Casal roda quase 3 mil km para entregar Corcel 1977 ao comprador
Viagem feita por Hilário Zaltron e Janete Niedermeyer entre Toledo (PR) e Manaus (AM) durou nove dias; sedã da Ford não tem ar-condicionado ou direção hidráulica
O Ford Corcel nasceu no fim da década de 1960. De lá para cá, acumulou duas gerações, inovação tecnológica e muitas histórias. Uma delas, aliás, bem recente, foi vivida por um casal paranaense, da cidade de Toledo. Hilário Zaltron e Janete Niedermeyer viajaram rumo a Manaus (AM), por quase 3.000 km a bordo do sedã da família, datado de 1977. O objetivo era entregar o carro ao novo dono, Vilson - irmão de Hilário - que comprou a raridade por R$ 20 mil.
Como não conseguiram contratar plataforma para levar o veículo ao Amazonas, o casal decidiu encarar a viagem de nove dias. Foram mais de 600 km diários, e paradas nas cidades de Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Vilhena e Ariquemes (RO), até chegarem ao destino final, Humaitá (AM) - o veículo ainda aguardou balsa para seguir rumo a Manaus. Para aproveitar o momento ao máximo, o casal decidiu fazer uma espécie de "diário de bordo", no Facebook, onde Janete registrou toda a aventura, enquanto o marido dirigia. Aliás, que fique claro, o carro não tem sequer ar-condicionado ou direção hidráulica.
A boa notícia é que o Corcel de 1977, mesmo com quase 50 anos e mais de 100 mil km rodados, não teve sequer um problema mecânico. A entrega do "Corcelito" - apelido carinhoso pelo qual a família chamava o carro - foi concluída no dia 20 de outubro, último. O casal retornou à cidade de origem de avião, de acordo com reportagem do G1.
O Ford Corcel
Lançado há mais de 50 anos, o Corcel (nome escolhido entre 400 opções) foi um dos maiores sucessos da Ford no Brasil. Durante seus 18 anos de vida (1968 a 1986), somou 1,4 milhão de unidades produzidas e criou um novo padrão no segmento de carros médios. Inclusive, o modelo deu origem a uma família completa que incluiu a perua Belina, a picape Pampa, o sedã de luxo Del Rey e a perua Del Rey Scala.
O Corcel teve como base o chamado projeto M, que a Willys-Overland do Brasil desenvolvia em parceria com a Renault quando foi adquirida pela Ford, em 1967. A versão final incluiu várias adaptações mecânicas (motor, câmbio e suspensão) para atender o mercado brasileiro. Afinal, a intenção era clara: ser o carro de volume da marca. E conseguiu! É tanto que emplacou 4.500 unidades logo no primeiro mês de vendas.
O sedã de quatro portas e tração dianteira tinha motor 1.3. À época, inovou, como o primeiro carro a trazer radiador selado, que dispensava a reposição de água. Só em 1969 a linha ganhou a versão de duas portas, bem como a esportiva GT, que oferecia teto de vinil, rodas especiais, e faixas pretas no capô e nas laterais. Em 1970, porém, chegou a perua Belina. A linha passou por duas reestilizações, em 1973 e 1975, e a marca trouxe, então, a versão de luxo LDO, com teto de vinil.
Corcel II
Após 10 anos, no fim de 1977, veio o Corcel II, com carroceria totalmente nova e apenas duas portas - impensável hoje, mas preferência à época. Dentre as inovações, incluía a ventilação dinâmica de grande vazão e o primeiro para-brisa laminado de série. Já nos primeiros dez meses de lançamento, o novato atingiu recorde de 100 mil unidades vendidas.
Lançado com motor 1.4, o Corcel II passou a ser equipado, em 1979, com um propulsor 1.6, mais potente. Em 1980, introduziu o 1.6 a álcool. A versão Corcel II Hobby, com acabamento despojado e apelo jovem, foi lançada em 1980. No mesmo ano, a linha atingiu a marca de 1 milhão de unidades produzidas, inédita no Brasil para um carro médio. No ano seguinte, trouxe cintos dianteiros de três pontos - solução criada pela Volvo em 1959 - e a opção de teto solar. Nessa época, foi oferecida também uma versão furgão da Belina, o Corcel II Van. Depois disso, chegaram Del Rey (1981) e Pampa (1982).
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