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BA: Dilma entregará imóveis do Minha Casa, Minha Vida sem energia

15 out 2013 - 05h59
(atualizado às 15h38)
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<p>Para entregar os 1.740 imóveis, distribuídos em quatro conjuntos, o governo federal investiu R$ 96,6 milhões</p>
Para entregar os 1.740 imóveis, distribuídos em quatro conjuntos, o governo federal investiu R$ 96,6 milhões
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra

A presidente Dilma Rousseff (PT) entregará nesta terça-feira, em Vitória da Conquista (BA), mais de mil imóveis do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida. As residências, no entanto, ainda não possuem energia elétrica instalada.

Ao todo serão entregues 1.740 imóveis, dos quais só 275 haviam recebido energia até segunda-feira, de acordo com a Companhia Elétrica do Estado da Bahia (Coelba). Para conseguir fazer as ligações a tempo, a concessionária colocou 11 equipes no local.

"A previsão é que todas as demais unidades sejam ligadas até a próxima sexta-feira", informou a Coelba. Os beneficiários receberam as chaves na última quarta-feira, para quando estava prevista viagem de Dilma à cidade para entregar as casas. Segundo a Caixa Econômica Federal, a entrega das residências sem energia é um procedimento padrão, cabendo aos proprietários a responsabilidade de pedir a ligação à rede - até a segunda-feira, 952 moradores já haviam feito a solicitação.

No entanto, os moradores reclamam da demora na ligação, já que os imóveis possuem a fiação pronta, mas não há fios entre o poste e os blocos onde ficam as residências, nem há registro. Os beneficiários reclamam do fato de terem de pedir a ligação, pois, segundo eles, já fizeram o cadastro há anos. Na opinião de moradores ouvidos pelo Terra, o governo poderia agilizar o processo, já que há certeza, meses antes da entrega, que a residência será ocupada.

A maior parte dos imóveis está vazia, mas já houve quem se antecipasse com a mudança, como a funcionária pública Fabiana Oliveira Lira, 29 anos, cuja casa foi uma das que receberam energia nesta segunda-feira. “Já estou morando aqui há dois dias, estava à luz de velas e colchão, os móveis chegaram hoje”, disse ela, enquanto arrumava a casa.

A Coelba informou que, para facilitar o acesso dos proprietários destes imóveis aos serviços da empresa, instalou desde a última quarta-feira uma Agência Móvel de Atendimento no local, onde moradores com o Número de Identificação Social (NIS) poderão fazer cadastro na Tarifa Social de Energia.

Para entregar os 1.740 imóveis, distribuídos em quatro conjuntos, o governo federal investiu R$ 96,6 milhões. Em Vitória da Conquista, quase 6 mil unidades já foram entregues. Os imóveis são de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, com varanda e quintal. Mais de 30 mil pessoas da cidade estão na fila de cadastro para receber uma casa.

Sem iluminação

Os problemas de energia não se restringem apenas às casas novas. No conjunto habitacional vizinho ao que será entregue nesta terça-feira, e que também é do Minha Casa, Minha Vida, moradores reclamam da falta de iluminação pública. O conjunto foi entregue em agosto de 2012. 

“À noite aqui é melhor nem sair, pois é muito perigoso”, diz a vendedora de acarajé Fernanda Borges, 25 anos, que reclama de estar pagando R$ 148 na prestação da casa. “Quando fiz o cadastro, me disseram que ia pagar R$ 50”, afirmou. “Tem gente aí paga R$ 25.”

A vizinha de Fernanda, Lucineide Silva Moreira, 30 anos, também questiona o valor considerado alto. “Nem eu e nem meu marido trabalhamos, não temos renda fixa, e mesmo assim pagamos R$ 160 de prestação”, disse ela, informando que está com sete contas atrasadas.

Protestos

Moradores desse conjunto prometem realizar protestos durante a visita de Dilma. “Estamos precisando de melhorias aqui no bairro. Não tem estrutura. Queremos um quebra-molas, faixas de pedestre, pontos de ônibus cobertos, segurança, e amanhã (hoje) vamos protestar”, completou Lucineide, reclamando ainda de que “há muita casa sem piso de cerâmica”.

Os beneficiários reclamaram da ausência de rondas da polícia no bairro, onde, em um dos imóveis, há a pichação “PCC Vida Loca”, em referência à organização criminosa paulistana Primeiro Comando da Capital (PCC). “O tráfico de drogas corre solto, aqui, todo mundo sabe, mas ninguém faz nada porque não quer se meter com bandido”, declarou um morador, sob anonimato.

A segurança no bairro, sobretudo à noite, é feita por uma empresa particular, que cobra R$ 25 de cada morador. Ficam duas motos com um segurança em cada rodando pelas ruas do bairro. As polícias Civil e Militar foram procuradas pelo Terra, mas, nos telefones passados por policiais, as ligações não foram atendidas. 

Sem piso

Em nota, a Caixa Econômica informou que os imóveis entregues em agosto de 2012 e que ainda estão sem cerâmica seguem “instalação dos pisos definida após a nova regra”, definida para a fase dois do programa, que prevê a entrega das casas já com o piso de cerâmica.

“Todas as 1.740 unidades dos empreendimentos que serão entregues nesta terça possuem piso”, afirmou a Caixa, que preferiu não comentar sobre a falta de segurança no local. “As questões de segurança do empreendimento são da alçada da Secretaria de Segurança Pública.”

Fonte: Especial para Terra
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