Dragon Quest Monsters: The Dark Prince chega ao PC com altos e baixos
Jogo apresenta jogabilidade viciante, mas peca na história
Dragon Quest é uma série com tantos spin offs, que mesmo os fãs mais fervorosos precisam separar o joio do trigo na hora de se aventurar fora dos trilhos da linha principal da franquia. Há muita coisa boa, como a série Builders e também várias pérolas que mal merecem o nome que carregam.
Monsters é uma dessas linhas paralelas que tinham passado por baixo do meu radar até agora, com seus jogos anteriores todos em portáteis e um hiato de quase uma década. Depois de ter sido lançado para Switch em dezembro de 2023, Dragon Quest Monsters: The Dark Prince foi disponibilizado em setembro deste ano no PC, onde tive a oportunidade de jogar. Fico feliz em dizer que esse é um dos spin offs legais e que, mesmo com defeitos e uma história bem em segundo plano, tem um gameplay viciante de captura e evolução de monstros.
Ambientação Saudosista
Um dos detalhes mais legais de DQM: The Dark Prince é que a ambientação foi toda feita no universo de Dragon Quest IV. Esse capítulo da série não é nem de longe um dos mais famosos e não teve relançamentos modernos, mas conta com alguns dos personagens mais legais da saga, como o garoto meio monstro e meio humano Psaro. No Dragon Quest IV original ele era um dos grandes vilões da trama, mas aqui é o protagonista em busca de vingança.
A chamada para a aventura aqui é bem dramática e triste. Psaro perde a mãe para um doença e é culpado pelos aldeões pelos desastres locais graças ao seu sangue meio monstro. O garoto culpa o pai pelo abandono, o rei dos demônios no reino de Nadiria e parte em busca de vingança. Fraco, é humilhado pelo seu velho e recebe uma maldição que limita seus poderes. Para concluir sua vingança, decide então comandar um time de monstros e treiná-los até ficarem fortes o suficiente para acabar com o pai e a humanidade que também odeia.
Embora no mesmo universo, essa história não é um extra para quem jogou o original. Na verdade, ela rola de uma maneira alternativa. Há pontos em comum e uma linha do tempo parecida, mas vários desfechos são originais, incluindo o final, totalmente diferente.
Os novatos que não jogaram o quarto capítulo da saga vão perder algumas referências, especialmente quando se fala dos personagens do original, mas vão conseguir ir até o final tranquilamente. Até porque a história aqui só serve de pano de fundo para o gameplay e, embora longa, de mais de 40 horas, raramente exerce aquele gostinho de quero mais ou expõe algum mistério que vai te deixar encucado.
Gameplay viciante
Se a história é bem fraquinha e tenta se agarrar no saudosismo, o gameplay por sua vez é o grande destaque do título. Se você já experimentou algum jogo de captura de monstrinhos, provavelmente todo mundo já se divertiu em Pokémon, então vai se sentir em casa com a parte mais simples do combate. No entanto, há muito para se explorar para quem quiser ir mais fundo e tentar criar um time de monstros poderosos e raros.
O sistema de captura é a parte simples do design. Aqui você precisa apenas convencer um monstro a entrar no seu time e isso se dá pela força. Há um medidor de porcentagem de convencimento que aumenta ou diminui de acordo com o time que está em campo no momento - pode se levar até quatro monstros por vez e mais uns reservas que não entram nessa conta. Se o jogador tiver sucesso nesse convencimento, o monstro entra imediatamente para o grupo.
Já o combate pode ser abordado de várias formas. Há a forma clássica, a la Pokémon, onde você controla as ações dos seus monstros turno a turno, escolhendo quem ataca quem e com qual ataque. No entanto, a que mais usei foi a automática, que deixa os seus monstros escolherem quem atacam e como, de acordo com algumas direções que você passou antes das batalhas. Dá para encarregar um monstro de atacar o adversário mais fraco, dar buffs para os aliados ou mesmo ficar responsável só pela cura. A batalha assim corre de forma mais dinâmica e a repetição fica muito mais tolerável.
Capturar monstros é simples e intuitivo
No coliseu, o grande centro de batalhas entre treinadores e onde a história avança em diversos momentos, não dá para usar a batalha automática, então o jogo fica bem balanceado nesses dois pontos.
A parte realmente complexa do jogo começa quando você foca em deixar o seu time poderoso. Cada monstro tem de duas a três árvores de habilidade e o treinador decide como gastar pontos nela à medida em que vai ganhando nível com os comandados. Isso por si só já é um baita elemento de RPG, principalmente por conta do bestiário contar com mais de 500 monstros para capturar, mas ainda dá para fundir os monstrinhos.
A fusão se dá de forma simples, entre apenas dois monstros, mas abre uma série de leques novos para evoluir. Quando monstros com árvores robustas de habilidades são fundidos, ganham versões mais avançadas dessas árvores, deixando seu potencial ainda maior. Monstros criados dessa forma são os que possuem três árvores, o que instiga o jogador a usar o recurso cada vez mais.
Esses dois sistemas, uma mistura de Pokémon com Persona/Shin Megami Tensei, geram uma diversão de horas e horas. O loop de ir para uma nova área, capturar o máximo de monstros e então voltar para o laboratório quase como um cientista louco para misturá-los é viciante. A cereja do bolo é então sair novamente e testar essas novas formações, é possível ter até quatro delas prontinhas, seja contra outros monstros poderosos e raros do mundo ou contra chefes dos Echelons e da Arena.
Sem localização
O grande lamentar aqui é a falta de uma localização na nossa língua. O jogo é cheio de pormenores e tem muitas partes de texto sem se quer cutscenes. Isso faz com que, inevitavelmente, o jogo tenha menos apelo no nosso país.
Dragon Quest é uma série que sempre teve dificuldades com o ocidente e localizar a franquia para o nosso país seria certamente um primeiro passo para mais popularidade aqui. Quem sabe o XII venha com essa opção e aumente o número de fãs no Brasil.
Conclusão
Dragon Quest Monsters: The Dark Prince tem altos e baixos, mas o gameplay viciante carrega a aventura e o faz digno tanto do nome quanto de um bom jogo de captura de monstrinhos. Após anos de hiato, dá para dizer que é um retorno digno, que traz dezenas de horas de diversão para quem é fã da saga ou novato buscando algo diferente para jogar.
Dragon Quest Monsters: The Dark Prince está disponível para Android, iOS, PC e Switch.
Esta análise foi feita com uma cópia do jogo para PC gentilmente cedida pela Square Enix.
Para saber mais sobre a versão do game para Switch, leia nossa análise a respeito, publicada em 2023.