Demissão? Antecessor e até reação de 2004 seguram Fernandes
O técnico Marcelo Fernandes não conseguiu encerrar a série negativa pelo Santos no 2 a 2 com Atlético-MG, mas deve ser mantido no cargo, ao menos até o clássico contra o Corinthians, no próximo dia 20. Apesar dos seis jogos sem vencer, o treinador ainda não superou a marca negativa de seu antecessor, Enderson Moreira. Além disso, um saudosismo pelo início de campanha similar a de 2004, ano do último título santista, diminui a sensação de “caso perdido” com o treinador.
Enderson atingiu nove jogos sem vitórias, entre outubro e novembro do último ano, e foi mantido no cargo mesmo sob pressão. Na ocasião, colaborou o fato de o treinador levar o Santos até a semifinal da Copa do Brasil, além da falta de opções no mercado.
O jejum só foi encerrado na penúltima rodada do Brasileiro e Enderson acabou mantido para 2015, também pela ausência de nomes que agradassem a nova diretoria. O bom início de campanha no Estadual, recuperando um grupo aparentemente fragilizado, é lembrado internamente, apesar da demissão por desgastes de relacionamento.
Com Fernandes, o efeito é similar. Nomes como o de Gilson Kleina e Guto Ferreira, sugerido nos bastidores, causaram rejeição aos santistas. Marcelo Oliveira, por sua vez, bicampeão com o Cruzeiro, tem pedida superior ao teto salarial do clube e está próximo de ser anunciado pelo Palmeiras.
Desde que foi campeão paulista, o treinador comandou a equipe em dez partidas e conquistou duas vitórias, uma delas contra o modesto Maringá-PR, pela Copa do Brasil.
O Santos somou apenas sete pontos nas sete primeiras rodadas, 33,3% de aproveitamento. Em 2004, o desempenho era ainda pior: seis pontos e 28,5% de aproveitamento. A ressalva é que a competição contava com 24 clubes, portanto seis rodadas a mais que a competição atual. A equipe embalou ainda no primeiro turno uma série de sete vitórias consecutivas comandadas por Robinho e Elano.
“Sou suspeito para falar (do esforço dos atletas). Estão todos preocupados com a situação da comissão, por não estar ganhando e, ao mesmo tempo, por mim. Sinto isso. Mas independentemente de qualquer coisa, eles têm de jogar por eles, não merecem passar por isso. Estão com muita vontade, sabem que a nossa pontuação é pífia, mas a torcida vê uma cara nova. Mesmo com um empate, mostramos que temos vontade e gana, fico orgulhoso de trabalhar em uma equipe como essa”, disse o treinador.
O Santos, agora, tem dez dias para se preparar para o clássico e tentar recuperar alguns dos titulares: o zagueiro David Braz e o volante Renato são as principais esperanças. O treinador, no entanto, já sabe que não poderá contar com o seu principal nome em meio a ausência de Robinho: o meia Lucas Lima, que está suspenso.