Brasil deve ter 950 mil carros elétricos e híbridos em 2030
Bright Consulting faz previsão sobre a frota de carros elétricos no Brasil e diz que os carros a combustão continuarão dominantes por longos
“Se as vendas de veículos híbridos plug-in se mantiverem crescentes e a de veículos elétricos dobrarem até 2025 e crescerem 50% até 2030, a frota destes veículos atingirá 950 mil unidades em 2030.” A previsão é de Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting.
Parece um bom número? Em termos de vendas de carros zero km, pode ser. Mas em termos de frota circulante é muito pouco. Segundo Cardamone, com 950 mil carros elétricos e híbridos plug-in, a participação será de apenas 1,8% numa frota prevista de 58 milhões de veículos.
“Esses veículos eletrificados e carentes de carregamento dependerão de uma rede de abastecimento ao redor de 160 mil carregadores e um investimento da ordem de US$ 3,4 bilhões”, diz Cardamone. “Na verdade, precisamos encontrar soluções para os 57 milhões de veículos não eletrificados de uma frota antiga e mal cuidada que roda todos os dias no Brasil.”
Na visão da Bright Consulting, os veículos a combustão continuarão sendo dominantes no mundo inteiro por muitos anos. Veja no quadro abaixo a estimativa.
| ITEM | 2022 | 2025 | 2030 |
| Frota global de veículos | 1,471 bilhão | 1,609 bilhão | 1,844 bilhão |
| Vendas globais de veículos | 81,4 milhões | 94,4 milhões | 101,9 milhões |
| Vendas PHEV | 2,9% | 4,4% | 6,5% |
| Vendas BEV | 7,3% | 13,3% | 25,9% |
| Vendas BEV+PHEV | 8,3 milhões | 16,7 milhões | 33,0 milhões |
| Participação BEV+PHEV | 10,2% | 17,7% | 32,4% |
| Frota de BEV+PHEV | 24,8 milhões | 67,1 milhões | 194,9 milhões |
| Participação na frota global | 1,7% | 4,2% | 10,6% |
Em artigo publicado no boletim da Bright Consulting, Paulo Cardamone analisa a questão de forma ampla e global. Veja os principais tópicos.
1. As vendas de veículos BEV e PHEV, que prometem sustentabilidade e baixa emissão no ciclo do tanque à roda, estão estimadas em 8,3 milhões de veículos em 2022. Esse volume representará 10,2% das 81,5 milhões de unidades comercializadas no ano. Em termos de frota mundial, são 24,8 milhões de eletrificados com estas tecnologias, em um “mar” de 1,47 bilhão de veículos rodando pelo planeta, o que resulta numa participação de 1,7%. Ou seja, de cada 58 veículos em circulação, um é BEV ou PHEV.
2. A necessidade de reduzir a emissão de CO2 forçará marcas a aumentarem as vendas dos veículos BEV e PHEV num ritmo forte, passando dos 10% previstos em 2022 para 18% em 2025 e 32% em 2030. As limitações para um crescimento ainda maior são os valores altos das baterias e os imensos custos de infraestrutura, especialmente para países em desenvolvimento ou que possuem matriz energética “suja”, onde o carregamento das baterias implique em mais CO2 na atmosfera.
3. Existem outras projeções mais arrojadas para a evolução BEV+PHEV que, ao nosso ver, não consideram nem os elevados gastos para instalação de infraestrutura, nem os recursos para mudança da matriz energética para renováveis, e que preveem que a frota de BEV+PHEV possa atingir 14,1 % do mercado total em 2030, ou um total de 260 milhões de veículos na frota global de 1,8 bilhão de veículos naquele ano.
4. Para se ter uma ideia, a diferença de infraestrutura de carregamento entre as propostas de 10,6% e 14,1% do parque circulante global significa um aumento de investimento de US$ 0,7 trilhão para US$ 1,1 trilhão em função do aumento da frota e da necessidade do aumento de fast charges que chegam a custar de 5 a 8 vezes mais que um ‘slow charger’, sem falar no investimento na mudança da matriz energética.
5. Com estas contas simples, chegamos à conclusão de que 85% a 90% da frota global continuará sendo abastecida por combustíveis líquidos, a grande maioria derivada de petróleo. Estes cálculos mostram que o caminho para o transporte ter impacto zero na emissão de CO2 ainda levará muito tempo, não importa o que prometam os governantes.