Exclusão que consome
No cotidiano das pessoas com deficiência, a exaustão está sempre presente.
A sobrecarga mental gerada pela eterna adaptação repentina nos consome profundamente.
Vivemos bombardeados por estímulos, assédios, ofertas, cobranças e uma ininterrupta carga de informações. Equilibramos nossas respostas em meio às inúmeras exigências que nos cercam enquanto tentamos incluir atividades que nos beneficiam.
É a dinâmica do mundo moderno, inquietação que acompanha a humanidade, balanço modificado de tempos em tempos, mas continuo.
No cotidiano das pessoas com deficiência, a exaustão sempre esteve presente. Não porque há deficiências, embora a convivência com condições que nos tornam diferentes seja um componente a mais. É a necessidade de reagir ou de apoiar quem não pode fazer isso sozinho. A vida atípica tem demandas específicas.
Há causas físicas para a exaustão, o resultado do esforço motor, o uso da energia para o movimento. E você sabe bem como é essa sensação. Pode haver prazer nesse cansaço, não específico de gente com deficiência, mas extenuante em outra escala na realidade atípica.
Precisamos administrar com estratégia, se possível, todas as imposições à existência diversa, especialmente quando não há mecanismos de ajuda, recursos de acessibilidade, quando somos obrigados a enfrentar discriminações, preconceitos e capacitismos até entre os mais próximos.
Costuma não ser perceptível para quem desconhece a rotina atípica, mas o que nos exaure de maneira muito mais agressiva é a frequente necessidade dos improvisos, de criar soluções imediatas para derrubar barreiras que já deveriam ter sido destruídas. A sobrecarga mental gerada por essa eterna adaptação repentina nos consome profundamente.
O que realmente nos esgota são as exclusões.