Ninja Gaiden 4 traz muita ação e se consagra como um dos jogos obrigatórios de 2025
Novo game da franquia mostra que a parceria entre o Team Ninja e a PlatinumGames deveria ocorrer mais vezes
Após os lançamentos de Ninja Gaiden II Black, Ninja Gaiden: Ragebound e Shinobi: Art of Vengeance neste ano, que muitos estão chamado (com razão) de “Ano do Ninja”, eis que finalmente chega o aguardado Ninja Gaiden 4, desenvolvido pelos estúdios Team Ninja e PlatinumGames com o apoio do Xbox Game Studios.
O mais recente título da consagrada franquia da Koei Tecmo nos apresenta um novo protagonista, chamado Yakumo, um ninja do Clã do Corvo. Esse clã é considerado a sombra do Clã Hayabusa, fazendo o “trabalho sujo” por trás dos bastidores para garantir que a sociedade continue evoluindo.
O Caminho do Ninja Prodígio
A história envolve uma criatura chamada Dragão das Trevas, um dos Dragões Divinos, que espalhou o caos pelo mundo. Embora ele tenha sido derrotado por Ryu Hayabusa, sua carcaça continua pairando sobre os céus de Tóquio, fazendo cair uma chuva amaldiçoada que inundou a cidade e a transformou num lar de criaturas sobrenaturais.
Hayabusa então passou a trabalhar em conjunto com a Ordem do Dragão Divino, uma organização militar que tomou conta da cidade e selou a carcaça do Dragão das Trevas. Apesar disso, Tóquio continua abandonada e infestada de demônios.
É aí que entra Yakumo. Visando cumprir a profecia de seu clã envolvendo o temível dragão, ele parte em uma missão para assassinar Seori, a sacerdotisa do Dragão das Trevas. Ao encontrá-la, ele é convencido por ela de que apenas revivendo e purificando essa criatura será possível acabar com ela de uma vez por todas.
Com um ar descontraído no seu modo de agir e falar, Seori acaba complementando bem a seriedade de Yakumo, cujo único objetivo é destruir o Dragão das Trevas de forma definitiva. Como isso envolve ressuscitá-lo, os membros da Ordem do Dragão Divino partem em seu encalço, sendo inclusive os primeiros adversários presentes no jogo, que também conta com diversos tipos de demônios que tentarão frustrar a missão do corajoso ninja do Clã do Corvo.
Jogabilidade frenética e brutal
Na jogabilidade, Yakumo começa inicialmente com Lâminas Duplas, mas à medida que você progride na história, novas armas vão sendo liberadas. Uma delas, que me chamou muito a atenção, chama-se Kage-Hiruko, que é um recipiente com vários armamentos distintos, oferecendo abordagem corpo a corpo e à distância. Cada arma de Yakumo tem habilidades próprias que você pode desbloquear, mas há também as chamadas Habilidades de Combate, aprendidas com o personagem Tyran, um mentor do Clã do Corvo, e que podem ser utilizadas livremente, independentemente da arma equipada.
As habilidades podem ser praticadas numa Sala de Treinamento, o que é recomendável em alguns casos para que você decore como utilizá-las e também aprenda os combos. Desviar e aparar na hora H é especialmente importante, pois permite contra-atacar com muita força, desde que você tenha as habilidades que permitam isso.
Outro aspecto importante do gameplay é a Essência de Sangue do Yakumo. Ela serve para ativar a Forma do Corvo Sanguíneo, transformando cada arma em uma versão mais poderosa dela, oferecendo novos tipos de ataques e permitindo quebrar a defesa de oponentes mais fortes, impedindo-os de realizar suas investidas mais poderosas, que vão dar trabalho se você não fizer uso desse poder especial. A Essência se regenera sozinha de forma gradual, mas também é possível acelerar o processo de regeneração atacando os inimigos e consumindo um item específico.
Misturar os ataques convencionais com os golpes da Forma do Corvo Sanguíneo abre um leque de muitas possibilidades nos combates, e você precisará disso quando estiver enfrentando chefes ou grupos de inimigos, caso contrário será rapidamente sobrepujado por eles. Sozinhos os inimigos não representam muita ameaça, mas em grupo eles são particularmente perigosos.
A interface tem um indicador de proximidade dos oponentes, servindo para que você saiba de onde eles estão vindo quando você estiver focado em um alvo. Há também um indicador de alerta para quando um oponente estiver prestes a realizar um ataque em você.
Além disso, Yakumo tem um medidor para utilizar seu ataque supremo. Quando ele estiver cheio, você pode apertar L3+R3 para entrar no Estado de Frenesi, deixando o personagem mais forte e com a possibilidade de efetuar Abates Sanguinários que matam os inimigos instantaneamente. Apertar L3+R3 novamente antes do medidor esvaziar, libera o Massacre Sanguinário, que destroi diversos inimigos na tela de uma só vez.
Os combates ocorrem de uma forma que você mal tem tempo de respirar. É necessário estar atento e ser rápido, fazendo uso de todas as cartas que você tem na manga. Em alguns momentos, inimigos terão partes do corpo decepadas, significando que você já pode dar neles o golpe de misericórdia, matando-os e fazendo jorrar sangue pelo cenário e até mesmo na tela, bem ao estilo do que você espera em um Ninja Gaiden.
Algo que me agradou muito é que a câmera em Ninja Gaiden 4 parece muito melhor do que aquela dos jogos anteriores, estando incluso nisso também o remake Ninja Gaiden II Black. Pouquíssimas foram as vezes onde me vi brigando com ela, com esta muito provavelmente sendo uma parte do resultado da contribuição da PlatinumGames na jogabilidade. Na verdade, só me incomodou o comportamento da função de travar a mira nos oponentes, pois às vezes eu queria travar em um, mas o jogo travava em outro.
As fases são, no geral, grandes, lineares e com ramificações, havendo alguns segredos escondidos em quase todas elas. Locais de interesse sempre estarão marcados pela cor amarela, um tipo de abordagem que parece ter virado padrão atualmente e que eu, sinceramente, considero desnecessário, pois para mim isso é tratar o jogador como idiota. Para saber onde deve ir para dar prosseguimento à missão principal, basta apertar e segurar R3, para que apareça um indicador mostrando isso.
Além disso, você pode comprar itens e obter missões opcionais no Terminal DarkNest, que também serve para curar Yakumo e conversar com Umi, uma hacker aliada do Clã do Corvo. Falando das missões, elas geralmente envolvem achar algum item ou coletável específico, e derrotar determinados inimigos.
Quanto mais você avança na história, maior vai ficando o desafio e mais surpresas vão aparecendo, como Ryu Hayabusa jogável e até mesmo a presença da sempre adorável Ayane. A exploração passa a ser mais dinâmica depois que você obtém o Arpéu, o Planador e a Prancha, com eles servindo para que Yakumo avance com mais agilidade. Explorar é essencial para encontrar baús com itens, acessórios equipáveis, os objetivos das missões secundárias e os portões do Purgatório, que são desafios opcionais onde quanto maior a dificuldade escolhida neles, maior a recompensa.
Por falar em dificuldade, caso ela esteja muito elevada, você pode jogar no nível “Herói”, onde o jogo fica consideravelmente mais fácil. Dito isso, se estiver ocorrendo o oposto e você achar o desafio fácil demais, dá até mesmo para desligar as habilidades obtidas, além de jogar no modo “Difícil”. Eu recomendo encarar o game pela primeira vez no nível “Normal”, para ter uma experiência mais balanceada.
Jogando com o Mestre Ninja
Quando você chega na parte de Ninja Gaiden 4 onde passa a controlar Ryu Hayabusa, e pode ficar tranquilo pois não darei spoilers do por que isso acontece, a jogabilidade muda um pouco. Hayabusa faz uso da sua fiel Espada do Dragão e de magias poderosas para dar cabo dos inimigos. Ele passa a sensação de ser mais forte do que Yakumo, tanto que inclusive consegui meu primeiro Rank SSS na campanha jogando com ele.
Ele também pode equipar acessórios como Yakumo e adquirir habilidades de arma, mas com ele as habilidades de combate só podem ser obtidas por meio de baús, fazendo a exploração das fases ser muito mais importante com ele.
O que me deixou um pouco decepcionado é que a maior parte dos locais e chefes das fases de Hayabusa são os mesmos de Yakumo, e sim, existe um motivo para isso, mas eu gostaria que tivessem fornecido algo diferente nesse aspecto.
Graficamente os cenários estão ok e o design dos personagens está fantástico. Quanto ao desempenho, Ninja Gaiden 4 está muito leve (ao menos no PC, que foi onde joguei), sendo possível até mesmo jogá-lo sem qualquer tipo de upscaling, caso sua máquina dê conta disso. Dito isso, recomendo ligar o upscaling para obter mais fps, especialmente se sua TV ou monitor tiver muitos hertz e puder tirar vantagem disso.
No momento da publicação desta análise, devo ressaltar que o DLSS estava incompleto no game, havendo nele apenas a opção de ligar e desligar. Não era possível configurá-lo para Qualidade, Equilibrado, Desempenho e Ultra Desempenho. Esse problema não ocorre no FSR, que está completo nesse sentido, mas apresenta qualidade visual inferior ao DLSS, não importando qual modo dele você escolher.
Terminando o game, você pode encarar tudo novamente no nível “Master Ninja”, onde o dano dos inimigos sobe de forma considerável. Também são liberadas as Provações, que são batalhas com condições especiais, o Ímpeto Suicida, que reseta sua saúde e habilidades de bloqueio aos níveis mais baixos e impede equipar acessórios, a possibilidade de usar Ryu Hayabusa em todas as fases, o compartilhamento dos inventários de Ryu e Yakumo, e a Seleção de Capítulo.
Por fim, terminar o jogo também permite obter um equipamento especial (não posso dizer qual para evitar spoilers), que você libera apenas ao vencer todas as Provações de Chefes da história principal.
Considerações
Ninja Gaiden 4 chega para fechar o “Ano do Ninja” com chave de ouro, nos brindando com um dos melhores jogos de ação da geração atual. Há algumas coisas onde ele poderia ser um pouco melhor, claro, mas a experiência no geral é ótima e extremamente divertida por conta de sua história, jogabilidade frenética e boa performance, me deixando esperançoso por mais projetos envolvendo o Team Ninja e a PlatinumGames.
O lançamento de Ninja Gaiden 4 será no dia 21 de outubro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series. Ele também poderá ser jogado via Game Pass Ultimate.
Esta análise foi feita no PC (Steam), com uma cópia gentilmente cedida pelo Xbox Game Studios.