Mara Casares se pronuncia após denúncia no São Paulo: 'Áudio tirado de contexto'
Ela e Douglas Schwartzmann estão licenciados dos cargos na direção após áudios de venda ilegal de camarotes no MorumBis
Mara Casares, agora licenciada da Diretoria feminina, cultural e de eventos do São Paulo, se pronunciou sobre o vazamento de áudios em que ela e o então diretor-adjunto de futebol de base, Douglas Schwartzmann, negociavam a comercialização clandestina de camarotes no estádio do MorumBis em dias de shows.
Em post no Instagram, a ex-mulher do presidente Júlio Casares diz que o áudio foi tirado de contexto e "traz uma conotação que não reflete a verdade dos fatos nem a minha intenção".
"Em nenhum momento houve benefício pessoal". Não tive ganho próprio de nenhuma natureza. Minha consciência está absolutamente tranquila., escreveu a diretora licenciada.
Mara reconhece uso de "expressões inadequadas", mas diz que se tratam de falas isoladas e que "não representam da conversa, nem o propósito da ligação".
"A conversa teve como único objetivo resolver uma situação pontual entre terceiros, sempre pensando na proteção da instituição", disse. "Repudio de forma veemente qualquer afirmativa ou insinuação sobre a existência de 'esquema de venda de ingressos'. Essa narrativa não condiz com a realidade e será devidamente esclarecida e provada no momento oportuno.", completa.
Ainda segundo Mara, o licenciamento foi a decisão tomada para que ela possa se dedicar integralmente aos esclarecimentos necessários. "Reafirmo: estou totalmente à disposição para quaisquer esclarecimentos, com tranquilidade, responsabilidade e compromisso com a verdade.".
O São Paulo, por meio de nota, disse que irá apurar os fatos e tomar as medidas necessárias. Áudios revelados pelo ge mostram Schwartzmann relatando que Mara Casares recebeu do superintendente Marcio Carlomagno o camarote e comercializou ingressos do show da Shakira, em fevereiro deste ano. Carlomagno é o nome forte de Julio Casares para a sucessão eleitoral no pleito de 2026.
Ainda segundo revelou o áudio, o uso do camarote havia sido repassado a Rita de Cassia Adriana Prado, uma intermediária. Ela teria vendido ingressos que chegaram ao preço de R$ 2,1 mil.
Foi Adriana que, por meio da empresa The Guardians Entretenimento Ltda., entrou com uma ação na Justiça contra Carolina Lima Cassemiro, da Cassemiro Eventos Ltda. No processo, ela diz que Carolina tomou ingressos do camarote. A proprietária da Cassemiro Eventos nega e diz ter sido enganada.
Quando o caso parou na Justiça, Schwartzmann e Mara passaram a pressioná Adriana para retirar a ação antes que o caso fosse descoberto. O camarote que motivou a gravação e um processo judicial foi o "3A", no setor leste do MorumBis. Em documentos do São Paulo, o local é denominado como "sala presidência".
O estatuto do São Paulo prevê penas para sócios do clube que cometerem infrações. As possíveis punições englobam advertência, suspensão, indenização, perda de mandato, inelegibilidade temporária e afastamento definitivo.
O Regimento Interno do clube paulista ainda diz que "causar dano à imagem do SPFC, em qualquer condição ou no exercício de qualquer cargo pertencente aos poderes do SPFC" é passível de suspensão de 90 a 270 dias. A pena pode ser maior caso o associado ocupe algum dos poderes.
A oposição são-paulina já se mobilizou em carta ao presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres. É pedido que Júlio Casares seja afastado imediatamente. Olten também é um dos nomes que deve concorrer nas eleições do clube em 2026.
Para que o pedido seja encaminhado ao presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres, são necessárias assinaturas de ao menos 20% conselheiros, isto é, de 52 membros do Conselho.
Ainda antes de toda revelação do suposto esquema, outros 41 conselheiros haviam assinado uma carta a Olten cobrando uma renúncia imediata de Casares.