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Caso Daniella Perez: A busca pela verdade além dos autos

Na série “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” (HBO Max) a novelista Gloria Perez revive detalhes da morte trágica da filha

22 jul 2022 - 12h12
(atualizado às 14h59)
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Gloria Perez conta como investigou assassinato da filha, Daniella Perez
Gloria Perez conta como investigou assassinato da filha, Daniella Perez
Foto: Instagram/@gloriafperez / Famosos e Celebridades

Quando se deparou com o corpo da filha Daniella, morta a golpes de tesoura num matagal na zona oeste do Rio de Janeiro, Gloria Perez revelou que teve vontade de colocá-la de volta no ventre. “Depois que um filho nasce você não consegue mais se lembrar da sua vida sem a presença dele”, disse a autora em depoimento que faz parte da série documental Pacto Brutal.

Daniella foi morta na noite de 28 de dezembro de 1992, na mesma data em que o então presidente Fernando Collor de Mello renunciava ao mandato para evitar o impeachment. O fato político acabou engolido pelos desdobramentos do crime brutal contra a jovem atriz de 22 anos. Soube-se depois que os autores do assassinato eram Guilherme de Pádua, colega de cena de Daniella na novela Corpo e Alma, escrita por Gloria Perez, e a mulher dele, Paula Thomaz.

Através de depoimentos de atores, família e amigos de Daniella, a série revive as circunstâncias do crime e aponta algumas arestas não aparadas pelo trabalho da polícia. Gloria Perez, por exemplo, ficou surpresa ao saber que, em apenas nove dias, a polícia havia concluído o caso.

Aos olhos do público, a motivação do crime nunca teria ficado clara, na opinião da novelista. Prevaleceram versões, em que ficção e realidade foram embaralhadas. Como esperado, na versão do assassino a vítima era culpada pelo crime, um clássico do ideário canalha.

Diante dos rumos que o caso tomou, Gloria Perez passou a investigar o assassinato por conta própria, atitude comum entre mães de filhos brutalmente assassinados. Mães que, num momento de extrema dor, armam-se de coragem, desafiam versões oficiais e lutam em busca da verdade. E, em boa parte dos casos, sequer vêem os verdadeiros assassinos de seus filhos serem acusados ou presos.

Zuzu  ficou conhecida nacional e internacionalmente não só pela carreira, mas pela busca sem fim ao corpo do filho
Zuzu ficou conhecida nacional e internacionalmente não só pela carreira, mas pela busca sem fim ao corpo do filho
Foto: Reprodução

Basta lembrar da incansável determinação da estilista brasileira Zuzu Angel em investigar o paradeiro do filho Stuart Angel em plena ditadura militar. Em 1971, ele foi capturado, torturado e morto por agentes do regime. Zuzu viveu até o final de seus dias à procura do corpo do filho, que até hoje não apareceu. Zuzu só foi calada quando, ao voltar para casa de um jantar com amigos, seu carro foi jogado para fora da pista por outro veículo, pilotado por um agente da ditadura, e ela caiu de uma altura de 10 metros.

Zuzu foi comparada a uma solitária mãe da Praça de Maio, em referência ao grupo de mulheres cujos filhos desapareceram durante a ditadura argentina. Desde 1977, as mães se reúnem todas às quintas em frente à Casa Rosada, sede do governo, cobrando esclarecimentos.

No Brasil, há 32 anos, as Mães de Acari lutam contra a violência policial e pelo fim da impunidade. O crime conhecido como Chacina de Acari, prescreveu em 2010, sem que nenhum acusado fosse penalizado pelo desaparecimento de 11 pessoas, 7 delas adolescentes. Mas as Mães de Acari se mantêm como um exemplo de força e de articulação das mulheres negras da periferia.

Suas vozes ecoam e inspiram outras mães que, da noite para o dia, têm suas vidas transformadas por um ato de brutalidade. São mulheres que se tornam gigantes, buscam coragem das profundezas, munidas pelo eterno amor aos filhos.  

Fonte: Redação Terra
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