Persona 3 Reload: Episode Aigis é cansativo, mas recompensador
Expansão do fantástico RPG da Atlus chega para concluir a história
A aventura de Persona 3 Reload nos levou por mais de duas centenas de andares na torre chamada Tártaro e entregou uma intrigante narrativa que envolvia um grupo de jovens muito carismático. Episode Aigis, DLC que se passa alguns meses após essa jornada aposta no mesmo, mas testa a resiliência do jogador pelo excesso de combate e pouca variação de atividades.
O nome da expansão não é por acaso. Após o protagonista de Persona 3 terminar o jogo dormindo pela eternidade, o grupo de jovens se separou e estava caminhando para rumos distintos. Quem ficou sem uma resolução ideal foi a garota meio robô, Aigis, que ainda estava no seu processo de descoberta, sem saber o que era ser humano.
Agora Aigis assume as rédeas da aventura e passa a ser a personagem controlável, despertada como uma carta coringa, que consegue invocar diferentes Personas e acessar a sala de veludo. Ou seja, embora esse episódio extra possa ser acessado pelo menu de forma independente, mesmo que você não tenha terminado a campanha principal, tudo que rola aqui está conectado diretamente com os acontecimentos passados.
Na prática, no que diz respeito a gameplay, controlar Aigis tem poucas diferenças em relação ao protagonista do jogo base. O grande detalhe é que ela pode atirar a distância nas sombras pelas dungeons, o que significa mais chances de acertar os inimigos pelas costas e começar o combate por turnos em vantagem. Outra diferença fica por conta dos especiais de Teurgia, que tem animações próprias e efeitos diferentes para a garota em relação ao antecessor.
Aigis tem um compêndio de Persona próprio, que precisa ser preenchido da mesma forma que na primeira campanha. A robô também pode fundir os demônios em novos seres mais poderosos na sala de veludo, mas não conhece as fusões que o herói anterior descobriu durante a sua aventura. Se você terminou o jogo, até pode acessar o compêndio do herói na dificuldade normal, mas há as mesmas limitações de nível - e todo mundo retorna para o nível 25 na DLC - e o preço de invocação é muito maior, o que inviabiliza quebrar o jogo com um time composto pelos demônios mais poderosos como Lúcifer e Messias. Aliás, sequer é recomendável utilizar invocações de demônios do outro compêndio, que não são especiais, nos outros momentos também.
Nova companheira
A história aqui é tão carregada de mistério quanto se espera de uma narrativa da Atlus em seus jogos e bem fiel à DLC “The Answer” de onde foi tirada. Tudo começa com a invasão de uma nova robô na república dos personagens, acontecimento que é resultado de um lapso temporal que faz com que o mesmo dia se repita para sempre e não seja possível deixar o local.
Essa robô se chama Metis e é uma nova personagem jogável. No campo de batalha ela é bem versátil, com ataques físicos e magias de vários elementos, além da capacidade teúrgica de sobrecarga que a Aigis perdeu após ganhar a capacidade de invocar diferentes Persona.
No papel narrativo ela é tão carismática quanto qualquer outro personagem anterior, mas muito mais misteriosa. Afinal, não se produziu outros robôs após Aigis, e Metis é tão ou mais capaz que sua companheira de aço. De onde ela veio? Qual seu propósito?
No saguão da república há um nó desse lapso temporal, onde é possível acessar portas que levam mais ao fundo do mistério, no chamado “Deserto das Portas”. Metis está diretamente ligada a tudo isso, mas não revela nada durante a maior parte da jornada. Descobrir o que aconteceu é o que te deixa fisgado no jogo, já que o restante testa a paciência pela repetição.
Exageraram no combate
Cada incursão no Deserto das Portas abre caminho para uma breve resolução de parte do mistério e proporciona novas oportunidades de evolução dos personagens, especialmente a Aigis. O problema é que cada caminho desse funciona exatamente como os andares do Tartarus, com as mesmas Sombras e atividades as acompanham.
São sete portas no total, cada uma delas com duas áreas repletas de andares, o que totaliza horas e horas de exploração repetitiva e combate já visto no jogo base, com os mesmos Persona e atividades como: Portas Monado, relógios e tudo que já vimos antes.
Mas o que cansa mesmo é que não há a fase de descanso desses combates, onde antes interagimos com o grupo e executamos as tarefas da escola, sempre com atenção ao calendário para não deixar nada passar. Nada de confidentes ou rankings. O que rola de interação são pequenos esquetes com membros do grupo, por conta de alguns itens encontrados na exploração e o leve avanço no mistério da campanha quando se conclui uma porta. É bem desafiador se manter engajado depois de três ou quatro portas, já que nada muda muito e até o que se recebe de “novo” em termos de gameplay é idêntico ao que já vimos antes, como conseguir acertar uma Sombra ao correr para iniciar o combate em vantagem.
Recompensador na história
Ao menos, para quem gostou do tempo passado com os personagens do grupo, a campanha é bem recompensadora no aprofundamento da história de cada um, com pequenos vislumbres do passado dos amigos e mais sobre as motivações de todos, além de dar um encerramento que pode ser considerado o definitivo para a história.
O destaque, claro, fica para o arco da própria Aigis, que vai afetar ainda mais quem escolheu o robô como par romântico do herói e entende sua motivação como protetora. Metis também tem muito destaque, obviamente, e vai emocionar tanto quem já viu sem final em “The Answer” quanto novatos que acabaram Persona 3 Reload e estavam desesperados por mais conteúdo.
Considerações
Persona 3 Reload: Episode Aigis dá encerramento digno e emocionante para a aventura. Ao menos no que diz respeito a história, já que o gameplay acaba sendo um grind cansativo e uma repetição de tudo que já vimos no jogo base. Quem superar esse obstáculo será recompensado, mas é preciso resiliência e paixão pelo combate do jogo original.
A expansão Episode Aigis chega em 10 de setembro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PC com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Atlus.