Castlevania completa 39 anos: Como ele ajudou a criar o gênero Metroidvania
Como o castelo de Drácula abriu caminho para um novo e popular gênero
Apesar de não ter inventado o gênero, o primeiro Castlevania lançado em 1986 para o Nintendo Entertainment System (NES) plantou as sementes do que, mais tarde, floresceriam no amado estilo metroidvania. O jogo, que se tornou um clássico cult, era conhecido por sua alta dificuldade, controles precisos, trilha sonora gótica memorável e, principalmente, por sua estrutura de design dos níveis.
Naquela época, a maioria dos títulos seguia uma lógica simples: fases lineares, começando em um ponto e terminando no outro, sem muito espaço para improviso. Castlevania, em sua essência, também seguia esse modelo, com estágios bem definidos e uma progressão rígida.
Porém, o que o diferenciava era sua atmosfera gótica única, a dificuldade desafiadora, o controle preciso e, principalmente, a forma como escondia recompensas dentro de seu design. O jogador não avançava apenas para derrotar inimigos, mas era incentivado a explorar, quebrar paredes secretas e descobrir atalhos ou itens valiosos que faziam toda a diferença na jornada de Simon Belmont.
Esses pequenos detalhes de exploração deram uma sensação de mistério ao jogo, sugerindo que o castelo de Drácula não era apenas um cenário de fundo, mas um lugar vivo, cheio de segredos. E essa foi a centelha que inspiraria as evoluções futuras da franquia.
Com Castlevania II: Simon’s Quest (1987), a Konami levou a ideia ainda mais longe, abrindo mão da progressão estritamente linear e adotando uma estrutura de mundo interconectado. Agora, o jogador precisava revisitar áreas já conhecidas (o famoso backtracking), coletar pistas, adquirir itens especiais e desbloquear caminhos antes inacessíveis. Essa mudança colocava a exploração no centro da experiência, algo que viria a se tornar a essência do metroidvania.
É importante lembrar que, no mesmo ano de 1986, a Nintendo havia lançado Metroid, outro marco da indústria. Enquanto Metroid trazia exploração não-linear em um ambiente alienígena, Castlevania trabalhava com uma ambientação gótica sombria. O cruzamento das ideias dessas duas séries – o backtracking, a aquisição de novas habilidades para acessar áreas bloqueadas e a sensação de descoberta constante – formaria a base da fórmula que mais tarde receberia o nome metroidvania.
O gênero só se consolidaria anos depois, especialmente com Castlevania: Symphony of the Night (1997) no PlayStation, que aperfeiçoou todos esses conceitos. Symphony ampliou o aspecto de exploração, trouxe elementos de RPG, um mapa expansivo e interconectado, além de habilidades que transformavam a forma de interagir com o ambiente. Esse título foi o responsável por unir definitivamente os nomes Metroid e Castlevania à essência do gênero.
Assim, embora o primeiro Castlevania do NES não seja um metroidvania no sentido moderno, ele foi o ponto de partida. Mostrou que havia diversão não apenas em percorrer fases lineares, mas também em desvendar os mistérios de um ambiente cheio de segredos e possibilidades. Foi o jogo que plantou a semente, que germinou em Simon’s Quest, cresceu em Metroid e floresceu de vez em Symphony of the Night.
No fim, tudo começou com um chicote, alguns itens secundários, um castelo mal-assombrado e a eterna batalha contra o vampiro mais famoso da cultura pop. Castlevania provou que os videogames podiam ser mais do que ação frenética: eles poderiam ser aventuras de descoberta, capazes de prender o jogador tanto pela jogabilidade quanto pela atmosfera.
Para quem deseja conhecer de perto o universo dos metroidvanias, 2025 tem sido um ano especialmente generoso. Jogos como Hollow Knight: Silksong, Shadow Labyrinth, Chronicles of the Wolf e Beyond the Ice Palace 2 chegaram recentemente ao mercado, cada um trazendo sua própria visão sobre o gênero. São títulos que não apenas homenageiam os clássicos, mas também expandem suas ideias, mostrando como a fórmula continua evoluindo e conquistando novos públicos.