Avaliação: Fiat Pulse Hybrid quer popularizar carros híbridos leves no Brasil
Rodamos com o Fiat Pulse Impetus Hybrid, que pretende tornar os carros híbridos leves tão populares como os carros flex nos anos 2000
A Stellantis pretende eletrificar boa parte de seus carros produzidos no Brasil nos próximos anos. E o primeiro passo foi a chegada dos Fiat Pulse e Fastback Hybrid no fim do ano passado. Equipado com um sistema híbrido leve de 12V, o Fiat Pulse Impetus Hybrid quer popularizar o acesso aos carros híbridos leves no Brasil. Será que ele atende às expectativas?
Para descobrir, rodamos com o SUV compacto na última semana na cidade do Rio de Janeiro, com foco em trechos urbanos, nos quais o sistema híbrido leve promete auxiliar na redução do consumo de combustível. E de fato, as cidades se mostram o habitat natural do Fiat Pulse Hybrid.
A tecnologia escolhida pela Stellantis para o Fiat Pulse é do tipo MHEV de 12 volts, que é mais simples e de menor custo. Dentro das novas arquiteturas Bio-Hybrid da Stellantis, o sistema elétrico dos Fiat Pulse Hybrid e Fastback Hybrid é chamado de “híbrido multifuncional com bateria de íon lítio” (MHEV).
A Stellantis rejeita o termo “micro-híbrido”, adotado pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). Esse sistema é associado ao conhecido motor 1.0 turbo flex de 130 cv e 200 Nm, e substitui o alternador e o motor de partida. O sistema gera potência de até 3 kW (4 cv) e 1 Nm de torque, e promete ajudar no desempenho e na economia de combustível.
O câmbio é o mesmo automático do tipo CVT com sete marchas. Já o visual e a lista de equipamentos são os mesmos, com exceção de logotipos que trazem o nome Hybrid. Lembra dos primeiros carros com motores flex no início dos anos 2000, que traziam um logotipo chamativo destacando o recurso? A intenção é a mesma: chamar a atenção para a nova tecnologia.
Ao volante, o Fiat Pulse Hybrid mostra praticamente a mesma dinâmica da versão a combustão, o que pode decepcionar quem esperava uma mudança maior entre os dois modelos. É diferente, por exemplo, do comportamento do Toyota Corolla 2.0 e do Corolla Hybrid. Neste caso, o sedã japonês conta com um sistema híbrido pleno (HEV), no qual o motor elétrico traciona as rodas.
No caso do Pulse, o sistema MHEV de 12V não é capaz de movimentar o carro sozinho. Ele não tem um comportamento esportivo, mas é ágil em saídas de semáforos e retomadas de velocidade. A direção elétrica é bem leve em manobras, o que facilita na hora de estacionar o carro. No entanto, o sistema start-stop – que não pode ser desligado nas versões híbridas leves do Pulse e do Fastback – pode irritar alguns motoristas.
De acordo com a Stellantis, o start-stop não pode ser desligado porque ajuda na economia de combustível. Como o pequeno motor elétrico de 12V é quem auxilia o sistema start-stop, desligá-lo poderia “anular” a economia extra do motor elétrico. No entanto, o sistema acabava prejudicando a experiência a bordo ao desligar o veículo em meio ao trânsito pesado e em dias mais quentes.
Não houve melhoria no consumo em trechos de estrada. Em circuitos urbanos, a diferença chega a 10%, em média. De acordo com o Inmetro, o Fiat Pulse Hybrid faz 13,4 km/l com gasolina na cidade e 9,3 km/l com etanol nas mesmas condições. Já a versão somente a combustão faz 12,1 km/l e 8,4 km/l, respectivamente. Na estrada, ambas as versões tiveram médias de 14,4 km/l com gasolina e de 10,2 km/l com etanol.
Em nossa avaliação, conseguimos médias de 12,6 km/l, considerando o trânsito e o forte calor no Rio de Janeiro, o que obrigou o uso do ar-condicionado em praticamente todo o período de testes. De acordo com a Fiat, o Pulse Hybrid vai de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos e chega a 189 km/h de velocidade máxima – números com etanol.
Uma característica do sistema MHEV 12V do Fiat Pulse Hybrid é que o próprio carro recarrega a pequena bateria de 11 Ah localizada abaixo do banco do motorista. Ela recupera energia em frenagens e em descidas, e não há preocupação em procurar pontos de recarga, como em carros elétricos ou híbridos plug-in.
Outra vantagem é o fato de o sistema híbrido leve ser mais simples e de menor custo, o que não impacta tanto no preço final do Pulse. A versão que testamos é a topo de linha com o sistema, e custa R$ 144.990. Em comparação com a versão Impetus sem o sistema híbrido (R$ 138.990), são R$ 6.000 de diferença. A lista de equipamentos é a mesma.
Por dentro, o acabamento também não muda. A central multimídia de 10,1” conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e tem uma tela com ótima resolução. O funcionamento também é prático e rápido, sendo melhor até mesmo do que carros de segmento superior. A posição de dirigir é boa, e elevada, o que facilita na visibilidade.
O painel digital também tem boa visualização e mostra dados de consumo e o funcionamento do sistema híbrido em tempo real. Já o espaço interno é ideal para um casal com filhos pequenos, e o porta-malas de 370 litros poderia ser um pouco maior. Pelo valor, o modelo também poderia contar com saídas de ar traseiras, como o Fiat Fastback e outros modelos da categoria, assim como mais airbags – o modelo traz dois frontais e dois laterais.
Por fim, o Fiat Pulse Impetus Hybrid se mostra um carro bem equilibrado para o uso no dia-a-dia. O conjunto híbrido, apesar de simples, cumpre a função de economizar combustível, embora a diferença não seja tão grande como em sistemas mais avançados. O principal objetivo dele é ser o primeiro carro eletrificado de muitos brasileiros.
Até por isso, o fato de o modelo oferecer praticamente a mesma experiência da versão a combustão, com exceção do consumo menor, pode ajudar (e muito) a popularizar a tecnologia híbrida leve entre motoristas mais conservadores e pessoas que nunca tiveram contato com um carro eletrificado.