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Bairro carente do Rio vê visita do Papa como caminho para "redenção"

11 mai 2013 - 06h07
(atualizado às 06h35)
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A missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que o papa Francisco oficiará para dois milhões de pessoas, é vista como uma espécie de redenção pelos moradores do bairro de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

É lá, em um terreno que foi chamado de "Campus Fidei" ("Campo da fé") pelos organizadores da JMJ, que acontecerão a vigília dos jovens e a missa de encerramento, nos dias 27 e 28 de julho.

Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que, segundo dados do IBGE no ano 2000, ficou em 118º entre as 126 regiões analisadas na capital fluminense, Guaratiba tem carências que seus moradores esperam que sejam resolvidas em função da presença do papa.

"O papa vai nos abençoar. Isso vai ser uma terra santa", disse à Agência Efe Joel da Silva, um vendedor ambulante que conta que chegou a Guaratiba há mais de 30 anos vindo de Pernambuco em busca de uma vida melhor.

Joel espera lucrar bem em julho com a venda de água, refrigerantes e bolos à multidão que é esperada para assistir à Eucaristia papal.

Enquanto observava o movimento de trabalhadores e máquinas que preparavam o terreno, Lauro Luis Santos, natural da Bahia, disse em sua pequena loja na comunidade do rio Piraquê, perto do que será o "Campus Fidei", que a presença do papa "com certeza" será positiva para o bairro e para o cristianismo.

"Acho que bastante gente virá por causa do papa, e muitos que não creem (em Deus) começarão a crer", afirmou Lauro, em cuja vizinhança proliferam templos evangélicos e só há uma pequena Igreja Católica.

As obras para a construção do templo onde ficará o altar e para o fornecimento de água e eletricidade ao imenso terreno atraem a atenção de crianças e adultos, alguns dos quais dizem que já se sentem beneficiados com esses trabalhos.

É o caso de Claudia Santos, filha de Lauro, que em seu modesto salão de beleza comemora que as autoridades tenham começado a limpar um valão que fica em frente a sua casa e onde até há poucas semanas só havia mato e lixo.

"O papa nem chegou e já estamos vendo melhoras porque o valão inundava a cada vez que chovia", disse ela à Efe enquanto olhava com seus dois filhos pequenos uma escavadeira retirar montanhas de detritos e lodo do leito do valão.

A expectativa aumenta porque os rumores que circulam pela comunidade do rio Piraquê são de que, depois da missa do papa, será construído no local um conjunto de imóveis populares do programa governamental "Minha casa, minha vida".

Em outra parte do terreno, margeada por uma estreita estrada que dá acesso ao lugar onde dezenas de operários fazem a terraplanagem para a construção do altar, os moradores também aproveitam para conseguir uma renda extra com o incomum movimento de trabalhadores.

Um deles é Vera Lucia, uma mulher de cerca de 50 anos que, com seu marido Marcos, montou na frente de sua casa um quiosque no qual vende de bebidas a refeições rápidas para os operários, curiosos e visitantes do "Campus Fidei".

"Planejava colocar poucas coisas, mas agora estou acrescentando mais, me abastecendo de mais produtos devido ao movimento de pessoas, de trabalhadores", explicou a mulher.

Tanto Vera Lucia como Vânia Reis, um dona de casa que tem um bar na mesma estrada, dizem estar dispostas a alugar suas casas aos jornalistas ou peregrinos que vão à região em busca de um lugar para pernoitar nos dias prévios à missa de encerramento da JMJ, e garantem que já receberam propostas muito mais altas do que suas rendas mensais médias.

Mas além das possibilidades de ganhar um dinheiro extra, o que quase todos querem é ter a oportunidade de ver ao vivo e de perto o papa Francisco.

O papa "é uma pessoa muito humilde, que surpreendeu muitos", disse Vera Lucia à Efe.

"Acho que todos pensam como eu, conhecer o papa é uma honra", finalizou.

EFE   
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