia militar nos protestos que ele havia feito para o jornal O Globo. O sociólogo, porém, afirmou não saber se os sequestradores eram policiais ou não”.
Mortes
O relatório listou as mortes que, segundo a ONG, ocorreram durante os protestos do ano passado. Ao todo, foram listados oito casos, registrados em Belém –PA (1 morte), Ribeirão Preto –SP (1), Cristalina-GO (2), Teresina-PI (1), Belo Horizonte-MG (1), Guarujá-SP (1), Pelotas-RS (1). Relembre os casos:
Nome/Local | Como morreu |
Cleonice de Moraes |
Cleonice era gari e trabalhava na limpeza noturna da cidade de Belém na noite do dia 20/06/13. No momento do confronto entre a polícia e os manifestantes, tentou se proteger, mas acabou inalando gás lacrimogênio. Cleonice era hipertensa e tomava remédios. Teve uma parada cardíaca e morreu na manhã do dia 21/06/13. |
Marcos Dekafrate |
No dia 20 de junho de 2013, em Ribeirão Preto-SP, o estudante Marcos Delafrate foi atropelado por um veículo que estava no meio dos manifestantes quando saiu bruscamente, atropelando o estudante e mais 11 pessoas. Somente Marcos morreu. |
Valdinete Rodrigues e Maria Aparecida |
Valdinete e Maria Aparecida bloqueavam a rodovia BR-251 com pneus no dia 24 de junho de 2013. Um motorista avançou em direção ao grupo de manifestantes, atropelando as duas. Sem parar para prestar socorro, o motorista fugiu. |
Paulo Patrick Silva de Casto Teresina –PI |
No dia 26 de junho de 2013, em Teresina-PI, o estudante Paulo Patrick Silva de Castro foi atropelado por um táxi, enquanto atravessava uma avenida em um local não permitido. Teve traumatismo craniano e edema cerebral e morreu cerca de duas semanas após o acidente.
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Douglas Henrique de Oliveira Belo Horizonte –MG |
No dia 26 de junho de 2013, em meio a um confronto com a polícia, Douglas Henrique de Oliveira tentou pular de um lado para o outro do viaduto e caiu. Não resistindo aos ferimentos, morreu no dia seguinte. |
Não identificado |
No dia 27 de junho de 2013,no Guarujá-SP, um jovem, cujo nome não foi identificado, estava na garupa da bicicleta de um amigo quando um caminhão tentou trocar de rota para não passar por uma manifestação e atropelou os dois jovens. Um morreu e o outro sobreviveu. |
Renato Kranlow Pelotas-RS |
No dia 3 de julho de 2013 ,Renato Kranlow furou um bloqueio, passando por uma manifestação. Os manifestantes, então, jogaram uma pedra no caminhão que quebrou o vidro e atingiu Renato. |
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