Tesla desaba com falsas promessas de Elon Musk: acabou a festa dos EVs?
Com 50% de perda de valor de mercado desde a eleição de Trump nos EUA, Tesla vive seu momento de maior incerteza
No final do ano passado, em 17 de dezembro, a Tesla atingiu o recorde 1,5 trilhão de dólares em capitalização de mercado. Dois dias depois da nomeação de Donald Trump para seu segundo mandato como presidente dos EUA, Elon Musk, CEO da Tesla, colhia os lucros de sua ajuda na campanha presidencial.
Mas, em menos de três meses, a cotação da Tesla caiu pela metade. Nesta segunda-feira, 10, com mais uma queda de 125 bilhões de dólares (-15%), a cotação da montadora estadunidense de carros elétricos chegou a 716,99 bilhões de dólares, segundo dados do site Companies Market Cap. A Tesla desaba e as falsas promessas de Elon Musk são parte disso.
Desde o lançamento do Model Y, em 2020, a Tesla só lançou um novo veículo: o Cybertruck. Musk previu que a Tesla produziria 250.000 picapes Cybertruck até 2025. Já estamos em março de 2025 e o Tesla Cybertuck não chegou a 40.000 vendas. Segundo a agência Reuters, fechou 2024 com 38.965 unidades.
O Tesla Model Y é um modelo de sucesso. Ele conseguiu a proeza de ser bicampeão mundial de vendas, em 2023 e 2024, encerrando uma hegemonia de duas décadas do Toyota Corolla. Mas a forte concorrência das montadoras chinesas, especialmente a BYD, obrigou Musk a baixar os preços dos modelos 3 e Y. Acabou a festa de Musk com os EVs?
Esta é a pergunta que analistas internacionais estão se fazendo. Entretanto, apesar de subir aos céus e desabar como nunca, a Tesla ainda tem uma capitalização de mercado muito maior do que as montadoras mais valorizadas. A Toyota vale “apenas” 245,53 bilhões de dólares, seguida da Xiaomi (US$ 165,81 bi) e da BYD (US$ 139,06 bi). Analistas acham que o valor da Tesla continua alto demais.
Segundo a Reuters, “a maioria dos investidores e analistas comprou o discurso de Musk de que a montadora mais valiosa do mundo não é realmente uma empresa de automóveis, mas sim uma pioneira em inteligência artificial que em breve desencadeará uma revolução em robotaxis e robôs humanoides”.
A Reuters ouviu bancos e empresas de investimentos e concluiu que o negócio de carros elétricos da Tesla responde por quase toda a sua receita, mas é menos de um quarto do seu valor no mercado de ações.
“A maior parte do seu valor repousa em esperanças por veículos autônomos que a Tesla ainda não entregou, apesar das promessas de Musk em todos os anos desde 2016 de que os Teslas autônomos chegariam no máximo no ano seguinte”, disse a Reuters.
As atividades políticas de Elon Musk também não ajudam, por isso a Tesla tem enfrentado protestos em alguns países. Há uma perda de confiança, por parte de alguns, e repulsa por parte de muitos. O futuro da Tesla segue nas mãos dos investidores. Segundo analistas, há uma “lacuna crescente entre seu desempenho no mundo real e as estimativas de lucros” para produtos que ainda nem existem.
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