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Marcas alemãs fogem do Salão do Automóvel (precisam se inspirar em Gandini)

Enquanto a resiliente Kia, a brasileira Caoa, a renovada Renault, a pujante Honda e a estoica Toyota lutam, as alemãs correram das chinesas

20 nov 2025 - 06h05
(atualizado às 10h54)
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José Luiz Gandini: isolado, mas firme, e com uma nova picape da Kia
José Luiz Gandini: isolado, mas firme, e com uma nova picape da Kia
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

DIRETO DO SALÃO DE SÃO PAULO – O primeiro dia de imprensa do Salão do Automóvel – que volta ao calendário de São Paulo depois de sete anos – deixou mensagens muito claras, que o distinto público vai perceber entre os dias 22 e 30 de novembro. Renovado e padronizado para reduzir os custos, o Salão de São Paulo vai ficar marcado não só pelas presenças, mas também pelas ausências.

Na mesma semana em que o chanceler alemão Friedrich Merz deu uma demonstração de preconceito e arrogância, desmerecendo Belém e todos que fizeram a COP30, as marcas alemãs simplesmente não deram as caras no Salão do Automóvel. Por ordem alfabética, nem adianta procurar Audi, BMW, Mercedes, Porsche ou Volkswagen. Nenhuma delas foi ao Salão; fugiram como se fosse a Belém dos carros.

As alemãs estariam com medo da comparação com as chinesas? A mensagem que fica é a de não enfrentamento dos carros chineses, que estão chegando com força ao mercado brasileiro. Justamente num momento em que brigam, na Europa, pelo afrouxamento das regras antiemissão de CO2. Nada justifica a ausência das grandes marcas alemãs, sempre tão queridas pelos brasileiros.

Talvez considerem o Salão do Automóvel pequeno demais para sua importância. Falta de dinheiro, obviamente, não é. Muito menos falta de produto. Mas o espaço nunca fica vazio. Se no ano em que faz um estrondoso sucesso comercial com o Tera, a Volkswagen não quis ir, alguma marca vai ocupar seu espaço. E uma delas é a resiliente Kia, capitaneada pelo empresário José Luiz Gandini.

Talvez o grande Gandini – que luta contra taxas abusivas e câmbio desfavorável há décadas – tenha algo a ensinar aos pragmáticos CEOs das marcas alemãs. Como já disse Saint-Exupéry, aviador francês que escreveu O Pequeno Príncipe, “tu de tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Bem, os brasileiros são cativados pelas montadoras alemãs há décadas. 

O argumento de que no Salão “não se faz negócios” é esfarrapado. O Salão do Automóvel voltou graças a um esforço enorme da Anfavea, que tratou de dar uma resposta positiva ao pedido do presidente Lula, sempre atencioso e generoso com as montadoras transnacionais. Por isso, talvez certas ausências sejam vistas como descortesia, pouco caso.

Quando chegar ao Salão que tanto queria ver renascido, o Presidente da República passará por novas marcas chinesas, verá a resiliente Kia com seis carros inéditos, verá a atrevida Caoa representando o Brasil em parcerias com a Chery e a Changan.

Verá a renovada Renault com uma ousada estratégia industrial e novos produtos, verá a pujante Honda com seus cobiçados carros japoneses, verá a estoica Toyota resistindo à dor da perda de uma fábrica, mas dizendo “presente” com o Yaris Cross e o esportivo GR Yaris.

Infelizmente, Lula não verá nenhum carro da Audi (que monta carros no Brasil), da BMW (que tem uma fábrica em Santa Catarina), da Mercedes (uma estrela em qualquer lugar do mundo), da Porsche (que anda com a imagem bem abalada por aqui) e da Volkswagen (a competente e amada Volks, tantas vezes líder de vendas no país).

Da mesma forma não verá nenhum carro da Chevrolet, justo ela que tem ótimos veículos elétricos, que vai montar o Spark no Ceará, que precisa urgentemente mostrar que a família Onix, Tracker e Montana é confiável. Também não verá nenhum Ford, que agora tem carros muito desejáveis. Ou seja: quase nada dos Estados Unidos, que será representado pela Jeep e pela Ram, ambas da Stellantis.

Também não verá carros da Nissan, justo agora que o Kicks foi renovado e que o Kait está chegando para ser um carro de sucesso entre os SUVs compactos. E não verá os adoráveis Mini e tampouco os imponentes carros da Land Rover, mas esses talvez nem façam falta, considerando que a indústria britânica está em franca decadência – inglesa presente só a MG, que virou... chinesa.

Quem for ao Salão do Automóvel 2025 vai ver uma feira dominada por carros asiáticos. Modelos desejados da BYD, carros da Geely que serão feitos no Brasil, os SUVs e os elétricos da empolgada Omoda Jaecoo, muitas novidades da surpreendente GAC, a linha cada vez mais robusta e diversificada da GWM, a recém-chegada Leapmotor, a estreante Denza, toda elegante, a presença da discreta Hyundai e a indefectível Mitsubishi com sua garra habitual.

Volvo, Zeekr e JAC – todas com capital na China – também ficaram de fora. Mas estarão no Salão a velha dobradinha Peugeot Citroën e até a Lecar, uma incógnita com a bandeira do Brasil. Ficar de fora, vendo o que vai acontecer, é fácil. Participar num momento de reconstrução é difícil. Ficar de fora pode ser um desprezo aos visitantes do Salão, que formam a base da cultura do automóvel.

Em seu discurso aos jornalistas – que foram totalmente isolados dos carros e dos executivos –, Gandini lembrou que a Kia participou de todas as edições do Salão desde 1994: “Em 2011 vendemos 80 mil carros. Aí começaram as nossas dificuldades”. Mas quem resumiu o significado deste evento foi Jan Telecki, representando a Caoa Chery: “Salão do Automóvel é o coração pulsante da indústria automotiva brasileira”.

Guia do Carro
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