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Ex-diretor do Depen é acusado de receber propina para beneficiar traficante preso no Paraná

Caso veio à tona após a Justiça do Paraná censurar uma série de reportagens da RICtv que abordaria suposto esquema de corrupção envolvendo o ex-diretor do Depen

21 mai 2024 - 13h12
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Ex-diretor do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Depen), Francisco Alberto Caricati recebeu pelo menos R$ 1,5 milhão para beneficiar o traficante Marcos Silas Neves de Souza, preso em 2021, segundo relatório interno do próprio órgão do Governo do Estado.

O documento produzido pela Agência de Inteligência do Depen em abril de 2022, ao qual a Banda B teve acesso, afirma que Marcos Silas "teria comprado parte da alta cúpula do Depen-PR". Segundo o relatório, a denúncia chegou à Seção de Inteligência da Casa de Custódia de São José dos Pinhais no dia 8 de novembro de 2021.

O ex-diretor do Depen e atual diretor de Justiça da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju), Francisco Alberto Caricati –
O ex-diretor do Depen e atual diretor de Justiça da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju), Francisco Alberto Caricati –
Foto: Divulgação / Banda B

Marcos Silas, considerado um dos maiores traficantes de cocaína do País, foi preso em São Paulo no momento em que tentava realizar uma cirurgia plástica. Como mostrou o Fantástico (TV Globo), o dinheiro do tráfico de drogas era lavado por meio da compra de imóveis de luxo em Santa Catarina. Reportagem do Fantástico revelou ainda que a quadrilha de Marcos Silas chegou a comprar um prédio inteiro com o dinheiro do crime. Em seis meses, a Justiça apreendeu 560 imóveis, que somam mais de R$ 2 bilhões. Ele usava o Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná, para enviar drogas a outros países.

O ex-integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) estava preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. De acordo com o relatório, "o interno Marcos Silas relatou estar se sentindo 'traído' pela gestão de segurança da unidade em virtude de estar tramitando um protocolo de pedido [de transferência] para presídio federal".

O traficante Marcos Silas Neves de Souza –
O traficante Marcos Silas Neves de Souza –
Foto: Reprodução / Banda B

O documento destaca também que um informante "relata que Marcos Silas iria gastar a quantia que fosse para alocar a gestão de segurança em outra unidade em virtude da suposta traição".

"O Sr Caricate teria recebido 1 milhão de reais para alocar o preso Marcos Silas em um bloco que

seria mais fácil a contravenção (celular) e impulsionar o pedido do Zé Neguinho e de membros

da facção PCC. Depois pagou mais 500 mil reais para não assinar o pedido de [transferência para presídio] federal", diz outro trecho do relatório interno do Depen. Marcos Silas Neves foi transferido para um presídio de segurança máxima, no Mato Grosso do Sul, em 2022, segundo a RPCTV (afiliada da TV Globo no Paraná).

A Banda B tenta contato com a defesa de Marcos Silas. Procurado pela reportagem, o ex-diretor do Depen e atual diretor de Justiça da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju), Francisco Alberto Caricati, não havia respondidos aos contatos realizados até o momento da publicação desta reportagem.

Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) disse que "tomou conhecimento da denúncia e abriu sindicância para apurar o caso. A apuração tem prazo de 15 dias para ser concluída e seguirá os trâmites legais."

Já o Governo do Paraná afirmou que "acompanha a sindicância aberta pela Secretaria de Segurança Pública".

A Banda B procurou o Depen, onde Caricati foi diretor entre 2018 e 2022, mas não houve resposta até o início da tarde desta terça-feira (21). Em caso de posicionamento, o texto será acrescentado à reportagem.

Justiça censura reportagens

A Justiça do Paraná acatou um pedido da defesa de Francisco Alberto Caricati e censurou uma série de reportagens sobre facções criminosas que era exibida pela RICtv (afiliada da Rede Record no Paraná). A produção "Guerra de Facções, diz a RICtv, está há 12 dias "sob censura após uma determinação da Justiça".

"A produção, que aborda um suposto esquema de corrupção envolvendo agentes públicos na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, ainda não pode ser disponibilizada integralmente para o público", disse a emissora nesta segunda-feira (20).

Guerra de Facções –
Guerra de Facções –
Foto: Divulgação/RICtv / Banda B

Além de Francisco Alberto Caricati, um outro funcionário do Depen à época foi mencionado no suposto esquema de pagamento de propina.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) lamentaram e repudiaram a censura imposta pela Justiça ao canal.

"É inadmissível que o exercício legítimo do jornalismo seja cerceado, especialmente quando se trata de informar a população sobre questões tão relevantes para a sociedade paranaense. A decisão judicial, sob a alegação de proteção à honra e imagem, ignora o princípio fundamental da liberdade de imprensa e o direito do público à informação. Manifestamos nosso apoio irrestrito à RIC TV e sua busca pela verdade, reiterando a importância da liberdade de expressão e do jornalismo responsável em nossa democracia", diz trecho da nota dos órgãos.

Banda B
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