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Índios ocupam museu em Botafogo e são retirados, diz PM do Rio

Após deixarem terreno no Maracanã, eles foram para a sede do Museu do Índio, em Botafogo

24 mar 2013 - 11h07
(atualizado às 11h11)
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Manifestantes se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Rio na sexta-feira para protestar contra a remoção dos índios que ocupavam o Museu do Índio
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Um grupo de cerca de 60 pessoas, entre elas 20 índios, ocupou na noite do último sábado a sede do atual Museu do Índio, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Militar, eles visitavam o museu e se recusaram a deixar o local, bloqueando a rua das Palmeiras. Durante a madrugada, a PM negociou com os manifestantes, que deixaram o museu no começo da manhã deste domingo de forma pacífica.

Os índios haviam sido retirados do terreno que ocupavam no Maracanã, na zona norte do Rio, e devem passar cerca de um ano em um alojamento provisório na antiga Colônia Curupaiti, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. O abrigo temporário foi entregue aos indígenas na manhã deste domingo. O terreno possui 2 mil m², que inclui trechos de mata. O alojamento temporário contará com camas estilo beliche, cozinha e contêineres banheiros feminino e masculino. Os índios ainda receberão kits de higiene pessoal e de limpeza, cestas básicas, toalhas e cobertores.

Projeto será feito em parceira

Arquitetos do governo vão se reunir com os índios nos próximos dias para formatarem, em conjunto, o projeto do Centro de Referência da Cultura Indígena, que ficará na Estrada Comandante Luis Souto, no bairro do Tanque, em Jacarepaguá.

O terreno da antiga colônia ainda é ocupado por cerca de 2 mil pessoas, sendo 250 hansenianos. No local há 300 casas, onde o Estado fez a regularização fundiária, dando a emissão de posse do terreno aos moradores.  O governo estadual está em fase de implantação da rede de esgoto para a construção de mais 40 casas para os antigos moradores da Colônia de Curupaiti, que residem em 20 casas geminadas no local e outros que habitam porões no terreno.

Lá, funciona também um teatro inaugurado em 1928, com capacidade para 250 lugares que precisa ser restaurado. Há ainda necessidade de recuperação da antiga cadeia da colônia. Como os hansenianos ficavam segregados, lá dentro tinha um prefeito e um xerife, eleitos pela comunidade, que organizavam a vida dos moradores. As reivindicações eram feitas ao prefeito e quem desobedecia às ordens poderia ser punido até com cadeia, determinada pelo delegado.

O Coordenador Nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, disse que o movimento atua há mais de três décadas no enfrentamento do preconceito  e do estigma ainda associado à doença, sendo um movimento que valoriza e busca a garantia dos direitos humanos. A ocasião é oportuna para uma reflexão sobre como a sociedade lida com o problema das populações historicamente excluídas.

"É afirmativa a convivência que se dará com os índios. Isso traz à tona um espaço grande que tem de ser revitalizado e preservado, como área de proteção ambiental e tombado pelo seu valor histórico para as futuras gerações", disse.

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) disse que irá acompanhar se o Estado cumprirá o acordo firmado com parte do grupo de indígenas que aceitou as propostas do governo, inclusive o compromisso extrajudicial de preservar o prédio (do antigo Museu do Índio) e o deslocamento das famílias para um centro de referência indígena, previsto para ser instalado em Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense.

Fonte: Terra
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