Vamos à la playa de carro elétrico. Será que o Dolphin Mini roda 300 km?
Cada vez mais pessoas utilizam carros elétricos no Brasil e o mais vendido é o pequeno Dolphin Mini, da BYD, mas dá para viajar com ele?
O Salão do Automóvel 2025 é a prova final de que os carros elétricos fazem parte do dia a dia dos brasileiros, com muitos lançamentos. Nos últimos dois anos, o campeão de vendas desse segmento é o pequeno Dolphin Mini, da BYD, que já tem mais de 45 mil unidades vendidas no país e agora está sendo montado na Bahia. O compacto chinês roda bem na cidade, mas… e na estrada? Dá para ir à praia com ele no fim de semana?
Dolphin Mini tem autonomia maior do que a indicada pelo Inmetro
Recentemente, encontrei em eletropostos da Rodovia Castello Branco três donos de Dolphin Mini que disseram estar fazendo longas viagens com o carro. Um deles vinha de Foz do Iguaçu, que fica a mais de 1.000 km de São Paulo. Óbvio que precisou fazer várias paradas para carregamento. Quem vai à praia num fim de semana, entretanto, quer algo mais prático.
Em muitas cidades brasileiras, a praia não fica muito longe. Fiz o roteiro de São Paulo ao Guarujá, que tem apenas 97 km (saindo do Shopping Eldorado e chegando na Praia de Pitangueiras). O Dolphin Mini marcava 380 km de alcance com 100% de bateria. Motoristas de Uber dizem que esse alcance é possível rodando só na cidade.
A viagem de ida e volta seria de 200 km, mas – por segurança – preferi considerar que seriam uns 300 km. Na estrada, viajando a 100 km/h, ele marcava 81% de bateria e 310 km de autonomia quando cheguei ao início da Serra do Mar. O consumo até ali foi de 11,9 kWh/100 km, portanto o carro estava fazendo 8,4 km por kWh.
100 dividido pelo consumo em kWh é quanto um EV faz por km
O BYD Dolphin Mini tem uma bateria de 38 kWh de capacidade, o que lhe dá, segundo o ciclo PBEV do Inmetro, uma autonomia real de 280 km com uma carga. Portanto, pelas contas do Inmetro, ele faz 7,4 km por kWh. Usando sempre o modo de condução Eco, eu estava no lucro no início da viagem.
Na descida da Serra do Mar, pela Rodovia dos Imigrantes, o Dolphin Mini regenerou energia. Com isso, a bateria subiu para 83% e a autonomia foi para 318 km. Ganhei 2% de energia e 8 km de autonomia. O ganho foi pequeno porque a potência do motor elétrico é de 75 cv (55 kW) e nem usei muito os freios.
Quando o Dolphin Mini chegou à Praia das Pitangueiras, no Guarujá, a bateria estava em 71% e havia 270 km de autonomia disponível, segundo o computador de bordo. Portanto, o pequeno chinês ainda tinha 27 kWh disponíveis. No carro elétrico, a bateria é como o tanque de combustível. Então eu havia rodado 97 km e consumido 11 kWh de energia. Ou seja: de São Paulo ao Guarujá ele fez 8,8 km por kWh – um número melhor do que o do Inmetro.
Daria para retornar a São Paulo tranquilamente, mesmo rodando alguns quilômetros na cidade. Atualmente, o Guarujá tem dois carregadores rápidos. Um fica na própria avenida que sai de Pitangueiras rumo à capital, no posto Ipiranga A G Pinho (Av. Puglisi, 610). É o meu preferido, pois há também um ótimo café e lanches na loja de conveniência. São dois pontos totalizando 60 kW. O preço é R$ 2,75 por kW. Carrega pelo aplicativo da Wemob, da brasileira Weg.
Outro ótimo carregador fica no estacionamento do Jerônimo Madero, na Praia da Enseada. Também tem dois pontos de 60 kW, mas é mais caro. Cada kWh custa R$ 3,10, e é preciso pagar R$ 3,00 pela utilização e R$ 5,00 se quiser reservar, no app da Tupi. A taxa de ociosidade é de R$ 1,50 por minuto. A vantagem é que fica na frente de uma ótima praia (quando não tem bandeira vermelha).
Depois de rodar uma semana pela cidade, decidi carregar no Ipiranga e sair com a mesma carga que havia quando cheguei: 71%, para ver se o Dolphin Mini era capaz de retornar da viagem à praia sem a recarga. Deu certo. Mesmo com o longo trecho de subida forte, ele chegou ao Shopping Eldorado com 33% de bateria e ainda poderia rodar 125 km, segundo o computador de bordo.
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Fazendo as contas, na viagem de volta o BYD Dolphin Mini gastou 38% da bateria (14,5 kWh) num trecho de 97 km. Fez, portanto, 6,7 km por kWh, pois subiu a Serra do Mar pela Imigrantes. No total, foram 194 km percorridos na estrada e um consumo de 25,5 kWh. A média de energia gasta na viagem à famosa praia paulista foi de 7,6 kWh por km. Ou seja: praticamente a mesma eficiência indicada na etiqueta do Inmetro (7,4 kWh por km).
Dolphin Mini conseguiu alcance de 320 km rodando só na estrada
Fica a dica, portanto, para quem mora a cerca de 100 km do litoral. Dá para ir à praia e voltar com o Dolphin Mini sem problemas, o que é uma boa notícia para quem tem este carro elétrico para uso urbano e mesmo para quem trabalha com ele fazendo transporte por aplicativo (uma das grandes utilizações do modelo). Faz (mesmo) 320 km.
Isso vale para outros carros elétricos? Depende. Antes de se aventurar numa viagem à praia (ou a qualquer outro lugar) com um carro EV urbano, como é o caso do Dolphin Mini, é importante saber exatamente qual é o consumo real do veículo e quais são as condições da estrada e da viagem. Veja aqui algumas viagens que fizemos de carro elétrico para Londrina e Foz do Iguaçu, ambas no Paraná.
Considere que na chuva o carro elétrico gasta mais e também que o peso pode influir no consumo, especialmente na subida. E, por óbvio, é fundamental saber se existe carregadores rápidos no trajeto (pelo menos 30 kW).
Na primeira vez que eu testei o Dolphin Mini, cheguei a 130 km/h na Imigrantes e também percorri vários trechos a 120 km/h, pois eu queria sentir o desempenho do carro. Dirigi a maioria do tempo nos modos Sport e Normal. Agora, eu queria testar o alcance, por isso dirigi em velocidade mais moderada, no modo Eco, a 100 km/h, o que é bom. Mas dessa vez também percebi outras diferenças importantes, que relato a seguir.
- O Dolphin Mini 2026 ficou muito melhor de dirigir depois que a BYD fez ajustes na suspensão traseira. O carro andou muito bem na estrada e surpreendeu na cidade, mostrando firmeza e agilidade em pisos muito ruins. O comportamento dinâmico ficou muito mais ao gosto dos motoristas brasileiros.
- O Dolphin Mini não é mais ignorado nas ruas e deixou de ser visto como um veículo exótico. Fiquei admirado pela quantidade de pessoas que o acharam “lindo” e como o preconceito contra o carro elétrico está sendo quebrado – não com discursos, mas com fatos. Basta fazer as contas: a energia elétrica é muito mais barata do que a gasolina, o etanol e o diesel.
- A vida a bordo é muito boa. É impressionante como um carro de apenas 3,78 m oferece experiência digna aos usuários. Os bancos são confortáveis, a posição de dirigir é ótima, o design interno é bonito, o volante de direção é multifuncional, a multimídia tem 10 polegadas, com conexão Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e os itens de segurança são de carros que costumam custar R$ 200.000 ou mais. O Dolphin Mini custa R$ 120.000.
Uma voltinha ao volante pode mudar o pensamento do motorista
Por fim, uma curiosidade. Uma amiga da minha esposa (Cris Prado) a viu chegar com o Dolphin Mini, elogiou o design e disse que jamais compraria um carro elétrico, quando soube que era um EV. Segundo ela, o carro a combustão a atendia perfeitamente e não havia motivo para mudar.
Cris perguntou se ela já havia dirigido um carro elétrico alguma vez. Não, nunca. Perguntou se queria experimentar. Ela topou. Bem, em poucos minutos sua amiga mudou totalmente o conceito que tinha sobre veículos elétricos e disse ter ficado surpreendida pela agilidade, pelo conforto, pelo silêncio e pela facilidade de dirigir. Agora considera comprar um.
