Professora coleciona histórias de transformação por meio do esporte na Amazônia
Projeto Esporte na Cidade celebra 14 anos com educação e cidadania para crianças e adolescentes no Pará.
Enquanto Belém ganhou destaque no noticiário internacional como sede da COP-30, o olhar global se voltou para a Amazônia. Em Terra Santa, Faro e Porto Trombetas, no Pará, a transformação social é um objetivo, há 14 anos, do projeto “Esporte na Cidade”, realizado pela organização social De Peito Aberto (DPA) com patrocínio da Mineração Rio do Norte, da Elo, da White Martins e da Itaipu Norte, empresa do Grupo WLM, por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
Atualmente, a iniciativa atende 100 alunos em Terra Santa, 50 em Faro e 100 em Oriximiná (Porto Trombetas) entre 7 e 17 anos, com aulas gratuitas de iniciação esportiva e atividades de convivência que reforçam a permanência na escola. O núcleo de Terra Santa é um dos mais antigos do país e simboliza a atuação da De Peito Aberto na Região Norte, em paralelo com as ações em Faro, Porto Trombetas e Barcarena, todas cidades paraenses. As modalidades contempladas são futsal, handebol, basquete e vôlei.
A professora Simone Rego, de 46 anos, acompanha o projeto desde a primeira turma e percebe a transformação da comunidade.
“Quando cheguei, era uma área marcada pela violência e pela falta de perspectiva. Hoje, as crianças têm objetivos. Querem estudar, trabalhar e mudar de vida. O esporte abriu horizontes e uniu comunidades que antes viviam em conflito”, diz a educadora.
As histórias de superação se multiplicam. Simone lembra com emoção dos primeiros alunos que conseguiram chegar à universidade — e até de gerações que se reencontraram dentro do projeto da De Peito Aberto.
“Quando os primeiros alunos se formaram na faculdade, foi uma emoção para mim. Assim como quando a primeira filha de uma ex-aluna veio se matricular. Tive uma aluna que deu muita dor de cabeça, mas saiu transformada. Ela fazia bullying, era agressiva. Mas evoluiu, mudou. Agora, quer se formar em Educação Física. Hoje, fala: ‘Quero ser como a senhora. Quero transformar vidas’. Nessas horas, sentimos que nosso trabalho vale a pena”, conta Simone.
O projeto desperta nas crianças o olhar para o futuro, bem como o orgulho da Amazônia e o sentimento de pertencimento à região.
“No dia a dia, pode parecer algo normal nas vidas dessas crianças, mas elas crescem entendendo que viver aqui é um privilégio e que é preciso cuidar do que temos. Mesmo sem perceber, tornam-se defensoras da nossa região”, afirma.
Em 14 anos, o Projeto Esporte na Cidade já atendeu mais de 4.800 mil crianças e adolescentes na região amazônica, contribuindo para sua formação social, por meio de atividades de desporto educacional.
Com 19 anos de história, a De Peito Aberto já beneficiou mais de 67 mil crianças e adolescentes em todo o Brasil, com projetos apoiados por grandes empresas parceiras via Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
Durante a COP-30, o diretor-presidente da DPA, Wenceslau Madeira, integrou a delegação brasileira em Belém, reforçando o compromisso da instituição com o desenvolvimento humano e social da Amazônia.
“É uma honra fazer parte do maior evento global sobre mudanças climáticas, levando nossa missão de transformação social através do esporte e da educação. Na De Peito Aberto, acreditamos que cuidar das pessoas da Amazônia significa cuidar também do meio ambiente. A transformação social e o carinho com nossas crianças é o que garantirá o futuro sustentável dessa região tão valiosa do nosso país”, afirma Madeira.