Longe de ser um clássico, Double Dragon Revive traz os irmãos Lee de volta à luta
Novo game da famosa franquia tem bons momentos, mas é limitado por falta de ambição técnica e artística
Grande sucesso dos arcades e consoles 8 e 16-bits, Double Dragon (além de outros Beat'em ups) tem tido dificuldade em se manter como uma marca relevante no mercado de videogames.
A Arc System Works fez uma nova tentativa com Double Dragon Revive, e embora o game tenha evoluído em alguns aspectos da mecânica de jogo, ainda não foi dessa vez que os irmãos Lee protagonizaram um novo clássico da franquia de ação e luta.
De volta às ruas
Em Double Dragon Revive, ficou claro que a equipe da Arc System Works se esforçou em resgatar qualidades dos games mais antigos e manter as raízes da série. Apesar da trama ser nova, vários antigos vilões e capangas dos três primeiros games estão presentes, assim como vários ambientes e situações de fase remetem aos clássicos. Os cenários têm o tema pós-apocalíptico mais proeminente nos games de Arcade, ao mesmo tempo em que houve uma preocupação em quebrar a repetitividade da ação com momentos de plataforma que relembram particularmente as versões para o NES.
No geral, a equipe da Arc System Works fez um bom trabalho, com cenários de visual distinto uns dos outros, que evitam se repetir nesse aspecto. Ao mesmo tempo, foram mantidos vários detalhes que os fãs da velha guarda notarão.
A mesma preocupação em balancear passado com novidades é observada no Sistema de jogo. Billy e Jimmy Lee tem golpes característicos, como o tradicional chute giratório, ao mesmo tempo que ganharam novas opções de ataques e combos. Ainda que a câmera seja lateral como nos games antigos, a Arc System Works aproveitou o fato do jogo ser 3D para criar uma mecânica que aproveita os cenários para aumentar o poder dos ataques.
A depender do que estiver presente na tela, o jogador pode ativar um golpe "artifício" que aciona animações especiais, como bandidos que são fechados em lixeiras, jogados para dentro de carros, e até mesmo ativar roletas em um cassino. Também é possível arremessar os inimigos em buracos ou contra cercas elétricas para obter dano extra.
Os personagens têm estilos de luta distintos entre si, e diferentemente de alguns jogos antigos, jogar com Billy e Jimmy Lee não é a mesma coisa. Marian também não se limita ao papel de uma donzela a ser resgatada, tendo se tornado uma personagem jogável com seus próprios golpes e técnica inspirada na Sosetsuken dos irmãos lutadores.
O Ninja Hanzou, original de Double Dragon 3, também é jogável e tem um estilo de jogo mais rápido e distinto dos outros personagens. Essa variedade se torna ainda mais interessante no modo para dois jogadores, uma vez que as diferenças de forças e fraquezas dos personagens podem se complementar em algumas lutas difíceis, que estão mais presentes no final do game.
Falta de ambição
Infelizmente, apesar dessas qualidades e de apresentar desafios interessantes em sua campanha, Double Dragon Revive foi bastante limitado por uma falta de ambição técnica e artística por parte da Arc System Works. Visualmente, Double Dragon Revive é apenas razoável para o padrão atual e é marcado por uma irregularidade gráfica geral. Uma mesma fase pode ter alguns locais bonitos e outros dignos de jogos indies iniciantes. Além disso, alguns chefes tradicionais como Abobo e Roper, apresentam um design pobre e genérico, que os faz parecerem versões aumentadas dos capangas comuns presentes nas fases.
A versão para Switch sofre ainda mais, com visuais bastante simplificados em relação às demais versões, chegando a ficar realmente feio em alguns locais que exibem texturas de baixa resolução e tiveram a qualidade prejudicada por ausência de efeitos gráficos. Essa versão também parece ter sofrido um impacto de performance, pois parece rodar a 30 fps, e até o momento não recebeu nenhuma melhoria ao rodar no Switch 2.
Considerações
Lançado em 1987, Double Dragon foi um marco dos videogames ao criar um novo gênero de jogo, o "belt scrolling action", em que o jogador enfrenta hordas de bandidos em ambientes mais ou menos abertos. A franquia teve sucesso durante a década de 1980 até meados dos anos 1990, quando entrou em decadência. Desde então, houve algumas idas e vindas, entre títulos que tentaram ecoar os clássicos do passado e outros que tentaram trazer novidades.
Double Dragon Revive, como seu título diz, tenta reviver a era de ouro da franquia, entregando um game que tem seus bons momentos e é limitado por falta de ambição técnica e artística. A versão para Switch, em particular, é ainda mais limitada técnicamente, com gráficos pobres e execução geral apenas razoável.
É possível jogar Double Dragon Revive no PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series.
Esta análise foi feita no Switch, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Arc System Works.