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Quem foi a ministra de direita que conseguiu legalizar o aborto na França em 1975?

Simone Veil é um ícone da emancipação feminina para as francesas; sobrevivente do Holocausto, foi ministra da Saúde no país

11 mar 2024 - 05h00
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Simone travou uma batalha difícil com a oposição ao propor a lei do aborto
Simone travou uma batalha difícil com a oposição ao propor a lei do aborto
Foto: Mousse/ABACA via Reuters Connect

Burguesa e comprometida com os direitos dos oprimidos. De direita e progressista. Judia e laica. Essa é Simone Veil, uma figura complexa que entrou para a história ao defender o projeto de lei que garantiu a legalização do aborto na França, em 1975. 

Em 2024, o país se tornou o primeiro do mundo a incluir o direito ao aborto na Constituição. Agora, passou a ser constitucional o suporte à interrupção voluntária da gravidez (IVG, sigla adotada pelos franceses). 

Mas, há quase 50 anos, o nome que impulsionou essa luta foi o de Simone Veil. Ícone da emancipação feminina e sobrevivente do Holocausto, ela foi ministra da Saúde no governo conservador de Valéry Giscard d'Estaing – que governou de 1974 a 1981. 

Simone foi nomeada em 1974. Na época, o então primeiro-ministro, Jacques Chirac, deu o sinal verde para que ela avançasse na proposta de descriminalização do aborto.

Como era de se esperar, Simone travou uma batalha difícil com a oposição e foi alvo de duras críticas dos conservadores, que rejeitaram o projeto. Chegou a ser acusada na Assembleia Nacional de apoiar o genocídio e querer atirar fetos ao “forno crematório”.

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Em discurso histórico em 26 de novembro de 1974, ela argumentou que médicos, servidores sociais e cidadãos já se viam compelidos a participar de "ações ilegais" para ajudar as mulheres que decidiam interromper a gravidez. 

“Eles sabem que, ao recusar conselho e apoio, estão abandonando [a mulher] na solidão e na angústia de um ato perpetuado nas piores condições e que periga deixá-la mutilada para sempre”, disse, durante uma marcha a favor da iniciativa.

A descriminalização do aborto foi aprovada três dias depois desse discurso e batizada de Lei Simone Veil. 

Ministra impulsionou a luta feminista na França
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Foto: Reprodução/“Simone – A Viagem do Século”

Trajetória de Simone Veil

Nasceu em Nice, em 13 de julho de 1927, em uma família judia. Simone foi detida em Auschwitz. Sua mãe morreu naquele campo de concentração, vítima de tifo. Seu pai e irmão foram assassinados na Lituânia e seus corpos nunca foram encontrados.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, ela estudou Direito. Depois, casou-se com Antoine Veil e ingressou na carreira judiciária, iniciando sua vida pública. Chegou a ser a primeira mulher eleita presidente do Parlamento Europeu, entre 1979 e 1982. 

Anos depois, voltou a ocupar um cargo ministerial como titular de Saúde e Assuntos Sociais no governo do primeiro-ministro Edouard Balladur, entre 1993 e 1995. Fez parte do Conselho Constitucional entre 1998 e 2007 e entrou para a Academia Francesa em 2008. Simone Veil morreu em 30 de junho de 2017, aos 89 anos, em Paris. 

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Fonte: Redação Nós
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