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Com novo rodízio, ônibus municipais tiveram 540 mil embarques a mais em São Paulo

Linhas municipais tiveram 37% dos passageiros nesta segunda, em comparação período pré-pandemia; média da semana passada foi de 31%

12 mai 2020 - 19h09
(atualizado às 20h51)
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SÃO PAULO - Com a implantação do novo rodízio de veículos em São Paulo, que atinge cerca de 50% da frota, os ônibus da capital tiveram ao menos 270 mil novos passageiros nesta segunda-feira, 11. Os dados são da SPTrans, que no primeiro dia de rodízio ampliado registrou 540 mil embarques a mais nos veículos, em relação à média da semana passada.

Ao mesmo tempo, o isolamento no primeiro dia de rodízio aumentou um ponto percentual na cidade, em relação à segunda-feira anterior. Uma média de 48% da população ficou em casa na maior parte dos dias da semana passada, e o índice subiu para 49% nesta segunda-feira.

O novo rodízio foi implementado na capital pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) para incentivar moradores a permanecerem em casa, em meio ao combate à pandemia do novo coronavírus. Com as novas regras, carros com placas de final par (0,2,4,6 e 8) circulam só nos dias pares. Nos dias ímpares, apenas aqueles com placas de final ímpar (1,3,5,7 e 9). As regras valem por 24h ao dia, há exceção para quem presta serviços essenciais.

Um total de 3,3 milhões de embarques ocorreram nos ônibus municipais no primeiro dia de rodízio. Na semana passada, a média era de 2,8 milhões. Para dar conta do aumento, a SPTrans aumentou o número de ônibus municipais em circulação e opera com cerca de 65% da frota.

"As equipes de campo da SPTrans continuam monitorando a movimentação de passageiros e farão os ajustes necessários para garantir o transporte público à população, em especial aos trabalhadores de serviços essenciais", disse a companhia, em nota.

O aumento no fluxo de passageiros se repetiu no Metrô e nos trens metropolitanos, segundo estimativas preliminares do governo estadual, enquanto o trânsito de veículos diminuiu nas ruas.

Nesta terça, 12, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou pico de 2 km de congestionamento e 7 km de lentidão. Na semana passada, a capital tinha um total de 10 km de congestionamento e 19 km de lentidão, o que aponta para uma redução expressiva na circulação de carros. Houve, no entanto, aumento no trânsito registrado entre os dois primeiros dias do novo rodízio.

Em entrevista à rádio Eldorado na segunda, 11, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, apontou um aumento que variou de 11% a 15% no Metrô e nos trens da CPTM, dependendo da região

1,5 milhão de veículos a menos

Questionada, a Prefeitura disse que o rodízio emergencial foi adotado por indicação de especialistas da área de saúde, e que a medida resultou em 1,5 milhão de veículos a menos circulando na capital. "O índice de isolamento social, que era de 46% na última sexta-feira, passou para 49%, situando-se dois pontos percentuais acima da média do Estado de São Paulo", disse a gestão municipal, em nota.

A Prefeitura argumentou que o aumento na demanda por ônibus, que subiu de 31% para 37%, "equivale a 540.000 embarques, totalizando 270 mil passageiros". Em nota enviada ao Estado anteriormente, a SPTrans havia informado à reportagem que "foi registrado o porcentual de passageiros de 37% dos 9 milhões transportados, em média, por dia útil antes da quarentena".

"A Prefeitura reforça que o rodízio é uma medida necessária para ajudar a cidade a atingir índices entre 55% e 60%, marca fundamental para a curva de casos de Covid-19 ficar achatada e garantir que o sistema de saúde possa prestar o atendimento à população", diz a gestão municipal.

Liminares negadas

As regras do rodízio ampliado na capital foram alvo de ações judiciais que pedem seu cancelamento. A juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, negou nesta terça, 12, liminar à ação que solicitava a suspensão do rodízio emergencial de veículos em vigor na capital paulista. A ação havia sido ajuizada pelo vereador Fernando Holiday (Patriota).

"Não restou demonstrada a ilegalidade do ato administrativo combatido", escreveu a juíza. A decisão foi no mesmo sentido de uma ação similar. Um dia antes, o juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, já havia negado outro pedido de suspensão do novo rodízio, protocolada pela vereadora Janaina Lima (Novo).

Na decisão, o juiz entendeu que a Prefeitura não desrespeitou nenhuma lei ao instaurar o novo rodízio, como alegava a vereadora. Ele também considerou que a ação judicial não é a medida adequada para cobrar esclarecimentos da Prefeitura sobre o rodízio.

"A medida judicial requerida não é adequada para que se cobrem esclarecimentos acerca da motivação que embasou o ato administrativo", escreveu Koyama.

Estadão
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