Marcas de carros já mudam pelo futuro, inclusive no Brasil
Análise: já é possível perceber que as fabricantes têm deixado de ser empresas que fazem carros para se tornar provedores de mobilidade
Quando você imaginou que Volkswagen, Chevrolet, Fiat, Peugeot, Toyota, Jeep e tantas outras marcas gigantes se transformariam em locadoras de carros? Pois o futuro está logo aí!
Nesta Semana da Mobilidade, uma das pautas definidas pelo time do Terra é uma análise sobre a mudança de "comportamento" das fabricantes de automóveis. Incluindo o mercado brasileiro.
Afinal, com a transformação pela qual o mundo passa e com a ininterrupta atualização de tecnologias, a gente se perguntou: as marcas têm deixado de ser empresas que apenas vendem carros para se tornar, na prática, provedores de novos meios de mobilidade? A resposta vai te surpreender.
Tecnicamente, sim: hoje em dia já existe um processo de renovação de perfil e até de formato e estrutura de empresa por parte das empresas que fabricam e vendem carros no Brasil.
Na prática, essas fabricantes não são mais só empresas que fazem e vendem automóveis. A maioria delas já oferece, por exemplo, novos meios de fornecimento de mobilidade, como o aluguel de veículos.
A Volkswagen, por exemplo, oferece seus carros elétricos atuais (ID.4 e ID.Buzz) somente por este método. "Sign & Drive" ("Assine e dirija", em português) é o nome do serviço de aluguel da Volkswagen.
Recentemente, outra gigante, a GM abriu a pré-venda do SUV Blazer EV e disse que também vai promover esse tipo de negócio. Duas gigantes. Passava pela sua cabeça, 15 anos atrás, que Volks e GM fariam isso?
O Grupo Stellantis, gigantesco, também está nessa. Hoje em dia existe uma empresa chamada "Flua!", que faz serviços de assinatura de carros das marcas Fiat, Jeep e Peugeot, todas do conglomerado. A Toyota também oferece serviço de aluguel e compartilhamento de veículos por meio da Kinto Share.
Lá fora, é praticamente impossível achar uma marca de carros que não ofereça a opção de aluguel para seu line-up. Aqui no Brasil, apesar de não ser tão comum como lá fora, esse novo jeito de utilizar o carro ou a moto começou a crescer nos últimos anos.
E garantimos: a demanda por carros novos deve crescer mais do que a propriedade sobre eles, devido justamente à aglomeração de automóveis e outros tipos de veículos nas ruas. É por isso que muitas marcas têm se unido e formado joint-ventures para produzir baterias mais baradas e novos carros eletrificados, além de autônomos.
De fabricantes a empresas de mobilidade
Altos executivos das maiores fabricantes que existem enxergam isso.
"Hoje, a relação é de carro e dono. Mas isso vai mudar. As fabricantes não serão só fabricantes, serão empresas de mobilidade", revelou Jon Lauckner, vice-presidente da GM e chefe do escritório de tecnologia da marca, durante uma entrevista a jornalistas brasileiros, comigo incluso, no Salão de Detroit de 2016 - veja só, oito anos atrás.
Essa tendência, pelo que nossa análise acompanha diariamente, deve aumentar ainda mais nos próximos anos - e o crescimento exponencial de vendas de carros eletrificados que acontece desde o ano passado é a maior prova disso.
É fato que o cliente brasileiro se interessa pelo carro elétrico, híbrido e autônomo, mas ainda trava na falta de estrutura para utilização plena desse tipo de veículo. Com a possibilidade de compartilhamento, como já acontece com bicicletas, patinetes e scooters, são grandes as chances de vermos novas soluções de uso para a mobilidade surgirem cada vez mais. Chegou a hora de vermos as fabricantes se reinvetarem.
A conclusão da nossa análise é a seguinte: cada vez mais o mundo se vê na urgência de criar soluções tecnológicas para reverter o que a sociedade fez com a camada de ozônio e o movimento das fabricantes de procurar soluções cada vez mais sustentáveis, compartilhadas e inteligentes cresce sem parar.
Mas a pergunta que fica é: será que teremos tempo de corrigir o estrago que já foi feito?