Rival pela 1ª vez, Real quis Neymar desde os 13 e topou R$ 33 milhões/ano
Barcelona x Real Madrid se enfrentam neste sábado. Neymar, que estreia no Super Clássico, por muito pouco não vestiu merengue em vez de azul-grená
Aos 14 anos, pela primeira vez, em 2006. Depois aos 18 anos em 2010. Mais recentemente, em junho, aos 21 anos. Foram ao menos três, em momentos bastante diferentes, as investidas sérias do Real Madrid para ter Neymar. Procurador do atacante desde a pré-adolescência, Wagner Ribeiro foi um personagem importante nas tentativas do presidente Florentino Pérez. Todas elas, porém, fracassadas.
Às 14h (de Brasília) deste sábado, o Barcelona recebe o Real Madrid e Neymar, em seu primeiro Super Clássico, estará vestido de azul-grená. Uma história que esteve bem perto de ter desfecho distinto, mas esbarrou fundamentalmente na vontade do atacante. Ora em seguir com o Santos, ora em perceber que tinha muito mais a ver com os barcelonistas que com os madridistas.
Ato 1: Santos paga R$ 1 milhão para tirar Real da jogada aos 14 anos
Não foi fácil, porém, dizer não tantas vezes. Depois de negociar Robinho com o Real Madrid, em 2005, e estreitar seus laços com Florentino, Wagner Ribeiro conseguiu um estágio para o então destaque do time mirim do Santos. Neymar chegou a Madri e mostrou o futebol que mostra até hoje. Dani Carvajal, hoje lateral direito do próprio Real, era seu colega de equipe na ocasião.
Impressionado com Neymar na época, o Real queria contratá-lo e ofereceu até emprego aos pais do jogador para que a transferência pudesse ser formalizada. O jogador havia acompanhado Real Madrid x Deportivo La Coruña no Santiago Bernabéu, bem próximo a Florentino Pérez. "Parecia um sonho, mas é realidade", disse à época para a ESPN Brasil. "Não há como negar que ficamos deslumbrados", também admitiu Neymar pai.
Foi quando o então presidente, Marcelo Teixeira, tomou atitude ousada para impedir o negócio. Neymar, aos 14 anos, ganhou luvas que nem mesmo jogadores profissionais de alto nível costumam receber. "O Santos tinha uma joia rara. Fizemos uma mágica a ponto de oferecer ao jogador um novo contrato muito alto e demos a ele R$ 1 milhão. Internamente, os diretores não concordavam. Mas chamei a responsabilidade para manter", disse Teixeira, que assim tirou o Real da jogada, ao Terra.
Ato 2: Neymar leva os primeiros títulos e Real investe, mas Santos não vende
As luvas pagas a Neymar foram o primeiro capítulo de uma série de concessões que o clube fez ao longo dos tempos para não perdê-lo. Os passos seguintes foram a cessão de direitos econômicos, já como jogador profissional. Em 2010, depois de ganhar seus primeiros títulos, o Paulista e a Copa do Brasil, ele voltou a atrair o Real Madrid.
"Há três anos houve uma possibilidade de contratá-lo", disse Florentino Pérez recentemente. "Tentamos aproveitar, mas o Santos não o deixou sair. Parece um magnífico jogador. Se tivesse podido contratá-lo em condições que não alterassem o ecossistema do clube, teríamos feito isso", comentou em entrevista à emissora de rádio espanhola Cadena Ser.
Ato 3: Real topa pagar cerca de R$ 30 milhões por ano, mas Neymar prefere o Barça
A temporada ruim do Santos e a constante pressão para que fosse negociado selaram, já nos primeiros meses de 2013, a decisão de Neymar sair enfim da Vila Belmiro. Entre as propostas de clubes europeus, duas em especial mexeram com ele: exatamente os clubes que se enfrentam neste sábado, no Camp Nou.
Sabedor de que o Barcelona era o preferido por Neymar, o Real Madrid topou pagar quantia superior. A oferta catalã era de aproximadamente 7 milhões de euros (R$ 21 milhões por ano), e o Real elevou seus valores a 11 milhões de euros (R$ 30 milhões). Além dos salários, ofereceu impostos mais baixos, o que era uma brecha na legislação de Madri, e pôs uma mansão à disposição.
Entre os fatores que fizeram Neymar escolher o Barcelona, o principal foi a possibilidade de atuar ao lado de jogadores que admira, como Messi e Iniesta, e no clube que projetou quatro brasileiros ao prêmio de melhor do mundo. A opção, por outro lado, deixou Wagner Ribeiro em dupla saia justa. Desde 2006, o agente trabalhava para levá-lo ao Real Madrid, mas não obteve sucesso e gerou ressalvas no Camp Nou e no Bernabéu.
Prevaleceu, como em todos os casos, a vontade de Neymar. Vontade de ser Barcelona, e não Real Madrid.