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AC: promotor afastado nega envolvimento com facção, mas admite relações íntimas com presos monitorados

Investigação começou após o carro de Tales Tranin ser associado a uma tentativa de roubo; defesa alega "mal entendido"

18 set 2024 - 11h29
(atualizado às 12h04)
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Promotor Tales Fonseca Tranin é investigado por suspeita de envolvimento com facção criminosa
Promotor Tales Fonseca Tranin é investigado por suspeita de envolvimento com facção criminosa
Foto: Reprodução/TV Amazônica

Tales Fonseca Tranin, promotor de Justiça do Acre, é investigado por suposto envolvimento com uma facção criminosa. Afastado do cargo, ele negou a associação criminosa, mas admitiu ter tido encontros sexuais com presos monitorados. A informação é da TV Amazônica, afiliada da Rede Globo. 

A investigação começou a partir de um boletim de ocorrência, registrado em fevereiro de 2023, que associava o carro de Tranin a uma tentativa de roubo na Rua Rio de Janeiro. Em uma coletiva de imprensa, o advogado do promotor, Erick Valêncio, afirmou que se trata de um mal entendido. 

"Isso é algo que já está esclarecido nos autos e se deu num contexto de um contato em que ele foi buscar uma pessoa em um ponto de encontro combinado, essa pessoa abordou um cidadão que estava numa galeria comercial, pedindo emprestado o celular porque ele estava sem. Essa pessoa [suposta vítima] se assustou, e se afastou. Ele [o suspeito] então saiu, o carro do promotor já tinha chegado, e essa pessoa entrou, foi embora com ele [promotor]. A pessoa que foi abordada, que teve o celular solicitado, entrou em contato com o 190 e informou que havia uma pessoa em atitude suspeita", afirmou o advogado. 

O advogado esclareceu que os encontros aos quais Tranin marcava ocorreram exclusivamente em sua residência e “mediante pagamento”. Na última quinta-feira, 12, o Ministério Público do Acre foi autorizado pelo Tribunal de Justiça do estado a investigar a suposta conduta do promotor. Ele foi afastado, e o caso segue em sigilo. 

Titular da 4ª Promotoria Criminal de Execução Penal e Fiscalização de Presídio desde 2019, Tranin foi uma das principais autoridades a negociar com os presos, em julho do ano passado, durante a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco.

Quando o caso veio à tona, a defesa dele decidiu realizar a coletiva para esclarecer as acusações. "Esses dados, como eu já disse, integram um procedimento administrativo disciplinar, que posteriormente teve uma investigação autorizada. Não há ação penal, não há denúncia, não há nada disso. Há uma investigação que decorre de fatos desse procedimento administrativo e que estão em apuração”, declarou o advogado. 

A defesa ainda disse que é falsa a informação de que o promotor tenha tido relação sexual nas inspeções dentro do Complexo Francisco Oliveira Conde, e nega que seu cliente tenha qualquer envolvimento com membros de organizações criminosas. 

"O doutor Tales vem sendo investigado administrativamente em razão de contatos de natureza sexual que ele teve com algumas pessoas que eram monitoradas [pela Justiça]. Esses contatos se deram exclusivamente em sua residência e mediante pagamento. Isso [relações íntimas dentro da prisão] não consta sequer de conjectura dentro do procedimento administrativo. Em momento algum isso foi mencionado nesse procediemento", reforça. 

Ele também alega que é mentira que o Tranin tenha usado de sua posição para interferir em processos de apenados dentro do complexo. “Tanto, que nem o parecer que ele apresentou contra algumas dessas pessoas foi rechaçado pelo juiz das execuções penais."

"Inclusive, em sete desses processos, eu pedi a prisão ou regressão de registro de regime. Ou seja, foi exatamente o contrário a algum favorecimento", defendeu-se o promotor.

Valêncio ainda aponta que a situação coloca em risco a seriedade de seu cliente onde atuava nos últimos anos. “Num regime democrático pleno, nós teríamos essa investigação, como tem sido, conduzida há alguns meses já, de forma equilibrada, sigilosa como vem sendo conduzida, buscando a verdade. Infelizmente, se expôs a vida dele. Todos nós sabemos que foi feito um assassinato da sua reputação, a verdade é essa. [A reputação dele] só pode ser recomposta de uma forma, que é mostrando a verdade", finalizou. 

O Terra pediu um parecer do Ministério Público e do Tribunal de Justiça do Acre, mas até o momento, não teve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações. 

Fonte: Redação Terra
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