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Bebês reborn: o que está por trás dos bonecos que imitam recém-nascidos?

Especialista analisa as funções emocionais por trás da "adoção" de bebê reborn, revelando desde necessidades afetivas até mecanismos de negação da realidade

20 jun 2025 - 10h29
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O mercado de bebês reborn — bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos — cresce no mundo todo, gerando renda, polêmica e debates profundos sobre emoção, perda e carência. Embora pareçam apenas brinquedos, esses bonecos muitas vezes ocupam funções simbólicas complexas na vida de adultos, especialmente mulheres.

Foto: Freepik / Porto Alegre 24 horas

Feitos com detalhes minuciosos, como veias, cílios e cabelo implantado fio a fio, os reborn são confeccionados em vinil ou silicone por artistas especializados. A aparência realista é tamanha que muitos são confundidos com bebês de verdade.

Desejo, carência e função simbólica

Segundo o psicanalista Christian Dunker, da USP, o fascínio por reborns está ligado à ideia de desejo como falta. Eles podem assumir três funções:

  • Substituição lúdica, como uma brincadeira simbólica de cuidado materno;
  • Fetiche, quando o boneco se torna central para o equilíbrio emocional;
  • Negação do luto, ao representar uma tentativa de evitar a dor pela perda de um filho ou a impossibilidade de engravidar.
  • Em todos os casos, há uma tentativa de preencher vazios emocionais profundos. "O reborn é um bebê que não chora à noite, não atrapalha a vida conjugal e pode ser guardado na gaveta quando não se quer brincar de ser mãe", resume Dunker, destacando o contraste com os sacrifícios reais da maternidade.

    Quando o reborn vira terapia — ou alerta

    Embora usados em terapias com idosos e pessoas em luto, os reborns levantam preocupações quando substituem relações reais. A dependência emocional por um objeto inanimado pode dificultar o enfrentamento de frustrações e perdas.

    Além disso, há um desconforto cultural: enquanto bonecas sexuais são aceitas, a simulação da maternidade com um reborn gera mais estranheza. Isso ocorre, segundo Dunker, porque desafia a ideia de que filhos são insubstituíveis e mexe com o limite entre vida e morte, humano e objeto — o chamado "vale da estranheza".

    Para Dunker, o sucesso dos reborns revela mais do que excentricidade: expõe uma sociedade cada vez mais individualista, que busca controlar os vínculos e evitar a dor. Em tempos de relações digitais e substitutos tecnológicos, os reborns mostram como a carência pode ser terceirizada — mas não resolvida.

    Casos incomuns

    Algumas das bizarrices que envolvem o fenômeno são: aparição em novela da Rede Globo, na qual os personagens fazem um parto; mulher que acionou a Justiça após virar alvo de piada no trabalho por pedir licença-maternidade para cuidar de bebê reborn; mãe que leva bebê reborn da filha de 4 anos para tomar vacina em posto de saúde de Santa Catarina; babás de bebê reborn; Igreja tradicional de Salvador emitindo comunicado contra batismo de bebê reborn; até homem que agrediu uma bebê real achando que era um reborn.

    Esse fenômeno é só mais um capítulo na saga da humanização de objetos. De bonecas sexuais a parceiros virtuais, a tecnologia avança para preencher carências, mas esbarra em dilemas éticos.

    *Com a informação Jornal da USO

    Porto Alegre 24 horas
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