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Incêndio da boate Kiss gerou quase 2 mil casos médicos

Pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo incêndio tiveram que passar por tratamento médico

26 jan 2015 - 08h17
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<p>Incêndio em boate matou 242 pessoas em Santa Maria no ano de 2013</p>
Incêndio em boate matou 242 pessoas em Santa Maria no ano de 2013
Foto: Fernando Borges / Terra

Aproximadamente 600 pessoas ficaram feridas em decorrência da tragédia na boate Kiss, que completa dois anos, precisando de atendimento imediato em um dos 15 hospitais designados ao acolhimento imediato das vítimas. No entanto, o número de afetados pela tragédia é muito maior: de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, um total de 1.904 pessoas seguem em tratamento médico em decorrência do incêndio.

Dois anos depois, quase duas mil pessoas foram direcionadas ao Centro de Atendimento às Vítimas de Acidente (Ciava), o Centro Regional de Saúde do Trabalhador (Cerest) e o Acolhe Saúde, que realizaram um total de 8 mil atendimentos apenas no ano passado. São 836 cidadãos que se cadastraram junto ao Sistema Único de Saúde (listagem que inclui as chamadas 'vítimas indiretas' da tragédia), além de 251 trabalhadores que atuaram durante o incêndio e 328 policiais militares. Pelo menos 21 pessoas necessitam de cirurgias reparadoras. 

Após a tragédia, imediatamente foi criada uma força-tarefa liderada pelo Ministério da Saúde que permaneceu na cidade até o dia 18 de fevereiro de 2013. Dessa visita resultou o Ciava, que passou a centralizar todos os envolvidos e efetuou a triagem referente às necessidades de atendimento peculiares a cada um dos afetados. Durante a permanência da força-tarefa na cidade foram estabelecidas três fases de atenção: a fase emergencial/hospitalar, a fase ambulatorial e a fase longitudinal. As duas primeiras compreenderam e o socorro e assistência psicossocial imediata e a organização da rede para triagem e agendamento de atendimentos especializados. Já na terceira, que está em curso, são realizados os atendimentos de rescaldo: sem a necessidade de atendimentos de urgência e emergência, os pacientes são acompanhados dentro das suas especificidades. 

Pelo Ciava, 241 receberam acompanhamento em pneumologia, 67 delas tratamento de queimaduras, 66 em fonoaudiologia e 43 em fisioterapia. Uma vez verificados casos nunca antes vistos pelos profissionais da área, principalmente no que tange às queimaduras das vias aéreas, foi iniciado um trabalho de pesquisa e qualificação que transformou o Hospital Universitário de Santa Maria, onde funciona o CIAVA, em centro de referência para tratamento de queimados no país. Atualmente, 22 pessoas ainda recebem atendimento contínuo no espaço. 

Tragédia em Santa Maria: entenda o incêndio na Boate Kiss Tragédia em Santa Maria: entenda o incêndio na Boate Kiss

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A associação foi criada com o objetivo de oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento. 

Fonte: Especial para Terra
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