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Médico de Goiás é alvo de mais uma denúncia de abuso; Justiça determina uso de tornozeleira eletrônica

MP pediu novamente a prisão do médico, mas Justiça manteve decisão anterior e recusou detenção mais uma vez

6 mar 2025 - 17h56
(atualizado em 7/3/2025 às 18h48)
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Alfredo Carlos é denunciado por mais uma paciente
Alfredo Carlos é denunciado por mais uma paciente
Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Mais uma paciente denunciou o médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, de 55 anos, por abuso sexual durante uma internação em um hospital de Goiânia (GO). Ele já era investigado por cometer o mesmo tipo de crime contra uma adolescente durante uma consulta médica.

Com a nova denúncia, o Ministério Público recorreu da decisão da Justiça, que havia negado a prisão do profissional de saúde, que cumpre pena em regime aberto pelo feminicídio da própria esposa. No entanto, a Justiça manteve o entendimento anterior, recusando mais uma vez a detenção do médico. Como medida adicional, além das cautelares já impostas, determinou que ele passe a usar tornozeleira eletrônica.

A paciente da nova denúncia relatou que, em abril de 2022, estava internada no Hospital Ruy Azeredo, acompanhada da irmã, após passar por uma cirurgia de emergência de apendicite. Por volta das 11h daquele dia, conforme seu depoimento, a irmã saiu para ir ao banheiro, e Alfredo, o médico que realizou a cirurgia, entrou no quarto onde ela estava. Ele a examinou por meio de um toque vaginal e, em seguida, saiu do local.

Cerca de 45 dias depois, durante o retorno para acompanhamento, a paciente questionou o médico sobre o motivo do toque vaginal. Ele explicou que se tratava de um procedimento para verificar possíveis sangramentos decorrentes da cirurgia de remoção do apêndice. A paciente afirma que só reconheceu o caráter inadequado do ato após assistir a uma reportagem da TV Anhanguera, afiliada da Globo, que abordava casos semelhantes praticados pelo médico.

Além disso, a paciente afirmou que atualmente trabalha em uma clínica de endoscopia, e profissionais da área relataram a ela desconhecer qualquer procedimento que justifique o toque na parte íntima, como o realizado pelo médico durante a internação.

No pedido de reconsideração da prisão do médico, o Ministério Público argumentou que o suspeito utilizou sua profissão como meio para cometer os crimes, o que caracteriza um abuso de confiança e uma forma de perpetuação de condutas criminosas. Além disso, destacou que a existência de múltiplos relatos de vítimas em situações semelhantes reforça a evidência de um risco concreto de que ele cometa novos delitos e de uma possível fuga.

"[...] O acusado não tem qualquer especialidade em ginecologia, não está apto a clinicar nessa área, muito menos a realizar exame de toque vaginal nas pacientes. Não bastasse, o toque vaginal não faz parte do exame de rotina após uma cirurgia de apendicite", afirmou o MP no documento obtido pelo Terra. A Justiça, no entanto, negou mais uma vez a detenção de Alfredo.

O Terra entrou em contato com a defesa de Alfredo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que, até o momento, não foi notificado pela Justiça sobre o caso. A situação do médico no Conselho é regular.

Já o Hospital Ruy Azeredo informou que o médico não integra o corpo clínico da instituição, que não faz parte da equipe de colaboradores e não possui qualquer vínculo institucional com a unidade hospitalar desde 18 de fevereiro de 2025.

Denúncia de adolescente

Outra paciente já havia denunciado Alfredo por abuso sexual. Ele teria abusado da vítima sob o pretexto de realizar uma manobra médica que, segundo o médico legista que atuou no caso, não faz parte da prática médica, conforme o MP.

O suposto caso de abuso ocorreu em 6 de abril de 2023, por volta das 16h, também no Hospital Ruy Azeredo, em Goiânia, quando a vítima tinha 17 anos.

Segundo as investigações, em março de 2023, a vítima agendou uma consulta com o médico, que atendia pelo plano de saúde dela na unidade, na especialidade de cirurgião gástrico, devido a dores de estômago. Ele era o único médico disponível na ocasião, e a vítima foi acompanhada pela mãe. Durante a consulta, o médico solicitou exames, incluindo endoscopia e ultrassom endovaginal. A vítima retornou no dia 6 de abril, também acompanhada pela mãe, para apresentar os resultados.

Após analisar os exames, o médico afirmou que a endoscopia estava normal, mas que a ultrassonografia endovaginal indicava uma condição chamada “anteversão do útero”, sugerindo que essa seria a causa das dores e que um procedimento seria necessário no próprio consultório, naquele momento.

Sob essa justificativa, o médico pediu que a adolescente retirasse a blusa, abaixasse a calça e se deitasse na maca. Ele a colocou em posição ginecológica, com as pernas abertas e a genitália exposta.

Segundo o MP, o médico primeiro disse que ensinaria a vítima a realizar o autoexame das mamas e acariciou seus seios. Em seguida, colocou uma luva e introduziu os dedos na vagina da paciente, manipulando o órgão genital por cerca de um minuto e meio, alegando que estava “colocando o útero no lugar”. A vítima sentiu dor, e a mãe pediu que ele parasse. Ele então retirou os dedos e afirmou que havia corrigido a posição do útero.

Alfredo ainda sugeriu à mãe da vítima que poderia realizar o mesmo procedimento nela, o que ela recusou. Durante a consulta, ele também mencionou práticas de masturbação, causando constrangimento, e determinou que a vítima retornasse após um mês para verificar se o útero estava na posição correta.

A adolescente, sentindo-se mal, procurou um ginecologista, que informou que o procedimento não tinha respaldo técnico. Diante disso, a vítima e a mãe registraram a ocorrência na delegacia.

Condenação por morte de ex-esposa

O médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior foi condenado, em 2011, a 14 anos de prisão pelo assassinato de sua ex-esposa, Magda Maria Braga de Mattos, ocorrido em Nova Lima (MG). O crime aconteceu em um hospital, em 1999. Na época, Magda havia sido internada para realizar uma cirurgia e tratar dores abdominais. O casal estava em processo de divórcio.

De acordo com as investigações, Alfredo, inconformado com a possibilidade de Magda estar se relacionando com outro homem, dirigiu-se ao leito da ex-esposa, dopou a mãe da vítima com um suco e adicionou álcool ao soro que Magda recebia. A substância, ao interagir com os medicamentos que ela tomava, causou sua morte. O médico foi condenado a cumprir a pena inicialmente em regime fechado, mas atualmente responde ao crime em regime aberto.

Fonte: Redação Terra
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