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Escola da zona leste de SP é interditada após identificar contaminação por gases inflamáveis

Quase duas mil crianças terão de ser realocadas para outras unidades neste início do ano letivo; Prefeitura identificou primeiros problemas de aquecimento em setembro, mas obras só começarão agora

8 fev 2023 - 18h01
(atualizado às 19h51)
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A Prefeitura de São Paulo interditou por tempo indeterminado o Centro Educacional Unificado (CEU) Três Pontes, no Jardim Romano, extremo leste da cidade, após constatar a contaminação no terreno por gases metano e etilbenzeno, ambos tóxicos e inflamáveis. Cerca de 1,9 mil crianças e adolescentes terão de ser transferidas para outras unidades neste início do ano letivo.

Os primeiros sinais de que havia algo errado foram identificados em setembro, quando o pilar de um prédio da creche começou a aquecer. Uma sala, conforme o prefeito Ricardo Nunes (MDB), foi interditada ainda no dia 20 daquele mês.

Foram acionadas, também segundo ele, a Secretaria de Obras, a Comgás e a Defesa Civil. "Após a vistoria dessas equipes, o espaço desse centro de educação infantil foi isolado e as atividades de todos os equipamentos do CEU foram suspensas por 15 dias para a realização de diagnóstico mais aprofundado e reparos que fossem necessários", disse o prefeito ao Estadão.

Em seguida, segundo ele, foi contratada uma empresa de engenharia ambiental para monitorar o local. Nesse período, afirma Nunes, os alunos do ensino fundamental passaram a ter atividades remotas e as crianças da educação infantil foram levadas para outras unidades do entorno. "Em novembro de 2022, as aulas foram retomadas, mas nesse CEI (unidade de educação infantil), não", afirmou Nunes. As crianças, continua ele, foram acomodadas no prédio da gestão.

Segundo a Secretaria Municipal da Educação, o laudo definitivo sobre o tipo de contaminação ficou pronto em 27 de janeiro, cerca de quatro meses depois da descoberta do caso pela pasta. Agora, foram suspensas todas as atividades do CEU para que fosse feita a instalação dos drenos. A empresa responsável pediu prazo de seis meses, afirma Nunes, para fazer essa remediação e liberar o retorno das aulas presenciais.

Os gases estão confinados abaixo da laje do prédio e não houve detecção dos gases no ar e na água, apenas do solo, não tendo havido exposição a eles. O próximo passo é a remediação por meio da extração e filtragem controlada desses gases com uso de equipamentos específicos. Após a implantação do sistema, o local pode ser considerado seguro para o retorno das atividades normais.

Neste momento, está em fase de elaboração o projeto-piloto, onde estão sendo estudadas características específicas do solo de onde serão extraídos os gases para, assim, dimensionar o sistema que deverá ser instalado.

O piloto que está sendo desenvolvido agora tem previsão de conclusão em 25 dias. A partir desse projeto, a Prefeitura diz que terá elementos para licitar remediação, pois o trabalho vai fornecer informações que serão utilizadas no processo licitatório.

O CEU Três Pontes foi inaugurado em fevereiro de 2008, na gestão do então prefeito Gilberto Kassab (PSD). O complexo escolar tem 11.205 m² de área construída, em um terreno de 21.000 m² e conta com creche, uma escola de educação infantil e uma escola de ensino fundamental, além de prédio administrativo, refeitório, biblioteca, duas piscinas, quadras poliesportivas e um anfiteatro com 200 lugares. Segundo o site da Prefeitura, a capacidade máxima é de 1.631 alunos.

Pais e professores foram comunicados da decisão no sábado, 4, durante reunião com representantes municipais e a comunidade escolar. O Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin), que representa os funcionários da rede infantil, considerou que houve morosidade na apresentação do laudo técnico e já representou o Ministério Público do Estado e a Câmara Municipal.

Segundo a entidade, houve ineficiência na resolução do problema, o que colocou alunos e docentes em risco e ainda não assegurou o direito ao início das aulas. A secretaria afirma que atenderá os alunos do CEU em outras unidades e, se necessário, ofertará transporte. Os alunos do ensino fundamental, diz a pasta, estão com atividades remotas e em até duas semanas serão encaminhados para outras unidades.

Segundo o vereador Antonio Donato (PT), duas professoras do CEU o procuraram para relatar que uma das áreas da creche estava muito quente. "Uma delas contou que uma criança chegou a reclamar da temperatura do colchão onde dormia, que estaria alta", afirmou.

O parlamentar requisitou à gestão Nunes o laudo técnico que constatou a contaminação e notificou o Tribunal de Contas do Município (TCM), para acompanhar o processo de remediação do local. "A Prefeitura sabia que tinha algo ali desde setembro do ano passado e só agora tomou uma atitude a respeito."

Estadão
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