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Áudio de Milton Ribeiro sugere interferência de Bolsonaro

24 jun 2022 - 17h42
(atualizado às 18h36)
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Uma interceptação telefônica sugere que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro começou a suspeitar que seria alvo de uma operação policial após receber uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Áudio de Milton Ribeiro sugere interferência de Bolsonaro
Áudio de Milton Ribeiro sugere interferência de Bolsonaro
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A conversa ocorreu no dia 9 de junho, antes da operação "Acesso Pago", que investiga corrupção e tráfico de influência dentro da pasta, prender o ex-ministro e os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, no último dia 22.

A suspeita de interferência de Bolsonaro embasou nesta sexta-feira (24) a decisão do juiz Renato Borelli de enviar o caso para a análise do Supremo Tribunal Federal. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a medida é necessária porque há indícios de que o presidente interferiu na investigação e a operação vazou.

Em conversa divulgada pela GloboNews, Ribeiro diz para sua filha que conversou com Bolsonaro e que ele teria dito estar com "pressentimento" de que o ex-ministro poderia ser alvo de um inquérito.

"Hoje o presidente me ligou, ele está com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos para ele, né?", disse Ribeiro no trecho que está em investigação da Polícia Federal.

"Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha.

O ex-ministro então respondeu: "Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?".

No relatório com as transcrições, a PF cita que o "ele" citado pelo ex-ministro é Bolsonaro.

Em nota, o advogado de Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou que o áudio foi realizado antes da deflagração da operação e questionou a competência da Justiça Federal em Brasília em julgar o caso, após a investigação ser enviada ao STF.

"Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", informou a defesa.

Bolsonaro -

Ontem, Bolsonaro disse, em transmissão ao vivo, que acredita na inocência de Milton Ribeiro, principalmente porque não há "materialidade nenhuma" para a prisão, "mas serviu para desgastar o governo, para fazer uma maldade na família do Milton".

"Se tiver algo de errado na família do Milton, ele é responsável pelos seus atos. Mas eu não posso desconfiar, levantar uma suspeição contra ele de forma leviana", declarou.

O presidente afirmou ainda que a prisão do ex-ministro foi decretada para prejudicar a sua campanha de reeleição à presidência da República e minimizou os crimes pelos quais Ribeiro é investigado.

"Nem deveria ter sido preso. E olha a maldade: tem a prisão preventiva e a temporária. Deram logo a preventiva para ficar logo preso ali até a campanha. Quando acabasse as eleições, ele ia ser colocado em liberdade", finalizou.

Ansa - Brasil   
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