Construtora retirará 118 árvores de bosque na zona oeste de SP, após acordo com a Prefeitura
Compensação ambiental inclui plantio de 1.799 mudas na região; Tegra Incorporadora destaca ainda que fará a revitalização de quatro praças
Depois de mais de um ano de disputa judicial, a Tegra Incorporadora começou a retirada de 118 árvores do terreno do Bosque dos Salesianos, uma área de 7 mil m² com 207 árvores entre as ruas Pio XI, Sales Júnior e Presidente Antônio Cândido, no Alto da Lapa, na zona oeste de São Paulo. No local serão construídas torres residenciais.
O Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou a retomada das atividades, após a obra ter sido suspensa a pedido da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente. Em agosto, a construtora firmou um Termo de Compromisso Ambiental com a Prefeitura permitindo o manejo das árvores mediante o plantio compensatório de 1.799 árvores nativas na região, além de investimentos para melhoria no bairro.
Diferentes associações de moradores da região também se mobilizaram. Diretor de Relações de Governo da Associação Viva Leopoldina, Carlos Alexandre de Oliveira criticou o que chamou de "devastação". "Infelizmente, a Prefeitura, de uma maneira muito célere, autorizou a compensação, ou seja, na prática, a derrubada de árvores centenárias no bosque, um dos últimos pulmões verdes da região, totalmente na contramão das boas práticas do meio ambiente", declarou.
Na ação inicial do Ministério Público, de outubro de 2024, o promotor Carlos Henrique Prestes Camargo apontou "danos irreversíveis ao patrimônio ambiental" da capital. "O perigo decorre da destruição definitiva de uma área de suma importância para a cidade e, especialmente, para a população que reside no bairro da Lapa, comprovadamente desprovido de áreas verdes."
Moradora do bairro há décadas, Elysa Levi Fonseca, de 88 anos, defende a importância do local também do ponto de vista histórico. "Era uma área verde de um colégio muito frequentado, onde era feita a formação de padres salesianos", conta.