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Palmeiras investe alto, mas vê reforços fracassarem em 2019

Clube gastou cerca de R$ 140 milhões, atrás apenas de Flamengo, e corre o risco de terminar temporada sem ter conquistado algum título

12 out 2019 - 16h11
(atualizado às 18h53)
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Clubes mais ricos do Brasil, Palmeiras e Flamengo foram os que mais investiram em contratações para a temporada. Enquanto o Rubro-negro desembolsou cerca de R$ 180 milhões e viu os reforços corresponderem em campo, com o título do Campeonato Carioca, a liderança do Campeonato Brasileiro e com a equipe na semifinal da Libertadores, o Alviverde gastou quase R$ 140 milhões, caiu em todos os campeonatos e teve poucos atletas que se firmaram como titulares. Alguns, inclusive, já deixaram a equipe.

A falta de resultados do Palmeiras deixou a torcida insatisfeita com o elenco e principalmente com o diretor de futebol Alexandre Mattos, que passou a ser alvo da maior organizada do clube. Há menos de três meses do final do ano, o Alviverde vê seu projeto esportivo para a temporada indo por água abaixo.

Mesmo com a irregularidade apresentada em campo durante a temporada, Mattos continua com prestígio dentro do clube. Entre os cartolas mais próximos à presidência, a avaliação é de que Mattos errou, mas o projeto proposto por ele para o Palmeiras é vencedor. Dessa forma, ele é peça fundamental na sequência do segundo mandato do presidente Maurício Galiotte, que termina no final de 2021.

Internamente, os dirigentes ainda falam que o planejamento para a próxima temporada terá "correções e alinhamentos" para que o que for considerado como erro em 2019 não se repita nos próximos anos. A ordem para Mattos, para o gerente de futebol Cícero Souza e para o técnico Mano Menezes é trabalhar.

Publicamente, Mattos admitiu que uma mudança no perfil dos próximos reforços "uma hora vai acontecer". De acordo com o diretor, a ideia é melhorar o elenco com contratações pontuais para 2020. Nesta temporada, por exemplo, muitas apostas foram em jogadores pensado a médio prazo, para os próximos anos.

"O Palmeiras, talvez por planejamento, por estruturar isso, gera expectativa e somos cobrados um pouco acima do normal. O que pagamos hoje para os jogadores os outros também pagam. Se você for no Inter, Cruzeiro, Grêmio ou Flamengo, eles pagam a mesma coisa e estão de parabéns. As equipes estão se organizando e temos que parabenizar todas", disse Mattos, após a eliminação do Palmeiras na Copa Libertadores da América.

Dos dez jogadores que demandaram investimento do Palmeiras para esta temporada, dois já estavam no elenco alviverde. O clube comprou os laterais-direitos Marcos Rocha e Mayke, que estavam emprestados pelo Atlético-MG e Cruzeiro, respectivamente.

Dos outros oito jogadores, os que podem ser considerados titulares são apenas os zagueiros Gustavo Gómez e Vitor Hugo. O meia Zé Rafael chegou a assumir a posição com o técnico Luiz Felipe Scolari, mas tem sido reserva com Mano Menezes. O volante Matheus Fernandes e o atacante Carlos Eduardo não têm espaço, enquanto o meia colombiano Angulo vinha alternando entre o time sub-20 e o elenco profissional. Os atacantes Felipe Pires e Arthur Cabral deixaram o clube no meio desta temporada.

Em relação aos jogadores que foram contratados "sem custos", o meia Ricardo Goulart já retornou ao Shandong Luneng, da China, o volante Ramires faz trabalhos para ficar 100% fisicamente, o atacante Henrique Dourado nem sequer estreou e, por fim, Luiz Adriano assumiu a posição de titular como centroavante.

"Achar que está tudo errado? Não. Vamos fazer manutenção de elenco e melhorar. Ou contratamos caras para jogar de imediato, outras vezes por oportunidade de mercado, outros para preparar para o futuro, outro para criar desconforto no titular. Algumas vezes é para o cara crescer depois, com o tempo. É óbvio que tem que melhorar, não acho que a manutenção do elenco tem sido um erro", defendeu Alexandre Mattos.

O caso de Luiz Adriano é um que serviu como crítica para a diretoria palmeirense. Após a saída de Gabriel Jesus, no fim de 2016, o clube demorou para achar um jogador para a posição. Borja e Deyverson foram contratados, mas não se firmaram. No início deste ano, o Palmeiras foi ao mercado e contratou o jovem Arthur Cabral em vez de um centroavante que já chegasse para ser titular. Ao todo, a diretoria gastou quase R$ 60 milhões até contratar Luiz Adriano no meio desta temporada sem custos, arcando "apenas" com salários e comissões, enquanto o Spartak Moscou da Rússia, permaneceu com 50% dos direitos econômicos do atacante.

Com exemplos próprios e também no Flamengo, que foi ao mercado em busca de jogadores pontuais, o Palmeiras espera acertar nas escolhas para a próxima temporada. Mattos diz que ainda não é hora de pensar em 2020, mas a diretoria já trabalha com a comissão técnica comandada por Mano Menezes para suprir as necessidades apontadas neste ano. Um atacante de lado de campo deve ser prioridade do Palmeiras na próxima janela de transferências.

Análise: Pedro Daniel, líder de esportes da consultoria Ernst & Young

"O Flamengo e o Palmeiras são os mais ricos do Brasil por motivos distintos. São planejamentos também distintos. O Flamengo é o maior faturamento com cota de televisão e está nesse ciclo virtuoso há algum tempo. O clube passou por uma reestruturação de 2013 pra cá e foi potencializado por boas vendas de atletas, como o Vinícius Júnior e o Paquetá. Tudo isso deu um fluxo de caixa para investir e ter essa vantagem em relação aos outros clubes.

O Palmeiras entrou em um ciclo virtuoso porque é quem mais fatura com bilheteria no Brasil e tem também o maior patrocínio (a Crefisa). O clube ainda teve algumas vendas nesses últimos anos.

Por esses motivos, Flamengo e Palmeiras são os dois clubes que têm vantagens competitivas em relação aos outros. Fica claro pelo que é gasto nas janelas de transferências e pelo custo do departamento de futebol dos dois que tem um patamar diferenciado. É porque tem receita para fazer esse investimento.

Sobre se a diferença pode aumentar ou diminuir, como todo mercado no mundo, ocorreu uma concentração de renda nos clubes brasileiros. Aqui não existem mais 12 clubes disputando o Campeonato Brasileiro. Fica muito claro que são no máximo seis clubes. E Flamengo e Palmeiras são favoritos por terem esse custo mais alto que tende a trazer melhor performance. Esse cenário já vem acontecendo há alguns anos. Para os outros clubes, é possível alcançar um patamar desse, mas Palmeiras e Flamengo largaram na frente, e o mercado não espera.

O Flamengo já tem uma gestão financeira que consegue ser pontual e trazer com menos riscos, jogadores mais conhecidos, que já foram testados. Os jogadores mais conhecidos acabam trazendo retorno em publicidade. Com um titular da seleção brasileira, como o Filipe Luis, você ganha mercado. Com um treinador que já trabalhou na Europa, como o Jorge Jesus, também ultrapassa fronteiras, como a venda de jogos para transmissão em Portugal. O clube fica mais atrativo comercialmente, e isso faz parte desse ciclo virtuoso."

Estadão
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