Adolescente que assassinou família vai passar por exame de sanidade mental, diz polícia
Adolescente de 16 anos foi apreendido após confessar ter matado o pai, a mãe e a irmã na residência em que moravam no interior de São Paulo
O adolescente de 16 anos que foi apreendido após confessar ter matado a família relatou os crimes com muita tranquilidade, segundo relatou o delegado Roberto Afonso em entrevista à repórter Paola Patriarca, divulgada pela TV Globo. Segundo a autoridade policial, será necessário um exame para determinar a sanidade mental do jovem.
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"O estado anímico dele, quando foi efetivamente entrevistado, num primeiro momento, ele estava tranquilo. Então, ele acabou confessando o que houve. O remorso é uma questão bastante difícil de a gente estabelecer aqui. É difícil a gente imaginar que você matou os pais e teve tranquilidade para poder falar sobre isso aí. É um caso que sempre choca", afirmou o delegado.
Segundo a autoridade policial, será necessário realizar um exame de sanidade mental para determinar se o garoto estava em plena capacidade mental quando cometeu o ato de matar seus familiares. "Porque nós também utilizamos o critério biológico para o menor de idade. Então, é um critério para política criminal. Leva-se em consideração o momento mental do adolescente, isso tudo tem que ser analisado, sem dúvida, com muita seriedade. O Ministério Público fará isso e vamos aguardar o laudo", acrescentou.
O delegado explicou que a solicitação do exame de rigidez é uma medida que a polícia pode tomar de forma proativa, sem a necessidade de esperar o período de três anos de internação do adolescente na Fundação Casa. Ele enfatizou que o exame pode ser realizado o mais cedo possível para determinar as condições que possam influenciar a decisão sobre a penalização ou não do adolescente, especialmente se ele apresentar algum problema específico.
Jovem afirmou que gostava da irmã
O adolescente afirmou em depoimento à Polícia Civil que gostava da irmã, mas que atirou nela porque acreditava que ela poderia impedi-lo de matar a mãe.
"Ele fala que deu um tiro na nuca do pai. Aí a irmã ouviu o disparo, e ele acessou o primeiro andar e efetuou um disparo no rosto da irmã. Aguardou a mãe chegar. A mãe chegou, e ele fez mais um disparo. Acertou a mãe. No dia seguinte, ele ainda pegou a faca e ainda esfaqueou a mãe porque ainda sentia raiva", disse a autoridade policial à repórter.
Policiais militares foram acionados pelo próprio adolescente, que relatou que na sexta-feira, 17, usou a arma do pai, o guarda civil municipal Isac Tavares Santos, de 57 anos, para cometer os crimes contra ele, a irmã, Letícia Gomes Santos, 16, e a mãe, Solange Aparecida Gomes, 50.
Segundo relatado pelo próprio adolescente à polícia, ele pegou a arma do pai, que era Guarda Civil Municipal de Jundiaí, e primeiro atirou contra ele. O disparo foi feito quando o agente estava na cozinha e de costas, por volta das 13h.
O menor também afirmou que tinha uma boa relação com a irmã, mas como a mãe chegaria na casa depois das 18h e ele queria matá-la, não iria conseguir manter a irmã em cativeiro e acreditava que ela poderia impedir o crime.
Então, segundo contou aos policiais, após atirar contra o pai, a irmã, que estava no primeiro andar da casa, ouviu o barulho do tiro e gritou. Em seguida, o adolescente foi até ela e atirou no seu rosto. A jovem morreu ainda no local.
A mãe chegou em casa apenas mais tarde, por volta das 19h. O adolescente afirma que ainda abriu o portão da garagem para que ela entrasse. Depois, ela teria entrada na cozinha e visto o corpo do marido, momento em que o adolescente também teria a matado.
"É um caso que sempre choca, né? Você tem familiares que foram assassinados por um outro familiar. É um homicídio intrafamiliar. Sempre chama atenção a frieza, porque são familiares. Matou três familiares e tem espaçamento de tempo. As questões nós vamos levantar, e mais pra frente vamos traçar um perfil do garoto. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer da necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Vamos aguardar o laudo", afirmou o delegado.
Adolescente não demonstrou arrependimento
Ainda segundo o delegado Roberto, o adolescente ficou surpreso ao saber que seria apreendido, mas não demonstrou arrependimento.
"Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: 'você vai ser preso'. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai estar analisando lá na frente", disse ele em entrevista à repórter.
Será realizada perícia nos celulares do pai, da mãe, da irmã, além do aparelho e computador do adolescente apreendido. A Polícia Civil também ouve vizinhos, amigos e familiares no inquérito policial que apura os crimes. É investigado se o menor agiu sozinho.
"A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação", destacou o delegado.
Relembre o crime
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o crime ocorreu na casa em que a família morava, na Rua Raimundo Nonato de Sá, Zona Oeste de São Paulo.
Os corpos, encontrados na residência da família na Vila Jaguara, apresentavam marcas de tiros e já estavam em processo de decomposição.
A arma e o celular do menor foram apreendidos e a perícia acionada. O adolescente foi conduzido à delegacia e, posteriormente, à Fundação Casa.
O caso foi registrado como ato infracional de homicídio - feminicídio, ato infracional de posse ou porte ilegal de arma de fogo e ato infracional - vilipêndio a cadáver no 33° DP (Pirituba).