Sky Oceans: Wings For Hire é uma aventura para ser esquecida
Jogo prova que nem sempre a nostalgia é suficiente
Jogos com a premissa de “sequência espiritual” de algum clássico são super comuns. Isso acontece porque muitos clássicos acabam ficando presos no passado, seja por decisões das desenvolvedoras ou questões comerciais. Para suprir essa lacuna, alguns estúdios independentes e até mesmo desenvolvedoras maiores tentam recriar a essência desses jogos, trazendo novas histórias e mecânicas inspiradas neles.
Sky Oceans: Wings For Hire é um desses casos, surgindo como uma tentativa de resgatar a magia dos RPGs de aventura aérea, um estilo que marcou época, mas que raramente ganha novos representantes atualmente.
Uma história familiar
Em Sky Oceans: Wings For Hire, controlamos Glenn, um jovem que cresceu na vila de Blossom. Ele sonha em se tornar piloto ao lado de seus amigos Fio, Ren e Mica, tendo seus pais como inspiração. No entanto, sua relação com a mãe é complicada desde que seu pai foi dado como morto em uma missão.
A história toma um rumo mais intenso quando a Aliança, formada pelos vilões Leonard, Harriet e Magnus, invade a vila. A partir desse momento, Glenn se vê em uma encruzilhada, reunindo seus amigos e novos aliados para enfrentar os planos da Aliança. A trama segue uma estrutura bastante tradicional para um RPG, sendo um dos pontos mais fortes do jogo. A relação entre Glenn e seus amigos é bem desenvolvida, com destaque para o visual dos personagens.
A influência de Skies of Arcadia no jogo é evidente, especialmente na dinâmica do grupo de amigos que compartilham o sonho da aviação e enfrentam uma grande ameaça. No entanto, as semelhanças param por aí. As missões da campanha e secundárias são bastante simples, tanto em terra quanto no céu. Em terra, as tarefas se resumem a procurar personagens em uma cidade para ler diálogos curtos. Já nos céus, as missões envolvem eliminar um número exato de monstros ou participar de batalhas demoradas contra outras naves.
O céu é o limite
Nos primeiros segundos do jogo, já é possível perceber um problema bastante crítico para o restante da aventura. Os personagens não têm nenhum tipo de voz durante as cenas. Mesmo em interações específicas, eles apenas reproduzem frases simplistas, como o nome de um golpe ao serem selecionados para lutar.
Isso é uma pena, pois o jogo conta com um bom design nas cidades e nas artes dos personagens que aparecem nas caixas de diálogo, que acabam perdendo impacto pelo simples fato de tudo estar mudo. A única coisa presente é a trilha sonora de fundo, que é boa, mas não o suficiente para compensar a ausência da atuação dos personagens. Além disso, o jogo tem um excesso de diálogos, o que é esperado para um RPG, mas a falta de vozes e de localização nas legendas para o português brasileiro agrava ainda mais esse problema.
Mesmo rodando na versão de PlayStation 5, o jogo apresenta sérios problemas técnicos. Em todas as cidades, os NPCs aparecem e desaparecem abruptamente na tela, além de haver falhas de textura em certos locais. Nem mesmo ficar parado esperando o carregamento resolve. Esses problemas não se limitam apenas ao cenário, já que personagens da história também sofrem com o mesmo mal. Fica evidente que o jogo poderia ter passado por mais fases de polimento ou até mesmo ter sido adiado para corrigir essas falhas.
Durante a navegação com a nossa nave, há dois tipos de controle disponíveis: o padrão e o de simulação. O modo padrão simplifica os comandos para quem não quer memorizar muitos botões, permitindo que a nave acelere automaticamente ao mover o analógico para frente. Já o modo de simulação torna a experiência mais interessante, utilizando os gatilhos para acelerar e frear a nave, enquanto o botão X permite atirar. No entanto, ambos os modos compartilham um certo problema, a câmera. Ela é bastante imprecisa e atrapalha bastante, especialmente durante as missões de coleta de itens.
O combate em turnos é que se espera para o gênero. O jogador pode montar grupos com personagens que possuem habilidades únicas para suas naves, como alterar a munição para disparar projéteis de gelo, choque, fogo e até veneno. Além de possuir habilidades passivas, como aumentar as chances de desviar de golpes ou tiros.
Fora das missões principais, os encontros com inimigos não são aleatórios, a nave conta com um sensor que indica a presença de adversários próximos, deixando a decisão de enfrentá-los a critério do jogador para ganhar mais experiência e itens. No entanto, o combate acaba sofrendo com a repetição. A variedade de inimigos é limitada e, apesar da proposta de batalhas entre naves, os confrontos não conseguem se destacar, tornando-se monótonos com o tempo.
Considerações
Apesar de uma ambientação interessante e de um sistema de combate com potencial, Sky Oceans: Wings For Hire tropeça em aspectos fundamentais que poderiam torná-lo uma experiência mais envolvente. A falta de dublagem para os personagens, a repetitividade das batalhas e os problemas técnicos dificultam o jogo de alcançar novos ares, tornando a jornada menos impactante do que poderia ser.
Sky Oceans: Wings For Hire está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela PQube.