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'A 50 metros da minha porta', diz Beltrame sobre morte de cinegrafista

12 fev 2014 - 11h25
(atualizado às 11h38)
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Após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no Rio de Janeiro, na semana passada, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que "não pode ficar parado" e que é preciso fazer algo para evitar que casos como esse se repitam. "É preciso criar mecanismos, até preventivos, como proibição do uso de máscaras ou tipificação de crimes de desordem para lidar com esse fenômeno que é novo e pegou o País inteiro de surpresa. Ninguém esperava uma mobilização tão grande na internet, que chegasse às ruas com pessoas usando máscara de gás, coquetéis molotov ou estilingues incendiários", disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com ele, a elaboração dessa proposta começou após a Copa das Confederações e foi apresentada para o ministra da Justiça José Eduardo Cardozo. Sem resposta, agora será levada à Comissão de Constituição e Justiça do Senado. "Respeito o tempo do ministério, mas não posso esperar mais. Esse rapaz (o cinegrafista Santiago Andrade) morreu nas minhas costas, a 50 metros da minha porta. O ministério tem o seu tempo, mas a secretaria tem o seu. Aqui na ponta o tempo é outro. Já fui informado que em março o número de manifestações vai aumentar e não posso ficar parado", completou. 

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

Para delegado que investiga morte de cinegrafista, houve intenção de matarClique no link para iniciar o vídeo
Para delegado que investiga morte de cinegrafista, houve intenção de matar

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

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'Profissional de imprensa vai à guerra todo dia no Rio', diz jornalista

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

Fonte: Terra
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