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Alemanha dá adeus às minas de carvão

21 dez 2018 - 18h51
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País fecha oficialmente último local de extração. Combustível foi fundamental para o desenvolvimento econômico alemão por quase dois séculos. Com material importado, continuará alimentando usinas de energia.A Alemanha e especialmente a região do Vale do rio Ruhr se despediram oficialmente das minas de carvão. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, participaram nesta sexta-feira (21/12) da cerimônia de desativação oficial da mina Prosper-Haniel, na cidade de Bottrop, a última ainda em funcionamento.

Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, segura último pedaço de carvão retirado da mina Prosper-Haniel
Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, segura último pedaço de carvão retirado da mina Prosper-Haniel
Foto: DW / Deutsche Welle

Em seu discurso, Juncker afirmou que sem carvão e aço não haveria unificação europeia. "Carvão e prosperidade são inseparáveis", frisou, diante dos 500 convidados do evento. Steinmeier recebeu na cerimônia a última pedra de carvão retirada da mina.

Há muitos anos, o carvão só vem sendo extraído na Alemanha graças aos altos subsídios. Nos últimos tempos foram necessários mais de 1 bilhão de euros anuais para compensar a diferença de preço para o mercado mundial.

Por muitos anos, o carvão foi o maior beneficiário da ajuda financeira federal direta. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha calculou que, para cada operário da mineração, eram necessários quase 80 mil euros em subsídios.

Desativação sem demissões

Nos melhores tempos da década de 1950, mais de 600 mil pessoas trabalhavam no setor. Agora, a mineradora RAG ainda emprega cerca de 3.400 funcionários. O grande corte de postos de trabalho ocorreu sem a necessidade de demissões - também graças a bilhões de dólares investidos nos planos especiais de aposentadoria antecipada para mineiros, que podem se aposentar aos 50 anos, após 25 anos de trabalho. Só nos últimos 20 anos, 45 mil mineiros se aposentaram antecipadamente segundo informação da RAG.

Mesmo após o fechamento da última mina de carvão na região do Ruhr, o combustível continua a ser usado em usinas de energia e siderúrgicas na Alemanha.

Cerca de 13% da eletricidade gerada na Alemanha este ano vêm do carvão, já predominantemente do produto importado. Em Datteln, na região do Ruhr, é prevista até mesmo a inauguração de uma nova usina de carvão. O início das operações foi adiado diversas vezes por problemas técnicos.

A empresa de mineração RAG não vai desaparecer com o fim da mineração de carvão, pois recebeu uma garantia de existência permanente. A empresa vai assumir o trabalho de bombeamento de água das minas desativadas. A medida, realizada de forma permanente, retira água em grandes quantidades das minas para que os lençóis freáticos sejam protegidos e a região não se torne uma área alagada. Para essas tarefas, no entanto, apenas cerca de 500 funcionários são necessários.

Preservação cara

O bombeamento e outras medidas de conservação custarão pelo menos 220 milhões de euros por ano. Uma fundação criada especialmente para o financiamento dessas tarefas deve garantir que esses custos não sejam pagos pelo contribuinte.

A lenta desativação das minas de carvão nos estados alemães de Renânia do Norte-Vestfália e Sarre, tradicionais produtores do minério, começou de fato já em 1958. Naquela época, o carvão importado mais barato e os baixos preços do petróleo levaram a uma profunda crise na mineração do carvão, indústria que, no território alemão, tem raízes na Idade Média.

A atividade mineradora começou há mais de 900 anos na parte ocidental da atual Alemanha - na bacia carbonífera de Aachen, a mais antiga da Europa continental. Documentos comprovam também a existência de minas de carvão por volta do ano 1300 na região do rio Ruhr e, um pouco mais tarde, na do rio Sarre.

Máquinas

Mas a história da mineração industrial de carvão começou no século 19, quando novas máquinas permitiram que os mineiros extraíssem o ouro negro de profundidades cada vez maiores. Com esse carvão qualitativamente melhor foi produzido aço, e a região do Ruhr se tornou o centro industrial da Alemanha.

Em 1853, mais de dois milhões de toneladas de carvão foram extraídas na região. Nos anos da reconstrução da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial eram 150 milhões de toneladas por ano. Mas, já nesse tempo do milagre econômico do pós-Guerra, o pulso da próspera indústria do carvão foi ficando mais fraco a cada ano.

A queda dos preços do carvão importado acelerou a desativação das minas. De 1960 a 1980, o número de minas de carvão na Alemanha caiu de 146 para apenas 39. Em 2000, havia apenas 12 minas de carvão em operação. As últimas restantes estavam nas cidades de Bottrop e Ibbenbüren. A produção nacional caiu de quase 150 milhões de toneladas de carvão em 1957 para 7,6 milhões de toneladas em 2014.

MD/afp/dpa/kna

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