Capitão da Marinha é investigado por ter chamado um cabo de "chimpanzé"
Pedro Jorge da Rocha denunciou João Ricardo Reis Lessa após uma situação no trabalho, mas capitão disse que comentário foi uma ironia
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro está investigando João Ricardo Reis Lessa, capitão de Mar e Guerra da reserva da Marinha, por suspeita de ter cometido discriminação racial contra um cabo.
Pedro Jorge da Rocha, um homem negro, denunciou João Ricardo Reis Lessa por tê-lo chamado de “chimpanzé” enquanto trabalhavam na Amazul, empresa da Marinha.
Há cerca de dois meses, durante o período em que o cabo Rocha estava prestes a completar oito anos na Marinha, ele foi solicitado pelo capitão Lessa a buscar um documento em um setor diferente. No local, Rocha notou que o documento incluía um anexo inesperado e questionou a necessidade dele, mas foi orientado a levar o material assim. Depois de entregar o documento ao capitão, Rocha relatou ter sido alvo de um insulto.
"Quando ele chegou, ele virou assim: 'quem deixou esse documento?' Eu falei: 'Eu'. 'Vem aqui, ô seu chimpanzé. Você não sabe ler, não?'", teria dito Lessa, de acordo com o g1.
"'Você é um não-verbal, um chimpanzé, um animal que não sabe ler'. Aí eu fiquei meio sem entender. [O capitão teria continuado] 'Tira essa p* aqui da minha mesa'. Ele falou desse jeito", relatou Pedro Rocha ao veículo.
Ainda de acordo com o g1, três pessoas que presenciaram o incidente corroboram a versão do cabo Rocha. O capitão admitiu ter feito a ofensa, mas alegou que a intenção não era ofender, alegando que o comentário foi uma ironia. Lessa pediu desligamento da Amazul após investigação interna.
Manifestações
Em nota ao Terra NÓS, a Amazul se pronunciou e disse que “reitera seu compromisso com um ambiente de trabalho seguro, respeitoso e inclusivo”. A empresa confirmou a demissão do capitão Lessa e afirmou que estão “cooperando plenamente com as investigações”, transmitindo para a OAB-RJ todas as informações solicitadas.
O comunicado também tratou do futuro da empresa, destacando sua dedicação à implementação de um programa completo de apoio e capacitação em ética no local de trabalho. O programa incluirá palestras, podcasts e o lançamento de uma cartilha sobre assédio moral.
“Agradecemos à imprensa por trazer essas questões à luz e estamos empenhados em manter nossa integridade e o bem-estar de nossa equipe”, concluiu.
O Terra NÓS também entrou em contato com a Marinha e eventuais atualizações serão adicionadas à nota. O espaço segue aberto para a defesa de João Ricardo Reis Lessa se manifestar.