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Cancelamento de fogos e bloqueio deixa praia vazia em Copacabana, mas outras praias têm aglomeração

Ipanema e Tijuca foram pontos em que houve concentração de pessoas; em Cabo Frio, PM precisou dispersar multidão de madrugada

1 jan 2021 - 18h40
(atualizado em 2/1/2021 às 16h45)
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RIO - Apesar das ruas relativamente vazias, do cancelamento do show de fogos de artifício na orla e da chuva fina e intermitente em Copacabana, o Rio registrou aglomerações em comemorações pela chegada do ano-novo em alguns pontos da cidade e outros destinos turísticos do Estado, como a Região dos Lagos.

Vídeos postados nas redes sociais e imagens de TV mostraram areias lotadas na Praia do Forte, a mais famosa de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense. O local ficou tão cheio que houve confusão. Por volta das 2h45 da manhã, um "princípio de tumulto" exigiu intervenção de agentes da Polícia Militar, com "emprego de armamento de menor potencial letal para dispersar a multidão", informou a Polícia Militar.

Na Praia de Ipanema, bairro vizinho a Copacabana, imagens aéreas da TV Globo mostraram uma aglomeração na altura da Rua Farme de Amoedo, ainda na tarde de quinta-feira, 31. Vídeos e comentários postados mais tarde no Twitter sugerem que a celebração foi até a madrugada desta sexta-feira, 1º.

Além do cancelamento da queima de fogos de artifício promovida pela Riotur, o órgão municipal de promoção do turismo, a Prefeitura carioca impôs bloqueios nas entradas de Copacabana. Apenas moradores e turistas hospedados em hotéis do bairro podiam entrar após as 20 horas.

As vias de boa parte da orla da cidade, do Leme, na zona sul, ao Pontal, na zona oeste, ficaram interditadas na virada de ano. Mesmo assim, houve relatos de aglomeração na Praia do Pepê e em bares na Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, na virada do ano. A partir das 3 horas desta sexta-feira, 1, as vias começaram a ser reabertas, informou o Centro de Operações da Prefeitura.

Aglomerações são de responsabilidade de frequentadores, organizadores e poder público, diz especialista

Colunista do Estadão, professor da USP e da FGVSaúde e ex-presidente da Anvisa, o sanitarista Gonzalo Vecina Neto aponta que as aglomerações na virada do ano são de responsabilidade tanto dos frequentadores e organizadores quanto do poder público, que deveria coibir esse tipo de evento. "São frutos de comportamentos individuais e atitudes políticas de governantes", descreve.

Para ele, a ação do poder público foi decisiva para coibir aglomerações em espaços que costumeiramente reúnem grande público anualmente. "Em locais em que houve pressão para que não ocorressem aglomerações, tivemos menor chance. A ação do poder público foi determinante e, com certeza, terá consequências no momento seguinte."

O professor aponta que o desrespeito ao distanciamento social nesses eventos impulsionará uma "explosão" de casos da covid-19 em cerca de cinco dias, em um cenário em de alta nas taxas de transmissão. Essa situação impactará especialmente o sistema de saúde das cidades procuradas pelos turistas, mas, também, as cidades a que eles retornarão após as festividades.

Ele destaca, ainda, que o Ministério Público deveria atuar para punir os responsáveis pelas grandes aglomerações. "É função do Ministério Público tomar uma decisão. Se não tomar, estamos órfãos de mais esse poder dentro da vida política brasileira."

Estadão
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